Nonato Guedes
O deputado estadual Chico Mendes (PSB), líder do governo na Assembleia Legislativa, criou um fato político antecipado, ontem, durante entrevista à rádio Arapuan, ao lançar a pré-candidatura do governador João Azevêdo a uma vaga de senador nas eleições de 2026. Salientou que, embora seja cedo para tratar do tema, é indiscutível que o governador, reeleito em segundo turno em 2022, derrotando Pedro Cunha Lima (PSDB), tem credenciais para enfrentar uma nova disputa majoritária e, mais ainda, para representar bem o Estado da Paraíba no Congresso Nacional. Acredita igualmente que o chefe do Executivo, no período eleitoral de 2026, estará avaliado positivamente, uma vez que neste segundo governo vem tendo condições favoráveis para implementar ações administrativas de resultados e projetos considerados relevantes para a população paraibana.
“A Paraíba não pode perder a oportunidade de ter um congressista do nível de João Azevêdo, com a capacidade técnica e serenidade que ele tem. Como senador da República, vai dar show e a Paraíba terá muito a ganhar com sua vitória”, expressou o parlamentar que representa o Alto Sertão no Poder Legislativo Estadual. Ele descartou especulações de que possa vir a ser candidato a prefeito de Cajazeiras no próximo ano, informando que está focado no desempenho do seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa e simultaneamente na liderança do governo João Azevêdo. Admitiu que ficou honrado com sua escolha para a liderança e que seu trabalho é no sentido de corresponder à expectativa do Executivo e informar a sociedade sobre as ações e projetos executados ou em fase de planejamento pela atual administração.
Embora a possibilidade de candidatura do governador ao Senado tenha sido aventada por alguns líderes políticos, o deputado Chico Mendes foi quem mais avançou na defesa dessa bandeira, que considerou legítima e com perspectiva de grande receptividade junto à opinião pública do Estado. João chegou a ser abordado por jornalistas mas desconversou a respeito da pretensa candidatura, deixando claro que isto não constitui ambição nem meta com conotação de sangria desatada. Está se sentindo à vontade na área política, onde estreou em alto estilo na campanha de 2018, mas quanto a continuar nessa atividade é decisão para ser avaliada lá na frente, em conjunto com familiares e aliados próximos. O governador lembrou que além do Senado Federal, há possibilidades em relação a um mandato na Câmara dos Deputados, dependendo da evolução da conjuntura estadual, da aferição sobre o desempenho do seu governo e da vontade de figuras políticas que seguem o seu comando no Estado.
Apesar da cautela, o governador sabe que dispõe de espaços viáveis para prosseguimento da carreira política. No primeiro mandato ele enfrentou dificuldades tremendas, decorrentes, inclusive, da hostilidade ou da má vontade do presidente Jair Bolsonaro para com as pautas do Estado da Paraíba e demandas de outros Estados da região Nordeste. O desafio foi tanto maior naquele período porque o Nordeste, tal como todo o país, viu-se a braços com a pandemia de covid-19 e com precariedade da rede pública para atender pessoas contaminadas com a doença. As medidas restritivas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde quanto a atividades produtivas na fase aguda da calamidade foram cumpridas pelo chefe do Executivo com diligência mas não impediram que se mantivesse a duras custas o equilíbrio fiscal e financeiro, bem como o desenvolvimento de iniciativas associadas ao crescimento econômico da Paraíba e da sua população. Seguramente este foi um dos fatores a contribuir para a reeleição de João Azevêdo, cuja vantagem ampliou-se para redutos do interior, dando à campanha uma conotação municipalista.
A própria escolha do deputado sertanejo Chico Mendes para líder do governo na Assembleia Legislativa no primeiro ano do segundo mandato já foi uma consequência do viés municipalista que passou a caracterizar a gestão de João Azevêdo, hoje mais articulada com o governo federal graças ao trânsito nos ministérios e no gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem apoiou nos dois turnos, de forma intimorata. João Azevêdo preside o Consórcio Interestadual do Nordeste, posição que lhe credencia mais ainda no cenário nacional e que facilita a sua interlocução privilegiada com o presidente Lula ou com o Palácio do Planalto. O deputado Chico Mendes ressaltou que as eleições municipais do próximo ano terão atenção especial por parte do governo João Azevêdo, observando que há uma recomendação, por exemplo, para que em João Pessoa se produza um somatório de forças para a recondução do prefeito Cícero Lucena ao mandato executivo. Ele, particularmente, está engajado nesse projeto, mas já antevê o futuro político mais decisivo, quando estará em jogo a permanência ou não de João Azevêdo na política, daí a sua manifestação em prol da candidatura do titular do Executivo a uma das vagas no Senado Federal.