O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, exonerou o comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, ontem. Nomeado por Lula ainda durante o governo de Jair Bolsonaro, Arruda assumiu em 30 de dezembro de 2022, o que faz dele o chefe da Força Terrestre que menos tempo passou no cargo desde o fim do regime militar – foram apenas 23 dias. Segundo apurou a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a demissão do comandante se deu por um acúmulo de fatores, como a recusa de Arruda em permitir prisões no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército após os ataques na Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro e sua resistência em exonerar o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como “coronel Cid”.
O general exonerado foi substituído pelo então comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, que é amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, rechaçou a possibilidade de um golpe após a eleição de Lula e chegou a ser chamado de “melancia” por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em toda a redemocratização, apenas dois outros comandantes do Exército chegaram a ficar menos de um ano no cargo, ambos indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Foram eles Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que chefiou a força por pouco mais de 11 meses, entre 20 de abril de 2021 e 31 de março de 2022, e Marco Antônio Freire Gomes, que o sucedeu por nove meses, até 30 de dezembro, quando foi substituído por Arruda.
Há outra passagem relâmpago no comando da Força durante o período da ditadura militar. O general Vicente de Paulo Dale Coutinho foi nomeado à chefia do Ministério do Exército, nomenclatura anterior do cargo, no início do governo de Ernesto Geisel, em 15 de março de 1974, mas ocupou a posição por menos de dois meses, falecendo no dia 27 de maio do mesmo ano.