Nonato Guedes
A vinda confirmada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Paraíba no próximo dia 22 para prestigiar inauguração de um empreendimento híbrido de produção de energia eólica e energia solar tem significação política importante por se tratar da primeira visita oficial a um dos Estados do Nordeste onde foi maciçamente votado nos dois turnos da campanha eleitoral de 2022. A obra não será, ainda, uma das obras estruturantes que o presidente pediu ao governador João Azevêdo (PSB), seu aliado, para indicar a pretexto de motivar a sua visita, mas sinalizará a reiteração do compromisso do mandatário de prestigiar a Paraíba e as reivindicações da região. O governador João Azevêdo é o atual presidente do Consórcio Nordeste e, nesse papel, passou a ocupar lugar de fala no Conselho da República que tem como um dos maiores expoentes o próprio presidente da República.
João Azevêdo, por isso mesmo, deverá atrair holofotes e atenção especial de Luiz Inácio Lula da Silva, independente do compartilhamento do palanque por líderes políticos de outros partidos que estão na base e de sinais de mobilização que venham a ser manifestados por militantes petistas ortodoxos, alguns deles não alinhados com a orientação política do gestor reeleito. Antes de viajar para os Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente Joe Biden, Lula havia dito em reunião no Palácio do Planalto que pretendia rodar o país para inaugurar e anunciar novas obras, como meio para retomar a atividade econômica e a geração de emprego. Não obstante o pouco tempo de governo no terceiro mandato, Lula é cobrado a mostrar resultados concreto no terceiro mandato, para além de gestos simbólicos expressivos que ele tem apresentado, como o encontro com reitores de universidades e a política humanizada em relação aos povos indígenas maltratados na Era Bolsonaro.
Lula fez uma convocação aos seus ministros para que acelerassem a retomada de obras e serviços que ficaram interrompidos – em alguns casos há dez anos. Chegou a dizer que não estava preocupado em saber de quem era a paternidade de obras importantes, mas, sim, em saber se são do interesse das cidades, dos Estados, do povo em geral. “Se a gente conseguir fazer com que todas as obras que estão paradas comecem a funcionar e a gente comece a terminar algumas delas, a gente pode contribuir para fazer com que a economia brasileira não seja o desastre previsto pelo FMI. Temos um mercado interno muito grande e temos uma coisa que os países desenvolvidos já fizeram há muitos anos e nós temos que fazer, que é cuidar das cidades, da área da saúde, do saneamento básico, que é uma área que gera muito emprego e melhora a vida das pessoas”, pontuou o presidente. Em várias outras oportunidades, Lula criou expectativas sobre interiorizar as políticas públicas de governo, deixando de concentrá-las em Brasília.
O presidente da Associação Brasileira de Municípios, Ary Vanazzi (PT), prefeito de São Leopoldo (RS) afirmou em entrevista que o governo Lula representa uma excelente oportunidade para que os municípios recuperem suas economias, gerem emprego e atendam as demandas da população mais pobre. “Essa oportunidade vem da disposição do governo federal de trabalhar em parceria com as prefeituras na execução das políticas públicas e na escolha das obras que serão realizadas Brasil afora”, diagnosticou ele. Para o dirigente municipalista, o movimento que Lula está fazendo, do novo pacto federativo, da relação com os prefeitos, criando um conselho que envolve os governadores e as entidades de prefeitos, vai trazer uma dinâmica muito importante e vai reconstruir o país dentro de uma outra base econômica, social e política, ajudando as pessoas que mais precisam “As 14 mil obras paralisadas no país mostram a destruição que o governo Bolsonaro fez neste país. Lula está lançando uma medida para terminar obras que ele e Dilma Rousseff começaram lá atrás. Porque o governo Bolsonaro não lançou nenhum programa no Brasil”, concluiu.
Numa reunião de que participou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, juntamente com governadores do país, o gesto paraibano João Azevêdo falou da descoberta de um “novo Nordeste”, que não se caracteriza mais e apenas pelas consequências do flagelo da seca mas que se identifica, também, como uma região de grandes oportunidades e de potencialidades incalculáveis que, dependendo do apoio o governo federal, poderão converter-se em nichos de emancipação. Como ficou evidenciado na reunião do “Consórcio Nordeste” promovida em João Pessoa, já sob a presidência de Azevêdo, é esse novo Nordeste que deseja escrever uma nova história, pautada no bem-estar do seu povo e na exploração das riquezas do território conhecido como Semiárido. Superada a fase de desgoverno que o país todo vivenciou com Bolsonaro, está emergindo a fase da colheita, em que os frutos do progresso são distribuídos de maneira equitativa e socializados entre todos os habitantes desta região.