Faltando poucas horas para a eleição, o Senado chega ao dia da escolha do seu novo presidente, em Brasília, com uma reprodução da polarização política pelo Brasil nos últimos anos. De um lado, está o atual presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De outro, o ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que se encontra nos Estados Unidos e que tenta impor uma derrota ao sucessor no Parlamento. Pacheco desponta como favorito, segundo contabilizações de votos de bastidores. Até o fim da noite de ontem, o placar de aliados era de 53 votos para o atual presidente contra 30 para o ex-ministro.
Caso vença a disputa, informa o UOL, Pacheco deve dar espaço na Mesa Diretora a partidos que integram a Esplanada do Executivo petista, que tem chamado de “frente ampla e democrática”, como MDB, PSD e União Brasil. O PL, sigla de Bolsonaro, deve ser isolado e sem ter representantes no comando da Casa no Distrito Federal. Ontem, o MDB anunciou o apoio formal a Pacheco, e o líder da bancada, Eduardo Braga (AM) afirmou que tenta a unidade no partido. Contudo, entre os dez senadores, há a expectativa de que nove confirmem a reeleição de Pacheco. A senadora Ivete da Silveira (SC) foi a única, até o momento, a declarar o voto em Marinho.
Já na Câmara, o cenário está mais consolidado com o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), com o apoio de ampla maioria do Poder. No Senado, Marinho corre para ampliar sua margem de apoios e “conquistar mais traições”, como definem os aliados, prevendo defecções em legendas que compõem a base de apoio do governo Lula no Congresso Nacional. O desempenho de Marinho, de acordo com os analistas, servirá para atestar o grau de resiliência do bolsonarismo após a derrota eleitoral, bem como o grau de fidelidade de senadores que se elegeram sob seu apoio mas que iniciam o mandato longe de sua sombra. Só o PSD, partido de Pacheco com a maior bancada na Casa, já reúne três votos em Marinho entre os 15 senadores: Nelsinho Trad (MS), Lucas Barreto (AP), Samuel Araújo (RO).
Mesmo eventualmente derrotado, Marinho precisa do máximo de votos possíveis para se credenciar como porta-voz de um bloco composto pelos senadores eleitos Damares Alves (Republicanos-DF), Hamilton Mourão (Republicanos-DF), Marcos Pontes 9Republicanos-SP) e sabe ter pouco tempo e espaço para se firmar como tal. No Senado e na Câmara, a votação para a eleição dos presidentes das Casas é secreta, o que torna temeroso cravar resultado. Além disso, a presença de parlamentares do PL cresceu em ambas as Casas nas eleições de 2022. Nos últimos dias, Marinho reduziu sua diferença de votos em relação a Pacheco com uma ajuda de aliados de peso. Marinho também intensificou uma campanha nas redes sociais para sua eleição. A estratégia, no entanto, tem pouco efeito prático, já que os votos dos senadores são decididos por acordos e alianças políticas.