Nonato Guedes
Os cem dias do segundo governo do socialista João Azevêdo à frente dos destinos da população da Paraíba, simbolicamente pontuados ontem, trazem um ritmo maior na execução de obras e atração de investimentos e uma melhor interlocução com os canais competentes de poder, no âmbito federal, no destravamento de projetos e de ações, algumas de caráter estruturante, em segmentos importantes para a vida do Estado. Já foi possível a Azevêdo, por exemplo, lançar bases do Programa Nacional de Segurança com Cidadania na Paraíba, em articulação com o Ministério da Justiça e Segurança Pública. O diálogo tem sido proveitoso no Ministério da Fazenda e, mais proveitoso ainda, no Ministério da Saúde, onde programas pioneiros que foram originalmente traçados na Paraíba passaram a ser adotados como referência nacional, estendendo-se a outros Estados da Federação.
A relação pacífica com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) constitui, sem dúvida, o grande ganho de qualidade que o governador João Azevêdo ostenta, envaidecido. Afinal de contas, ele apoiou decididamente a candidatura de Lula, desafiando hostilidades e olhares enviesados do governo então pilotado por Jair Bolsonaro (PL), um especialista no confronto permanente. A beligerância que foi nota característica da única gestão de Bolsonaro no trato não apenas com governadores de Estados mas com inúmeros segmentos da sociedade, incluindo artistas e jornalistas, foi responsável pela atmosfera constante de instabilidade que, por vezes, ameaçava descambar para a ruptura institucional, bastante emblemática nas quedas de braço travadas pelo presidente da República com instituições com o Supremo Tribunal Federal, em plena pandemia de covid-19, situação de emergência em que os Estados foram postos à prova diante do negacionismo federal.
João Azevêdo nunca escondeu que, na perspectiva de conviver com um governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teria condições de mobilidade para fazer deslancharem projetos estruturantes do interesse da Paraíba, que não foram encarados com prioridade por ministros da administração anterior, como de resto, houve discriminação até mesmo a Estados influentes, cujos gestores não rezavam necessariamente pela cartilha bolsonarista nem se afinavam com seus postulados dogmáticos, sectários, radicais – um conjunto de aberrações a somar ponto fora da curva no edifício democrático brasileiro. Sabe-se de planos que foram arquivados por governadores, do Nordeste e de outras regiões, por desconfiança quanto a suporte do Planalto para que tivessem partida ou pudessem, efetivamente, avançar. A política de Bolsonaro, como se sabe, consistiu em orquestrar o tempo todo para jogar a opinião pública contra os governantes eleitos pelo voto, no afã de estragar o que eles vinham fazendo para corresponder a expectativas em si depositadas.
Pode-se afirmar, com segurança, que os governadores remanescentes da Era Bolsonaro que foram reeleitos juntamente com a ascensão do petista Luiz Inácio Lula da Silva são “sobreviventes heróicos” de uma quadra de obscurantismo cultural e de retrocesso político que tentou se instaurar no Brasil, renegando avanços e conquistas que já haviam sido incorporadas ao processo de oxigenação ou de transformação dos pilares da sociedade brasileira, em sua busca perene pela emancipação e pelo crescimento. A expectativa é de que já neste primeiro semestre venham a se materializar resultados da ofensiva administrativa vigorosa que tomou corpo no formato do segundo governo de João Azevêdo e nos primeiros cem dias do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As condições objetivas para tanto estão criadas – e não falta empenho por parte de gestores reeleitos para oferecerem o melhor de si em novo ambiente de temperatura e pressão. Há mais do que luz no fim do túnel – há esperança concreta de melhoria de vida para o povo brasileiro.
O governador João Azevêdo chega aos cem dias da segunda gestão investido, com autoridade, na presidência do Consórcio Interestadual do Nordeste, com assento privilegiado no Conselho da República, o que faz dele uma espécie de porta-voz credenciado, de forma legítima, para agitar as bandeiras e as reivindicações que sensibilizam todo o continente do semiárido. Para quem tinha dificuldade de acesso a audiência no Palácio do Planalto, é conquista e tanto. Azevêdo tem, ainda, a seu favor, o trânsito em ministérios considerados estratégicos que atualmente são ocupados por ex-governadores, seus colegas no período da primeira administração à frente da Paraíba. É, fora de qualquer dúvida, uma conjuntura excepcionalmente promissora, ou vantajosa, para Estados cansados de indiferença e desatenção do Poder Central. O governador João Azevêdo vence a barreira dos cem dias posicionado em céu de brigadeiro, com a faca e o queijo nas mãos para beneficiar a Paraíba, redimindo-a das injustiças sofridas, e para contribuir com o Nordeste no projeto de redenção que passa a experimentar em todos os Estados.