Nonato Guedes
Em entrevista exclusiva, ontem, no seu gabinete de trabalho, aos jornalistas Nonato Guedes e Lenilson Guedes, o governador João Azevêdo (PSB) finalmente admitiu que poderá concorrer a uma vaga ao Senado nas eleições de 2026, desde que haja um processo de “construção” articulado com as forças políticas que lhe apoiam, incluindo partidos da base que participam da sua gestão, como o Progressistas, o Republicanos e o próprio PT. O chefe do Executivo deixou claro que nunca colocou essa possibilidade como uma ambição pessoal, mas não a descarta como parte de uma decisão coletiva, do agrupamento que lidera no Estado. Até então, ele vinha se esquivando de opinião sobre o assunto. Ainda esta semana, no evento do PSB, ao ser lançado pelo deputado Tião Gomes em discurso, respondeu que era cedo para tratar da hipótese.
À reportagem, João Azevêdo enfatizou que não pretende avançar dèmarches ou tratativas sobre candidatura, pois pretende manter-se focado nas pautas administrativas de interesse do Estado e também porque entende que não deve ser atropelado o calendário, que dá prioridade, em 2024, às eleições municipais, incluindo centros urbanos expressivos como João Pessoa e Campina Grande. “Tudo será tratado no seu tempo”, evidenciou o governador, que, por isso mesmo, não se abriu em especulações sobre candidaturas à segunda vaga ao Senado. O presidente do Consórcio Interestadual do Nordeste, há pouco tempo, quando provocado sobre postulação em 2026 ao Senado, despistou alegando que poderia concorrer, por exemplo, à Câmara Federal. Mas aliados próximos revelam que ele está se convencendo de que poderá brilhar com destaque no Senado, oferecendo valiosa contribuição à Paraíba, pelo conhecimento adquirido sobre a realidade do Estado – e não apenas nestes dois mandatos que está empalmando, mas quando esteve à frente de secretarias estratégicas em governos como o de Ricardo Coutinho (PT), com quem está rompido. A propósito: Azevêdo, na entrevista, deixou claro que não tem nada de pessoal contra Ricardo – inobstante o contencioso que os separou a partir da Operação Calvário.
O governador aproveitou a entrevista para tranquilizar os aliados de outros partidos que estão se compondo com o seu governo quanto ao perigo de concorrência do PSB com tais legendas em termos de filiações de quadros, diante da ofensiva que ocorreu esta semana, atraindo quase uma centena de prefeitos e líderes municipais para as hostes socialistas. “Posso garantir que não vamos avançar sobre a autonomia de nenhum partido aliado, muito menos atropelar suas estratégias e projetos de poder. As adesões que ocorrerem ao PSB se darão por livre e espontânea vontade dos que procuram melhor espaço de acomodação por estarem enfrentando problemas em outras legendas. Insisto em que a unidade do nosso esquema é fundamental para as vitórias futuras que possamos alcançar”, expressou João Azevêdo. Que também não aprofundou análises sobre candidaturas à sua sucessão ao Executivo, reiterando que elas serão forjadas na base do consenso ou do entendimento entre as forças que disputam espaços de forma legítima na conjuntura política.
O que o governador se propõe a oferecer aos aliados são resultados positivos da sua administração à frente dos destinos da Paraíba e, para tanto, conta com a perspectiva de apoio acenado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com investimentos estruturantes no Estado, os quais foram objeto de explanação pelo chefe do Executivo em reuniões com o mandatário. Aliás, João Azevêdo não escondeu sua euforia com o fato de que a Paraíba conquistou, pelo terceiro ano consecutivo, o rating AA+ pela Standard & Poor’s Financial Services (S&P Global Ratings), uma das maiores agências de classificação de risco do mundo. Para ele, a nota atesta que o governo continua fazendo uma gestão eficiente, com responsabilidade fiscal e capacidade de fazer grandes investimentos com recursos próprios. “Este é o terceiro ano consecutivo que a Paraíba obtém o Rating BRAA+ da S&P Global Ratings, o que atesta a condição do governo de realizar investimentos com recursos próprios e captar recursos utilizando-se de sua capacidade de pagamento e endividamento, de forma a acelerar a execução de novos projetos e obras de infraestrutura que estimulem o desenvolvimento socioeconômico sustentável do Estado”, mencionou o governador.
Em primeira mão, João Azevêdo revelou à reportagem que nos próximos dias a Paraíba sediará nova reunião de governadores e autoridades que integram o Consórcio Interestadual Nordeste, para avaliação e acompanhamento de políticas públicas e metas que foram fixadas em encontros anteriores e para elaboração de novas reivindicações, de comum acordo com as necessidades e a evolução dos desafios dos Estados-membros. O governador paraibano mantém-se otimista quanto ao apoio do presidente Lula e dos seus ministros no tocante ao atendimento de demandas da região Nordeste. Ele aproveitou a ocasião para relatar em detalhes as dificuldades que enfrentou durante a gestão Bolsonaro, quando da orquestração para incompatibilizar governadores com a sociedade no período das medidas emergenciais para conter a escalada da covid-19. “A realidade se encarregou de mostrar que as medidas eram imperiosas e corretas para salvar vidas”, comentou. E arrematou: “Hoje, estamos vivendo um novo tempo, e isto é auspicioso não só para a Paraíba como para o Nordeste e para todo o Brasil”.