Nonato Guedes
Os comentários em rodas políticas, mesmo entre adversários, são animadores para o segundo governo do socialista João Azevêdo à frente dos destinos da Paraíba, focando em novos ares. Há o reconhecimento de que a administração ativou o modo dinâmico que vinha sendo cobrado na campanha eleitoral, fazendo-se ágil na recepção e no encaminhamento de demandas reclamadas por prefeitos, lideranças políticas e representantes da sociedade civil. O governo João II passou a descentralizar obras e ações por localidades do interior do Estado, atento ao resultado das urnas que o bafejou nos bolsões municipalistas no confronto com os opositores, sobretudo com o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) que o enfrentou no segundo turno. A ofensiva municipalista não afetou os investimentos na Capital, João Pessoa, e em Campina Grande, segunda cidade do Estado, onde foi instalado simbolicamente o gabinete do vice-governador Lucas Ribeiro (PP) para tornar a gestão mais presente num centro estratégico em toda a região Nordeste.
À proatividade da gestão II somou-se uma maior abertura no diálogo com forças de expressão na sociedade, incluindo políticos com mandato na Assembleia Legislativa que tiveram a oportunidade de relatar diretamente ao governador pendências ou problemas carentes de solução há bastante tempo em áreas como Segurança Pública, Infraestrutura, Educação, Saúde e outras. Ainda repercute o pioneirismo do gesto de Azevêdo tomando café da manhã com deputados do governo e da oposição, juntamente com secretários de Pastas relevantes, e auscultando atentamente as reivindicações. Líderes do governo na Assembleia Legislativa do Estado, em paralelo, têm sido orientados ou instruídos a dar atenção a pleitos e reclamações que a oposição formular e, no contraponto, oferecer prontas respostas para questões que são levantadas ou para questionamentos que são feitos pelos que foram eleitos para o papel de fazer oposição sem prejudicar o Estado.
A impressão dominante entre interlocutores do governador João Azevêdo é de que novos ares estão sendo respirados no serviço público estadual, contrariando-se o anátema de que dificilmente governos repetem-se no exercício do cargo. No caso específico de Azevêdo, sustentam os seus defensores, o governo evoluiu – para melhor, beneficiando-se colateralmente da própria conjuntura nacional que mudou da água para o vinho, no rol das suas expectativas, com a volta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com o ‘expurgo’ pelas urnas da herança bolsonarista que tantos males acarretou para o país ou para a sociedade, avultando, como não poderia deixar de ser, a postura negacionista assumida pelo poder central em plena gravidade da pandemia de covid-19, o que acarretou demora na liberação de vacinas para Estados e municípios, sobretudo para as unidades governadas por políticos que não rezavam pela Cartilha do líder extremista da direita no Brasil. A relação, atualmente, é republicana e, além do mais, respeitosa no trato com gestores estaduais.
Investido na presidência do Consórcio Nordeste, outro feito significativo que incorporou à sua biografia, João Azevêdo ganhou autoridade e poder de fala amplificada nas tribunas nacionais para agitar ou colocar no radar do debate as reivindicações mais prementes. O nível de interlocução continua altamente promissor com ministérios, muitos deles ocupados por ex-governadores de Estados da Região Nordeste, que chegaram a compartilhar com João Azevêdo, no período passado, problemas comuns ao Semiárido e, também, perspectivas de redenção com o fortalecimento de nichos de energias renováveis e de embriões de desenvolvimento que estão sendo formados do Litoral ao Sertão da Paraíba. A tendência, conforme se espera, é que tal relação republicana seja intensificada ou aprimorada, viabilizando projetos concretos que sejam porta de entrada para o desenvolvimento dos Estados e das regiões. A iminente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Paraíba deverá estreitar laços e reforçar as políticas de cooperação que já vêm sendo deflagradas desde o começo do ano.
Vale destacar avanços substanciais que o próprio governo de João Azevêdo passou a imprimir, nesta segunda fase, nos setores de Saúde e Educação. Não custa lembrar que tais segmentos foram penalizados no primeiro ano de governo do socialista, como reflexo da herança perniciosa legada pelo antecessor Ricardo Coutinho e que redundou em denúncias sobre a atuação de organizações criminosas especializadas em desvios de recursos públicos, com isto prejudicando a consecução de metas em prol do interesse da população carente. João Azevêdo rompeu laços políticos e partiu para outras ações corajosas como a de banir no território paraibano a atuação predatória de organizações sociais que eram contratadas em regime pactuado para gerir tanto responsabilidades na Saúde como na Educação. Ali foi o divisor de águas para que aflorasse o “o estilo João”. O governo passou a adquirir personalidade própria, inclusive, alterando o eixo de alianças políticas em que havia se assentado na campanha de 2018, batismo de fogo de João nas urnas. A Paraíba segue em frente, com objetivos mais definidos, metas mais realistas e com o engajamento pleno do governador e dos seus auxiliares para carimbar sua marca na história política-administrativa do Estado.