Nonato Guedes
Atual primeiro vice-presidente do Senado Federal, o senador paraibano Veneziano Vital do Rêgo (MDB) qualificou o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como um dos “fiadores da democracia no país” e ressaltou que confia na recondução dele ao comando da instituição pelo papel importante que desempenhou quando o regime esteve ameaçado por manifestações golpistas que tiveram o incentivo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com isso, Veneziano descartou uma iminente reviravolta no processo de eleição da Mesa. A bancada do MDB no Senado, que conta com dez integrantes, indicou Veneziano para também ser reeleito, havendo apoios, ainda, no PDT, no União Brasil e em outras legendas. O PT, com nove senadores, deverá ocupar a primeira-secretaria.
A possibilidade de uma reviravolta nas eleições para a Mesa do Senado Federal começou a ser cogitada nos meios políticos depois que os senadores Rogério Marinho (PL-RN) e Eduardo Girão (Podemos-CE) lançaram-se ao páreo, o primeiro como expoente-símbolo do bolsonarismo. Para Veneziano, tais postulações são legítimas mas não têm potencial para abalar o favoritismo de Rodrigo Pacheco, que tem condições, inclusive, de repetir vantagem conquistada na eleição anterior à direção da Alta Casa. Na definição do emedebista paraibano, o senador Rodrigo Pacheco demonstrou ser “um moderado com firmeza” nos recentes episódios de depredação das sedes dos Poderes na Capital Federal. Veneziano estava no exercício da presidência e, de pronto, articulou-se com Pacheco, que reassumiu o posto para participar da tomada de decisões conjuntas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dirigentes do Supremo Tribunal Federal.
Para além do “comportamento exemplar” demonstrado em momentos de crise institucional, com espetáculos de vandalismo que estarreceram a maioria da sociedade e tiveram repercussão e condenação internacional, o senador Rodrigo Pacheco, conforme análise de Veneziano Vital do Rêgo, deu andamento às pautas legislativas consideradas urgentes ou inadiáveis em tramitação na Casa, tornando-a colaboradora das gestões feitas, por exemplo, para fazer frente à emergência da covid-19. Veneziano lembrou que a conjuntura da pandemia no território nacional exigiu esforço de criatividade do Parlamento para não paralisar seus trabalhos ou esmorecer no debate dos grandes temas nacionais. Houve, também, no período do comando de Pacheco, a realização de eleições gerais, em clima de turbulência por causa das contestações provocadas pelo então presidente Jair Bolsonaro e por seus aliados mais radicais quanto à eficiência do sistema eleitoral, mais precisamente, ao funcionamento das urnas eletrônicas.
Esse cenário exigiu – prossegue o senador do MDB da Paraíba – firmeza e determinação no cumprimento de uma agenda proativa que levasse em conta as necessidades imediatas reivindicadas pela maioria da população paraibana. E foi nesse contexto, conforme a sua leitura, que o senador Rodrigo Pacheco portou-se com serenidade e determinação, buscando sempre o diálogo com representantes de outros Poderes, respeitando a atuação desses Poderes constituídos e, ao mesmo tempo, colocando em evidência o protagonismo do Parlamento na tomada de decisões coerentes com os desafios que eclodiram. “Não se há de negar que os últimos anos constituíram testes importantes para a sobrevivência da democracia brasileira e para o fortalecimento dos Poderes constituídos. Era preciso estar à altura do momento histórico, e o presidente Rodrigo Pacheco mostrou que tinha esse figurino”, manifestou Veneziano Vital do Rêgo.
O parlamentar, que nas eleições do ano passado, concorreu ao governo da Paraíba em aliança com o Partido dos Trabalhadores, não logrando ir para o segundo turno, disse ter retomado a sua atuação no Congresso Nacional cada vez mais motivado para dar sua colaboração ao processo que foi desencadeado no sentido de preservar a estabilidade democrática como princípio-motriz para grandes reformas que estão sendo exigidas pela sociedade nos diferentes níveis ou nas variadas esferas sociais. Considera que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em virtude da sua trajetória combativa e, também, da sua sensibilidade para com a solução dos grandes problemas nacionais, está liderando com habilidade e competência o processo de construção de consensos que possibilitem avanços traduzidos em políticas públicas focadas no combate à fome, às desigualdades e na melhoria dos índices na Educação, Saúde e infraestrutura. O protagonismo do Parlamento, na opinião do representante paraibano, se manterá, com mais segurança se for reconduzido o senador Rodrigo Pacheco à presidência do Senado. Entre os principais articuladores da candidatura de Pacheco, a opinião dominante é que ele mantém a dianteira de votos, mesmo com abordagens que Jair Bolsonaro passou a fazer nas últimas horas, por telefone, do exterior, onde se mantém.