Nonato Guedes
Os segmentos culturais da Paraíba estão de luto com a morte, na madrugada de hoje, em João Pessoa, vítima de infarto fulminante, do poeta, escritor, jornalista e editor literário Juca Pontes, as 65 anos de idade. Nascido em Campina Grande, foi em João Pessoa onde Juca Pontes destacou-se por uma fértil produção intelectual, empreendida há mais de trinta anos, tanto no meio jornalístico quanto no meio literário. Sempre foi um estudioso das letras, obteve reconhecimento nacional pelas suas obras, talento e profissionalismo.
Atuou em parceria com grandes nomes das artes e letras e foi incentivador de gerações, tendo se revelado em diferentes veículos de comunicação e instituições ligadas à Cultura no Estado. A Confraria Sol das Letras, da qual Juca Pontes era vice-presidente, emitiu a seguinte nota de pesar: “A Confraria Sol das Letras vem externar sua profunda consternação ante a súbita e dolorosa perda do seu vice-presidente, o poeta Juca Pontes. Juca foi um dos primeiros a acreditar no projeto para divulgar a nossa literatura não apenas para os paraibanos, mas para todo o mundo, e esteve presente, participando ativamente de todos os momentos e eventos promovidos pelo Pôr do Sol, desde sua fundação, em dezembro de 2013. Juca deixa um notável e raro legado como poeta, editor, pai, companheiro e amigo que ficará para sempre em nossa memória”.
Juntamente com Carlos Roberto de Oliveira, já falecido, Juca Pontes foi o editor do livro “A Fala do Poder”, deste repórter, e teve uma atuação decisiva na elaboração e no êxito do empreendimento, tendo estimulado a reedição com modificações, que estava ensaiada. Era um entusiasta dos lançamentos culturais na Paraíba e se projetou, ele próprio, como um dos nomes de destaque dessa galeria. Presença assídua em eventos culturais, Juca Pontes ganhou o respeito e a admiração da intelectualidade paraibana e dos expoentes da produção na região. Produziu, em parceria com o fotógrafo João Lobo, um livro de poemas e fotografias sobre a Pedra do Ingá, intitulado “Itacoatiara, luz e mistério”. Em 2013, lançou o livro “Ciclo vegetal”, obra que levou 15 anos para ser finalizada. Também escreveu “Ranhuras do Corpo”, com desenhos de Chico Dantas. Foi responsável por projetos marcantes como Jornal Oficina Literária, Caderno Paraibano de Cultura, além das revistas Presença Literária e Educação e Cultura.
O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, reagiu nas redes sociais à notícia da morte de Juca: “Hoje, vivo um dos dias mais tristes do últimos anos. Meu amigo, irmão, exemplo de brilhantismo na literatura e na vida. Juca Pontes se foi. Juquinha foi um imortal, não pela cadeira que ocupou na Academia Paraibana de Letras, mas pelo respeito, carinho e amor com que se dedicou à língua portuguesa e ao afeto que compartilhou com aqueles que estavam ao seu redor”. O corpo será velado na central São João Batista e em seguida cremado.