Nonato Guedes
O senador Efraim Filho, expoente do União Brasil, confirmou ter declarado apoio público à pré-candidatura do prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD) à reeleição e, também, disse que o convidou a migrar de partido, ingressando no UB. Apurou-se que o convite para a filiação de Bruno materializou-se durante evento do governo federal na Rainha da Borborema, que contou com a participação do ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Bruno foi alinhado ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas recentemente, quando da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Paraíba, na passagem por Campina Grande, recepcionou o mandatário. Efraim, que também foi bolsonarista na campanha de 2022, atualmente mantém um apoio crítico, que ele chama de “independente” ao governo Lula, onde despontam ministros indicados pelo União Brasil, como Juscelino Filho.
Numa entrevista, ontem, ao Sistema Arapuan de Comunicação, o senador Efraim Filho deixou em aberto a hipótese de apoio à candidatura do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), à reeleição, admitindo que no passado recente teve bom entrosamento com o gestor mas salientando que a conjuntura para 2024, sobretudo nos grandes centros, comporta análises coerentes com as peculiaridades locais. Ele não descartou, no rol de alternativas disponíveis para exame pelo União Brasil, o lançamento de candidatura própria a prefeito na Capital, embora não tenha se aprofundado na discussão ou especulação de nomes. Cícero é da base do governador João Azevêdo (PSB), com quem Efraim rompeu para poder viabilizar sua candidatura ao Senado, que acabou vitoriosa, depois de pressentir que o esquema oficial estava relutante em apoiar sua pretensão. Na campanha majoritária do ano passado, ele fez dobradinha com o então deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), que disputou o governo e avançou para o segundo turno, perdendo por diferença considerada apertada para João Azevêdo, mas obtendo conquistas em João Pessoa e em municípios da Grande João Pessoa.
A respeito do seu relacionamento com o ex-deputado Pedro Cunha Lima, o senador Efraim Filho deixou claro que mantém contatos com ele e que ambos trocam impressões sobre a evolução do cenário político, principalmente em relação à Paraíba. Ultimamente o nome de Efraim tem sido ventilado na mídia como opção para concorrer pela oposição ao governo do Estado em 2026, mas o parlamentar é cauteloso a respeito de tais insinuações. Para ele, a prioridade das lideranças políticas está focada nas eleições municipais do próximo ano, em paralelo com o debate ampliado sobre projetos estruturantes e obras de expressão que beneficiem o Estado da Paraíba. Na semana passada, Efraim, fiel às suas origens municipalistas, hipotecou apoio às reivindicações de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores que empreenderam a Marcha a Brasília com o intuito de pressionar autoridades federais e líderes parlamentares a finalmente viabilizarem o chamado pacto federativo. Ele aproveitou para levar prefeitos paraibanos a ministérios com vistas à tramitação de pleitos imediatos que foi acolhida por parte dos respectivos titulares. Para Efraim, a reivindicação pelo pacto federativo é irreversível, com perspectiva de que ele venha mesmo a se concretizar, por imperiosidade da realidade dos municípios, que arcam com ônus de forma desigual em comparação com Estados e com a União.
Ao avaliar o governo do presidente Luiz Inacio Lula da Silva, provocado por repórteres do Sistema Arapuan, o senador Efraim Filho pontuou que há erros e acertos a serem analisados. E mencionou como um dos acertos o arcabouço fiscal que foi colocado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “que traz elementos positivos, consequentemente com impacto favorável dentro do Congresso Nacional”. Citou que até o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pronunciou-se na mesma linha. “Havia um certo receio entre os investidores, empresários e na sociedade como um todo de que a proposta de equilíbrio fiscal apresentada pelo governo federal não trouxesse o limitador das despesas. A preocupação era que a gente não voltasse a um tempo que não deixou saudades, na gastança desenfreada – ou seja, uma fase em que o governo gastava mais do que arrecadava, o que leva para o buraco ou para a quebradeira. No grosso, a proposta de Haddad diz que a despesa do governo Lula só poderá aumentar até o limite de 70% do aumento da arrecadação. Isto quer dizer que a gente não terá um desequilíbrio descontrolado, permanecendo a dívida, então, nos patamares atuais”, explicou.
Se o país apresentar crescimento econômico acima da média, será possível sonhar, até, com a redução substancial da despesa – arrematou Efraim Filho. O senador revelou que tem procurado ser coerente com as bandeiras que agitou na campanha eleitoral, agora no exercício do mandato de senador, priorizando as causas de verdadeiro interesse público – e, no caso da Paraíba, mantendo-se atento a pleitos para os quais continua destinando emendas de sua autoria com fixação de recursos. Efraim relembrou a sua trajetória para eleger-se ao Senado, derrotando candidaturas como a da ex-deputada Pollyanna Dutra (PSB), apoiada pelo governador João Azevêdo, e do ex-governador Ricardo Coutinho (PT). Considera que venceu por ter demonstrado um perfil proativo, condizente com as necessidades da maioria do eleitorado brasileiro. E reafirmou o compromisso de se esforçar, com denodo, para entregar à Paraíba o “melhor mandato” da sua jornada deflagrada com passagens relevantes pela Câmara dos Deputados.