Nonato Guedes
O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), que concorreu ao governo do Estado com apoio do líder petista Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno, já está balizando os próximos passos políticos que pretende empreender, focando na candidatura à reeleição em 2026. Para tanto, quer marcar presença nas eleições municipais do próximo ano, fortalecendo o MDB e reforçando a ligação com o esquema Cunha Lima. Em 2022, no segundo turno da disputa estadual, Veneziano anunciou apoio à candidatura do ex-deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB, que polarizou com o governador João Azevêdo (PSB) a rodada decisiva. A aliança tende a se ampliar no próximo ano com possível apoio do senador emedebista à candidatura do prefeito Bruno Cunha Lima a um novo mandato.
Por enquanto, Veneziano planeja retomar maratona de contatos políticos pelo interior do Estado, no interesse das suas próprias pretensões de sobrevivência no cenário local. Em recentes declarações à imprensa, o parlamentar analisou como natural a aproximação com o esquema Cunha Lima, a quem deu combate em eleições históricas pelo controle da prefeitura de Campina Grande. Pelo seu raciocínio, o adversário passou a ser o governador João Azevêdo, de quem foi aliado e em cujo governo sua mulher, Ana Cláudia, ocupou secretaria de Estado. Dentro dessa perspectiva foi que Veneziano investiu na pacificação municipal, apoiando com firmeza a candidatura de Pedro Cunha Lima ao Palácio da Redenção depois de não ter conseguido avançar para a etapa decisiva da disputa. Para atrair o apoio de Lula, o senador firmou aliança com o PT paraibano, que indicou as candidaturas de Ricardo Coutinho ao Senado e Maísa Cartaxo a vice-governadora, derrotadas juntamente com a postulação dele.
Na conjuntura atual, Veneziano mantém-se na base de apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e conquistou uma vitória importante no plano nacional ao ser reconduzido para primeiro vice-presidente do Senado, juntamente com o presidente reeleito Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A sua atitude em apoio à candidatura de Pedro Cunha Lima no segundo turno decorreu, também, da aliança que o “clã” Ribeiro, comandado pelo deputado federal Aguinaldo, firmou em 2022 com o governador João Azevêdo, indicando o candidato a vice, Lucas Ribeiro, na chapa dele à reeleição. O grupo liderado por Veneziano corria o risco de se isolar profundamente a partir de Campina Grande, seu principal reduto, e foi por isso que, de caso pensado, o parlamentar aderiu a Pedro Cunha Lima tão logo desenhou-se o segundo turno entre este e o governador João Azevêdo. A votação de Pedro foi considerada expressiva, sobretudo em grandes centros como João Pessoa e Campina Grande, bem como em cidades que compõem o entorno da Grande João Pessoa e do Compartimento da Borborema.
Em cima das projeções extraídas da leitura do resultado eleitoral da campanha de 2022, a pré-candidatura do ex-deputado Pedro Cunha Lima a governador, novamente, em 2026, tornou-se legítima ou natural no bloco que faz oposição direta ao governador João Azevêdo. Uma virtual candidatura a prefeito de João Pessoa em 2024 já foi descartada por Pedro, que se mostra plenamente consciente do cacife adquirido na disputa de 2022 e das possibilidades que se abrem para seu projeto político. Nesse contexto, o ex-parlamentar tem se articulado tanto com o senador Veneziano Vital como com o ex-prefeito Romero Rodrigues, atual deputado federal, buscando, sempre que possível, superar arestas provenientes de antagonismos da política da Rainha da Borborema. Mas Pedro sabe que, para além de Campina Grande, precisará estar mais ativo ou mais presente em João Pessoa e em cidades estratégicas do interior do Estado. O interior, afinal, inverteu em 2022 uma lógica dominante no quadro local sobre influência dos grandes centros urbanos.
O senador Veneziano Vital do Rêgo, em conversas reservadas, tem deixado escapar que as eleições de 2022 contribuíram para aprimorar seu aprendizado sobre a realidade política vigente na Paraíba, levando-o a conclusões mais assertivas a respeito da correlação de forças. Ele se prepara, igualmente, para a emergência de novos líderes no âmbito estadual, a partir da eleição do ex-deputado federal Efraim Filho (União Brasil) para o Senado e da hegemonia que vem sendo conquistada pelo deputado federal Hugo Motta na condição de presidente do diretório estadual do Republicanos e de opção para uma das vagas ao Senado em 2026. Dentro da postura cautelosa que traçou para si na estratégia em curso, o dirigente emedebista já informou que vai investir em candidatos a eleições proporcionais para 2024 nos grandes centros, podendo evoluir para chapas majoritárias se houver condições objetivas. Tudo se processa com base nas reflexões que estão sendo feitas e que deverão desaguar em novas definições sobre o processo político-partidário na Paraíba.