Nonato Guedes
O deputado federal Gervásio Maia, presidente do diretório estadual do Partido Socialista Brasileiro (PSB) na Paraíba, anuncia para amanhã a deflagração de uma grande ofensiva de fortalecimento da legenda, com filiações em massa, de prefeitos e lideranças políticas de todas as regiões, em evento em João Pessoa que assinalará, também, posse de novas direções socialistas, inclusive, a da Capital. O presidente nacional da agremiação, Carlos Siqueira, o governador João Azevêdo e deputados estaduais marcarão presença no evento, que faz parte da estratégia da cúpula para reforçar a estrutura e as fileiras do PSB com vistas à disputa das eleições municipais de 2024 e virtual preparação para as eleições majoritárias de 2026.
Na opinião do presidente Gervásio Maia, prefeitos e lideranças políticas estão migrando para o PSB atraídos, colateralmente, pelo trabalho que a atual administração do governador João Azevêdo desenvolve m todas as regiões do território paraibano, ainda agora cumprindo agenda em municípios com entrega de realizações. Textualmente, enfatizou o parlamentar: “Temos um governo equilibrado, com as contas em dia e sendo destaque nacional em diferentes políticas públicas de interesse da sociedade. Esse modelo de gestão tem sido referência para muitos administradores, que admiram e acreditam no projeto do governador João”, acrescentou Gervásio. O dirigente socialista mencionou, também, o papel de liderança que o chefe do Executivo reeleito na disputa de 2022 ampliou de forma extraordinária, ao se tornar presidente do Consórcio Interestadual do Nordeste, com assento no Conselho da República, onde defende propostas e reivindicações do semiárido e, em especial, do Estado da Paraíba.
Há uma movimentação, nas fileiras do PSB, para que o partido tenha um protagonismo maior nas instâncias de poder do Estado, cortejando prefeituras de colégios eleitorais importantes como João Pessoa e Campina Grande, e forjando nomes para chapa majoritária competitiva em 2026. Em João Pessoa, de certa forma, as articulações ficam inibidas por causa da promessa de apoio do governador João Azevêdo à reeleição do prefeito Cícero Lucena (PP), com quem tem uma bem-sucedida parceria administrativa, de inevitáveis reflexos políticos. Expoentes do PSB não questionam o posicionamento de João Azevêdo nem pretendem atrapalhar a sua voz de comando, mas defendem com ênfase o próprio projeto como legítimo, sugerindo que nomes socialistas, principalmente quadros emergentes, sejam levados em consideração nas decisões finais que serão tomadas até o primeiro semestre de 2024.
O “caso da Capital” é avaliado como um caso em aberto na agenda política-eleitoral a ser aprofundada diretamente com o governador João Azevêdo, em cuja sensibilidade o deputado Gervásio Maia e outros expoentes apostam para promover uma composição equilibrada, que leve em conta a capilaridade das siglas que dão sustentação ao segundo governo estadual pilotado por João. Entre os quadros de destaque mencionados figuram, além de Gervásio, a ex-deputada Pollyanna Dutra, secretária de Desenvolvimento Humano, que teve votação expressiva e surpreendente quando concorreu ao Senado faltando 45 dias para o “Dia D” e enfrentando gestos de “cristianização” por parte de aliados de Azevêdo, que tinham assumido outros compromissos, e o secretário Tibério Limeira, que passa a ter projeção no diretório municipal de João Pessoa. O governador tem procurado mover-se com habilidade no campo político, pesando os prós e os contras, de modo a não entrar em choque com o Republicanos e o Progressistas, que são pilares da base política oficial.
Na disputa majoritária de 2022, o Progressistas ficou com a vice-governança, na figura de Lucas Ribeiro, filho da senadora Daniella Ribeiro, do PSD. O Republicanos assegurou sua hegemonia no comando da Assembleia Legislativa do Estado, através do presidente Adriano Galdino, e também foi patrono da indicação de nomes para secretarias estratégicas do segundo período empalmado por João Azevêdo, a exemplo do titular da Educação, Roberto de Souza, que, curiosamente, mantém-se filiado ao PT do Ceará, onde atuava como docente e como dirigente de Coordenadoria de Ensino do Estado. O leque de partidos em apoio ao governo de João Azevêdo contempla remanescentes históricos do PT, que, inclusive, foram ungidos para secretarias ou outras pastas relevantes. Por assim dizer, Azevêdo rege um governo de coalizão – que se tornou maior do que a primeira aliança firmada na sua chegada ao poder em 2018. Por isso mesmo, por conhecer as pretensões e os interesses que já começam a despontar, é que o chefe do Executivo move-se com habilidade a fim de não acumular defecções nem dar qualquer passo em falso que leve ao enfraquecimento do sistema de forças que inegavelmente lidera na conjuntura paraibana.