Linaldo Guedes
Sérgio de Castro Pinto é, sem sombra de dúvidas, uma das maiores referências da literatura contemporânea na Paraíba. Poeta aclamado em todo o país, vem se revelando, também, um grande ensaísta com a série de livros publicados abordando o universo literário. O último deles – O leitor de si mesmo, publicado pela Arribaçã Editora – vem se tornando leitura obrigatória para quem quer saber das novidades da literatura brasileira através do olhar crítico e às vezes irônico de Sérgio de Castro Pinto.
Em “O leitor de si mesmo”, Sérgio de Castro Pinto aborda livros, autores e autoras sobre o fazer literário. Nomes como Sérgio Faraco, W. J. Solha, Rinaldo de Fernandes, Walter Galvão, Fernando Monteiro, Marcelo Mourão, Ângela Bezerra de Castro, Vitória Lima, Rosana Piccolo, Ademir Assunção, Mô Ribeiro, Aline Cardoso, Anna Apolinário, Adhailton Lacet, entre outros, são abordados no livro.
Os ensaios que integram o novo livro foram escritos e publicados ao longo dos anos e começaram a ser produzidos antes da pandemia da Covid-19. “Com O Leitor de si mesmo encerro uma espécie de tetralogia iniciada com A casa e seus arredores. A seguir, vieram O leitor que eu sou e O leitor que escreve, todos os registros de minha trajetória no jornalismo cultural”, observou Sérgio de Castro Pinto em entrevista ao jornal A União.
Sobre o título da obra, explicou: “Tomei-o emprestado de um trecho do romance O Tempo redescoberto, de Marcel Proust. Na realidade, todo leitor é, quando lê, o leitor de si mesmo. A obra não passa de uma espécie de instrumento ótico oferecido ao leitor, a fim de lhe ser possível discernir o que, sem ela, não teria certamente visto a si mesmo”.
Millor Fernandes dizia que toda unanimidade é burra. No caso de Sérgio de Castro Pinto, essa assertiva não se confirma. Sérgio é uma das poucas unanimidades da literatura nacional, não só pela qualidade de sua poesia, mas, sobretudo, pela sua coerência e ética em várias décadas de gestos lúcidos na seara literária. Sérgio não é um crítico literário ou um resenhista. Ele é, na verdade, um ensaísta, que pega elementos do livro abordado para refletir sobre o fazer literário.
E é sobre essa reflexão que ele faz ao transcrever, na abertura de “O leitor de si mesmo”, o poema “Comunhão”, do ainda inédito livro “Brando fogo das palavras”. Leiamos o poema:
comunhão
livros
crepitam
no forno
das estantes
livros
são pães
eucarísticos
crocantes.
Linaldo Guedes é poeta, jornalista e editor na Arribaçã. Tem 12 livros publicados e é mestre em Ciências da Religião
Obrigado, amigo e poeta, você sempre me prestigiando.