Nonato Guedes
A seção paraibana do Partido dos Trabalhadores está em estado de graças com as nomeações de filiados seus para cargos federais importantes, no Estado e em Brasília. Uma das escolhas mais festejadas foi a do advogado Antônio Barbosa, presidente do diretório municipal em João Pessoa, como superintendente do Incra no Estado, pasta estratégia para a implementação de projetos ligados à reforma agrária, uma das bandeiras que o PT tem empalmado ao longo da sua trajetória. O deputado federal Luiz Couto informou, através de redes sociais, ter trabalhado pela confirmação de Barbosa no posto, junto a ministérios e à própria presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann.
– Esperamos, agora, reconstruir junto ao governo do presidente Lula e à militância do campo e da cidade esse órgão tão massacrado pelo governo de Bolsonaro, trazendo dignidade para os trabalhadores e trabalhadoras do campo através da regularização fundiária e dos projetos que dignifiquem os territórios assentados ou que lutem por reforma agrária – salientou Luiz Couto, ao mesmo tempo em que disponibilizou o seu mandato para colaborar com o êxito da gestão que passa a ser assumida por Barbosa. Ele foi candidato a vice-prefeito de João Pessoa na chapa encabeçada por Ricardo Coutinho pelo PSB em 2020 e que não logrou vitória nas urnas. Na época, o PT lançou candidatura própria, a do ex-deputado estadual Anísio Maia, mas o nome de Ricardo se impôs, inclusive, à preferência e recomendação de voto por parte de Lula. Houve pendência judicial com a retirada do nome dele da chapa de Coutinho, mas Barbosa se manteve firme no apoio a Ricardo.
Luiz Couto emplacou outro nome em cargo federal, o do ex-presidente da CUT na Paraíba, Paulo Marcelo, para assumir a Delegacia Regional do Trabalho. Paulo Marcelo foi candidato a vereador pelo PT em 2020 em João Pessoa. Assumiram cargos, no governo Lula, a militante sindical Maria Auxiliadora dos Santos, paraibana de São José de Caiana, nova integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável da Presidência da República e Kleyber Oliveira Nóbrega, servidor de carreira do Incra, na direção do Departamento de Obras Hídricas e Apoio a Estudos sobre Segurança Hídrica da Secretaria Nacional vinculada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional em Brasília. Um outro militante do PT da Paraíba, Flávio Tavares, foi nomeado para integrar a coordenação-geral de Planos Participativos do Departamento de Regularização, Urbanização Integrada e Qualificação de Territórios Periféricos da Secretaria Nacional de Políticas para Territórios Periféricos.
O presidente do diretório estadual do PT, Jackson Macêdo, saudou as nomeações feitas, destacando que elas contemplaram “companheiros valorosos” que poderão oferecer uma colaboração qualificada, de alto nível, aos projetos sociais elencados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assinalar o terceiro governo que está exercendo. Na prática, as primeiras nomeações desanuviaram o ambiente dentro do PT local, onde alguns integrantes temiam a concorrência de partidos aliados do governo Lula para avançar no comando de órgãos tidos como relevantes. A cúpula nacional petista havia sinalizado que estava em curso um cronograma de substituições e preenchimento de funções em todo o país, preparatório aos ajustes para a reinstauração da Era PT. Nesse sentido, teria que haver acomodação para incluir legendas indispensáveis à governabilidade do Lula III. É o que está se materializando.
A expectativa na Paraíba ainda é quanto ao aproveitamento do ex-governador Ricardo Coutinho na estrutura do governo federal petista. Candidato derrotado ao Senado nas eleições de 2022, Ricardo Coutinho é quadro respeitado junto à cúpula nacional petista e tem linha direta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, inclusive, fez declarações de apoio a ele em face de denúncias agitadas no bojo da Operação Calvário sobre desvios de recursos da Saúde e da Educação no período em que Ricardo administrou o Estado. As complicações judiciais têm atrapalhado a confirmação do nome do ex-governador em algum posto federal. Ele chegou a ser cogitado para ocupar chefia de um dos órgãos de expressão em toda a região Nordeste, mas as articulações nesse sentido não evoluíram. Agora, insinua-se que Coutinho poderá vir a ser encaixado no comando de uma das organizações do chamado “Sistema S”. De Brasília, onde se encontra, ele mantém silêncio estratégico, sobre suas pretensões e sobre suas probabilidades.