O presidente da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas (Abracrim) Sheyner Asfóra, repudiou as ofensas proferidas pela catarinense Adriana Borba, noiva do jogador Léo Campos, do Botafogo, da Paraíba, contra o sotaque, os costumes e o jeito de andar do paraibano. Adriana publicou uma série de vídeos curtos em seu perfil no Instagram em que fazia comentários irônicos, chegando a apagá-los depois da péssima repercussão. Na sequência, gravou um vídeo juntamente com o noivo pedindo desculpas ao povo paraibano e ressaltando que não agiu para ofendê-lo.
Sheyner reforçou que ela seja ouvida pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB). “Ela deve ser intimada pelo Ministério Público para que preste declarações no sentido de explicar a sua fala, que denota preconceito com o povo paraibano e nordestino, o que pode, e precisa de uma apuração de todo o contexto, configurar xenofobia que equivale ao crime de racismo a determinado grupo ou coletividade nos termos da Lei 7.716/1989 – destacou Sheyner Asfóra.
Ontem, o Ministério Público da Paraíba se manifestou a respeito da fala de Adriana Borba e confirmou a abertura de um procedimento para investigar possível crime de racismo cometido. A investigação vai ser realizada pela promotora de Justiça Liana Carvalho, do Núcleo de Gênero, Diversidade e Igualdade Racial do Ministério Público. Em novembro, o Superior Tribunal de Justiça passou a considerar como crime de racismo os atos que discriminam brasileiros que vivem no Nordeste. Previsto na Lei 9.459/97 enquadra aqueles que praticam discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Quem comete xenofobia é passível à reclusão de um a três anos e multa.
No vídeo publicado nas redes sociais, Adriana diz: “A gente vai sozinho no mercado e não tem com quem ir, nem com quem debochar”, se referindo aos paraibanos que ela teria observado em um supermercado. Ela chega a imitar o sotaque paraibano e se diz irritada com o modo de falar e o arrastar dos pés das pessoas na Capital paraibana.