O deputado federal paraibano Cabo Gilberto Silva (PL), que se identifica como “bolsonarista-raiz”, subscreveu o pedido de abertura de uma comissão mista de inquérito protocolada no Congresso Nacional, na noite de ontem, para investigar os atos de vandalismo realizados em 8 de janeiro em Brasília e atribuídos a golpistas que fazem oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado Cabo Gilberto chegou a ser tido como um dos incentivadores das manifestações antidemocráticas no país mas sempre rechaçou o uso de violência em tais atos. Até a última atualização de uma reportagem do UOL, 189 deputados federais e 33 senadores haviam assinado o requerimento.
Da Paraíba subscreveram ainda a CPMI o deputado federal Wellington Roberto, presidente do diretório estadual do PL, e o senador Efraim Filho, do União Brasil, que se define como “independente” em relação ao governo Lula. O objetivo da comissão é responsabilizar autoridades federais por omissão nas ações para impedir os ataques de 8 de janeiro. Os parlamentares de oposição afirmam: “Há notícias que a Abin alertou sobre os riscos de violência na véspera de ataques em Brasília. Entretanto, não se sabe da veracidade desses fatos, o que nos impõe a necessidade de apurar se houve a efetiva emissão de alertas”.
Mais cedo, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, havia pedido ao presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que envie em até dez dias informações sobre a criação da CPI dos atos. Entre políticos governistas, há temores de que a comissão venha a servir de palco político para apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso. Os líderes dos partidos com representação no Congresso, de acordo com o regimento interno, deverão indicar membros para que os trabalhos sejam efetivamente iniciados. Mas o plano entre a base do presidente Lula é o de postergar ao máximo a indicação dos integrantes da CPI para inviabilizá-la.