A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) realizou, na manhã desta segunda-feira (3), audiência pública para debater a mudança na gestão do Hospital Edson Ramalho. A proposta foi do vereador Coronel Sobreira (MDB), no âmbito da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Direito do Consumidor (CCDHDC), da qual é presidente. Segundo o parlamentar, a administração da unidade hospitalar vai deixar de ser feita pela Polícia Militar e vai passar para a Secretaria da Saúde do Estado da Paraíba.
Coronel Sobreira explicou que há 31 anos o Edson Ramalho é gerido pela Polícia Militar, mas é um hospital que atende a todos e que durante esse tempo não teve nenhum escândalo de malversação de verba pública. “É um hospital de portas abertas, que recebe um grande número de pacientes diariamente. Nossos agentes de segurança pública não têm prioridade no atendimento, como acham que têm e como deveriam ter”, destacou, acrescentando ainda que a gestão deve permanecer com a Polícia Militar e também que deve ser criada uma policlínica para melhorar a qualidade da saúde oferecida aos agentes de segurança.
“As pessoas que compõem o sistema de segurança pública de nosso estado são as que arriscam suas vidas para proteger cidadãos que nem conhecem. É uma profissão de risco, mas os governantes não têm preocupação com essa categoria, não valorizam”, ressaltou o parlamentar, destacando que saúde é um direito básico e que é preciso diálogo nas decisões.
Em seguida, o Coronel Castro, presidente da Caixa Beneficente dos Oficiais e Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, relatou haver um público que procura a entidade para pedir ajuda para ser atendido no Hospital Edson Ramalho. Ele enfatizou ser importante o diálogo entre o Governo da Paraíba e as associações representativas. “Nós, das entidades, não fomos chamados para discutir isso e seria uma oportunidade para que todas as entidades fossem ouvidas. Não que fôssemos decidir algo, mas que pudéssemos dar nossa opinião”, comentou.
O Coronel Batista fez um resgate histórico do atendimento médico da Polícia Militar, da existência do Hospital Edson Ramalho, em 1942, até o início da gestão militar em 1991. Já o Tenente Inaldo da Saúde ressaltou que essa discussão sobre a gestão do hospital não estaria acontecendo se a Polícia Militar tivesse um plano de saúde, no entanto defendeu a permanência da gestão com a PM. “Os militares têm amor pelo que fazem e paixão em atender. Acredito que o governador vai rever a decisão e a gestão vai continuar com a Polícia Militar, atendendo com eficiência e capacidade”, afirmou Inaldo da Saúde.
Por sua vez, o deputado Sargento Neves se disse insatisfeito com a atuação do Governo Estadual quanto à saúde da categoria. “A polícia está doente. A cada dia que passa, escutamos policiais que precisam de atendimento. (…) Ele [Governo do Estado] não escuta as nossas instituições da segurança pública e impulsiona uma sessão como esta, hoje [com a mudança já engatilhada], a deixar um desconforto na nossa instituição. (…) Tenho certeza que dá tempo de escutar nossas demandas e quem ganha são nossos militares”.
Já o Coronel Francisco, que preside o Clube dos Oficiais da Polícia e Bombeiros Militares da Paraíba (COPM-PB), ressaltou que é importante considerar o contexto histórico de relacionamento e comprometimento que o Governo Estadual deve ter com policiais e bombeiros: “Desde o início, cada tijolo foi colocado por eles. Esse vínculo é muito forte e por isso precisa ter das autoridades o mínimo de bom senso para que a gente possa conduzir um momento tão crítico como este. Em outro aspecto, o que nos deixa muito tristes é a forma como está sendo conduzido, que é dolorosa, cruel, desleal. Temos um quadro de oficiais médicos lá que tem um trabalho grande e hoje não sabe nem como vai conduzir”.
“Nós exercemos nosso direito de requerer, de buscar aquilo que nós desejamos, que é manter o Edson Ramalho na nossa condução, dos administradores da Polícia Militar. Mas o governo pouco dá ouvido àqueles que trabalharam, que tanto padeceram pelos rincões dessa Paraíba a garantir a segurança do próprio estado, do próprio governo”, declarou o Coronel Ardnildo Morais.
Por fim, o Coronel Maquir, presidente da Associação do Pessoal Inativo da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros e ex-diretor do Hospital Edson Ramalho, ainda destacou: “Um homem motivado trabalha por dez, e com isso, estão desmotivando. Há 31 anos estamos à frente dele [do Hospital] que vem crescendo. Se ele cresceu e está atendendo dentro dos parâmetros do SUS, então, a quem interessa retirar a administração do Edson Ramalho da Polícia Militar?”. Maquir avaliou que a criação de uma policlínica para as forças de segurança seria bom, mas ele discorda de substituir toda a estrutura, especialidades e quadro de funcionários do Hospital por ela.