Nonato Guedes
A ação do presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos), para evitar o palanque eleitoral antecipado naquela Casa no ano de 2023, naturalmente tem provocado polêmica junto a pretensos candidatos a prefeito de João Pessoa e ocasionou protestos, por exemplo, por parte do deputado Luciano Cartaxo (PT), que luta para ser indicado postulante dentro do partido. A ação, entretanto, segundo garante o dirigente do Legislativo, não é nenhum procedimento de censura à livre manifestação de parlamentares na tribuna da Casa de Epitácio Pessoa nem constitui gesto de parcialidade devido à alegada preferência de Adriano por outro candidato – no caso, o prefeito Cícero Lucena (PP), que pleiteará a reeleição. Trata-se, então, de medida preventiva, profilática, para evitar que a tribuna se transforme em palco eleitoreiro, afetando a produtividade da ALPB no corrente exercício.
O presidente Adriano Galdino, no fragor da campanha eleitoral de 2022, que ainda está bem recente, procurou conter eventuais excessos por parte de candidatos à reeleição, operando junto aos parlamentares para que se ativessem aos temas da ordem do dia em plenário que demandavam encaminhamento, com discussão e consequente votação. Note-se que em 2022 houve uma verdadeira inflação de candidatos dentro do próprio Legislativo – entre eles o próprio presidente, que concorreu à reeleição e foi bafejado com uma das mais expressivas votações da história do Parlamento Estadual. Ele soube separar suas inclinações ou preferências do amplo debate sobre questões urgentes que exigiam votação, e o resultado foi que nenhum candidato queixou-se de prejuízo pessoal, também não advindo embaraço à tramitação das pautas demandadas.
O raciocínio do presidente da ALPB é que o ano não-eleitoral deve ser aproveitado ao máximo pelos integrantes do colegiado da Casa do Povo para a celeridade na apreciação de matérias pertinentes e atualizadas e que a Assembleia possa se integrar à perspectiva promissora que se abriu para Estados do Nordeste a partir do resultado eleitoral do ano passado, com a criação de consensos em torno de projetos que possam impulsionar o desenvolvimento da região, em articulação com políticas públicas que passaram a ser acenadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De mais a mais, entende o dirigente do Poder que soçobra uma grande expectativa por parte do eleitorado que foi às urnas em outubro do ano passado quanto a uma atuação de resultados por parte dos representantes que foram sagrados ou confirmados nos mandatos. Esse crédito de confiança, pelo que avalia, não pode ou não deve ser relegado, devendo os eleitos e reeleitos incumbir-se das responsabilidades delegadas.
Além de Luciano Cartaxo, que ainda terá uma batalha pela frente para ser ungido dentro do PT, insinua-se, dentro desse partido, também com interesse de candidatura, a deputada Cida Ramos, que já chegou a concorrer a prefeita da Capital sem êxito, quando estava no PSB. Ela antecipou que pretende requerer sessão especial da ALPB para discutir o tema polêmico da engorda da orla marítima de João Pessoa, que foi levantado pelo prefeito Cícero Lucena, por recear que a proposta implique em concessões à especulação imobiliária desenfreada, desfigurando a atual paisagem pessoense. Não se sabe como o presidente Adriano Galdino se conduzirá quando avançar a propositura de Cida Ramos para a realização da sessão destinada ao debate. Em paralelo, o deputado estadual Walbber Virgolino, que atua no campo da direita, e que foi candidato a prefeito em 2020, deverá repetir a dose, engrossando as discussões sobre a problemática da Capital do Estado.
Evidente que o presidente Adriano Galdino não tem como coibir debates de temas ligados a João Pessoa na tribuna da Assembleia Legislativa, nem parece que ele tenha se imbuído de tal motivação ao fazer um alerta ao deputado Luciano Cartaxo para que evitasse converter a Casa de Epitácio Pessoa em microcosmo político, concorrendo com a Câmara de Vereadores, que está no seu pleno funcionamento. O seu propósito, pelo que sinaliza, é o de conter excessos que tornem a conjuntura fora de controle, produzindo, inclusive, a extensão de debates eleitorais antecipados relacionados a situações específicas de outros municípios de diferentes regiões do Estado. Haverá, então, que prosperar clima de compreensão por parte de deputados-candidatos ou deputados-apoiadores de candidatos a prefeitos, priorizando-se com celeridade a Agenda Paraíba, que enfeixa tantos desafios a serem equacionados pelos poderes competentes.