Nonato Guedes
O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), confirmou, ontem, seu pleno apoio ao movimento para formação da federação unindo o seu partido, o PDT e o Solidariedade. A proposta foi aprovada pela executiva nacional do PSB com a presença do gestor paraibano, que é, também, presidente do Consórcio Interestadual do Nordeste. Por trás do movimento nesse sentido há o desejo de fortalecimento das legendas, em bloco, no Congresso Nacional. Nas palavras do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira (PE), a federação pode viabilizar a ampliação da base de apoio ao campo progressista nas eleições de 2024 e 2026. “A realidade do sistema político exige uma racionalização do número de partidos no país, que apresentem programas mais claros à sociedade”, acrescentou.
A federação contará, de largada, com 34 deputados na Câmara Federal e sete senadores, além de ser a legenda do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que deu aval à articulação. Na bancada federal paraibana o deputado Gervásio Maia, presidente estadual do PSB, é o único representante entre os três partidos na Câmara dos Deputados. O deputado federal reeleito Damião Feliciano, que chegou a comandar o PDT no Estado, ingressou em plena campanha eleitoral no União Brasil, no qual desponta o senador Efraim Filho, e que está em outra frente, buscando formar federação com o Partido Progressista (PP). Além do vice-presidente Geraldo Alckmin, participou da reunião o ministro Márcio França (Portos e Aeroportos). O senador Jorge Kajuru e o deputado federal Felipe Carreras manifestaram adesão à proposta.
Nas eleições municipais de 2020, PSB e PDT se uniram e, somados, conseguiram eleger mais de 560 prefeitos e prefeitas no país. Na Paraíba, atualmente, o PDT está sob comando de um interventor, Marcos Ribeiro, que em tese prega postura independente na conjuntura política nacional, mas que ao mesmo tempo se diz aberto ao diálogo sem discriminação com forças políticas representativas. Circulou nos meios políticos locais a versão de que o PDT poderia vir a acolher a adesão do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que é filiado ao PP e candidato à reeleição em 2024. Mas, ainda ontem, falando a jornalistas, Cícero Lucena descartou a possibilidade de migração observando que se sente bem dentro do PP, que lhe deu guarida para voltar à cena política em alto estilo elegendo-se novamente prefeito da Capital. O governador João Azevêdo empenha-se para situar Lucena no campo da centro-esquerda, para facilitar o seu ingresso na base do presidente Lula, mas não há garantia de que o prefeito de João Pessoa migre para o PDT, por exemplo.
Quanto ao PSB, trabalha com a hipótese de que tende a se fortalecer ao adotar a federação com outros partidos. Em documento partidário, os socialistas ponderaram que uma federação com partidos como o PDT e o Solidariedade, que possuem tamanho mais equivalente ao Partido Socialista Brasileiro, permitiria um equilíbrio necessário à tomada de decisões e ao respeito à autonomia de cada legenda. Ao contrário de outras federações já anunciadas ou criadas, a do PSB não deverá enfrentar maiores dificuldades de sobrevivência na Paraíba, levando em consideração que os caciques do partido é que deverão permanecer dando as cartas na futura agremiação. No caso da federação entre União Brasil e Progressistas, por exemplo, há uma disputa intensa nos bastidores sobre quem comandará os rumos no Estado, verificando-se emulação entre o senador Efraim Filho, que saiu da base de apoio ao governador João Azevêdo e o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, que foi reeleito na disputa do ano passado. As federações são instituídas para durar quatro anos e apresentar conteúdo programático alinhado entre os seus membros.
O governador João Azevêdo avalia que na campanha eleitoral do ano passado o PSB enfrentou problemas quanto ao objetivo de alcançar um crescimento maior na correlação de forças políticas do Estado, não obstante ele ter sido reconduzido ao Executivo com votação expressiva. João Azevêdo, que indiscutivelmente adquiriu maior lastro politico e experiência nas eleições do ano passado, além de estar bem posicionado junto ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, graças à facilidade que encontra na interlocução sobre os pleitos de interesse da Paraíba, tem ensaiado articulações para ampliar seus próprios canais, dialogando ultimamente com facção expressiva do Partido dos Trabalhadores, que foi contemplada, inclusive, com cargos no secretariado do segundo mandato. Essa mobilização do chefe do Executivo é estratégica, com vistas a isolar adversários declarados dentro do PT como o ex-governador Ricardo Coutinho, que foi candidato ao Senado em 2022, e para se credenciar com vistas a outros passos que deverá empreender no cenário político-administrativo do Estado e do Nordeste.