Nonato Guedes
Reeleito e empossado para um novo mandato de quatro anos, o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB) tem se credenciado no cenário político regional e nacional desde a sua escolha para presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, o Consórcio Nordeste, espécie de Forum de gestores da região com interlocução privilegiada junto ao Palácio do Planalto e ao Congresso Nacional, representado pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. O prestígio de João tornou-se redobrado nessas esferas de poder com sua participação, agora, no Conselho da Federação e Consórcios Públicos. Ele passa a ser um porta-voz do Nordeste no Fórum, que se pretende permanente, de diálogo com representações dos governos federal, estaduais e municipais.
A dimensão do Conselho da Federação pode ser medida pela presença do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Aliás, foi Padilha quem anunciou a indicação do governador paraibano, explicando que o governo federal iniciou a abertura de diálogo com os governos estaduais na última sexta-feira, por ocasião da reunião do presidente Lula com governadores de todo o País. Na oportunidade, o Palácio do Planalto recebeu relatórios entregues pelos gestores com encaminhamento de obras prioritárias para cada Estado. A ação foi interpretada como marco da retomada das relações republicanas entre os entes federativos, possibilitando a viabilização de obras e ações estruturantes com o apoio da gestão central. A “Carta de Brasília” também reafirmou compromissos com o Estado Democrático de Direito no país e a estabilidade institucional e social brasileira.
O governador João Azevêdo, pode-se dizer, entrou no seu segundo mandato à frente do Executivo paraibano com o pé direito e com sua cotação em alta nas instâncias de poder nacionais e da região. No governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), a Paraíba foi discriminada pelo Planalto e o seu governador tratado pejorativamente pelo então chefe da Nação, que não demonstrou qualquer interesse em manter relação institucional com Estados, principalmente do Nordeste. O comportamento de Bolsonaro foi uma represália contra o próprio Nordeste, dada a preferência manifestada pelo PT já na eleição de 2018 em que o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disputou o segundo turno contra Bolsonaro e perdeu. O Planalto não deixou de atender os Estados nordestinos nas chamadas demandas formais, como o repasse de recursos e de vacinas contra a Covid-19, mas agiu tardiamente nesse sentido, de conformidade com a postura negacionista que foi assumida pelo presidente da República.
A Paraíba chegou a ter um Ministro da Saúde no governo Bolsonaro, o cardiologista Marcelo Queiroga, que tentou mediar iniciativas para favorecer o Estado, mas o presidente em si nunca se abriu a um diálogo mais efetivo e deixou de ter agenda com o governador João Azevêdo em visitas-relâmpago que fez ao Estado a pretexto de inspecionar obras ou fazer anúncios de investimentos. Na prática, o Estado teve que buscar guarida no âmbito do Consórcio Nordeste, organismo autônomo idealizado para buscar ferramentas de políticas públicas que facilitassem uma gestão compartilhada dos recursos públicos entre a União, Estados e municípios. O resultado de todo o processo foi que o Consórcio Nordeste, além de se fortalecer na região, serviu de modelo para inspirar outras regiões. Da safra de governadores eleitos no Sul, Sudeste e Centro Oeste, muitos gestores já sinalizaram interesse em transplantar a experiência, mirando, também, na perspectiva de uma dinâmica melhor na interlocução com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem se mostrado francamente receptivo aos interesses dos Estados, Capitais e municípios, indistintamente.
Antes da histórica reunião de Brasília que colocou frente à frente o presidente da República e governadores, inclusive, do Distrito Federal, realizou-se em João Pessoa, na Paraíba, a reunião do Consórcio Nordeste, bastante concorrida e que contou, até mesmo, com a participação de um emissário do Palácio do Planalto, para acompanhar e sistematizar as reivindicações formuladas no bojo das discussões democráticas que foram travadas. Firmou-se, no Centro de Convenções de João Pessoa, a ideia de que os Estados precisam estar preparados para apresentar projetos estruturantes viáveis no Nordeste, sistematizando suas demandas e, se possível, unificando-as, para facilitar a interlocução com Brasília e dar celeridade às pautas. O momento está sendo único, não apenas para o Nordeste, mas para outras regiões, neste terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E o governador João Azevêdo, que se enfileirou na campanha de Lula desde o primeiro turno, assume papel relevante entre os interlocutores que dialogam sem problemas com o governo do presidente Lula.