Nonato Guedes
O senador Efraim Filho, presidente estadual e líder do “União Brasil” no Senado, anunciou para a próxima sexta-feira, na Assembleia Legislativa, em João Pessoa, a realização da convenção estadual, com novas filiações de prefeitos e lideranças políticas à agremiação. O evento, conforme ele, faz parte da estratégia do “União Brasil” para se fortalecer politicamente tendo em vista a disputa das eleições municipais para prefeito, vice-prefeito e vereador em 2024. “Estaremos deflagrando o processo de organização do partido na perspectiva de ampliar espaços no pleito vindouro”, assinalou o parlamentar, confirmando convites formulados ao prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD) e ao presidente da Câmara Municipal de João Pessoa, Dinho Dowsley, para formarem nos quadros do “União Brasil”.
“Vivemos um bom momento na Paraíba e estamos intensificando as conversas para reforçar nossos quadros, com a chegada de prefeitos, por exemplo”, afirmou o senador, falando a emissoras de rádio da Capital. As filiações, de acordo com Efraim, acontecerão dentro do “timing” de políticos sondados e que estejam interessados em somar forças com o projeto de poder que já está sendo cogitado. Além de eleger Efraim para o Senado, o “União Brasil” elegeu o deputado Damião Feliciano para mais um mandato na Câmara Federal e deputados estaduais que atuam de forma articulada, na Assembleia Legislativa da Paraíba. O prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, que é candidato à reeleição, enfrenta dificuldades com a direção estadual do PSD para se manter na legenda e vem buscando alternativa segura para se manter em cena. Essas dificuldades ganharam corpo desde a migração do então vice-prefeito Lucas Ribeiro, do PP, para o esquema do governador João Azevêdo (PSB), de quem se tornou vice nas eleições do ano passado. PP e PSB tentam construir uma aliança para a disputa de 2024 na Rainha da Borborema.
Por outro lado, o senador Efraim Filho assinou o requerimento para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito Mista no Congresso visando apurar os atos de oito de janeiro em Brasília, quando prédios dos três Poderes foram invadidos e vandalizados. Para o parlamentar paraibano, é necessário um amplo esclarecimento dos atos de vandalismo, também em virtude do compromisso com a defesa das instituições democráticas no país. “A sociedade cobra essa apuração para que não pairem dúvidas a respeito das responsabilidades, e o Congresso Nacional tem condições de oferecer uma colaboração isenta, imparcial, para o deslinde dos fatos”, expressou o líder do “União Brasil”. Na Câmara Federal, os deputados paraibanos Wellington Roberto e Cabo Gilberto Silva, do PL, Ruy Carneiro e Romero Rodrigues, do Podemos, subscreveram o requerimento. A sessão de instalação da CPMI foi remarcada para quarta-feira da semana que vem, no dia 26.
Embora o senador Efraim Filho evite comentários sobre o assunto, seu nome começa a ganhar corpo em segmentos políticos de oposição na Paraíba como alternativa para disputar o governo do Estado em 2026. Em algumas áreas, já se fala que o deputado federal Romero Rodrigues, ex-prefeito de Campina Grande, poderá compor a chapa com Efraim na majoritária, disputando uma das duas vagas ao Senado Federal. Em 2022, os dois políticos estreitaram laços e estiveram juntos na campanha para eleger o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) ao governo do Estado. Pedro chegou a avançar para o segundo turno, onde acabou derrotado pelo governador João Azevêdo (PSB), que pleiteava a reeleição. No segundo turno daquela campanha, Cunha Lima ganhou o apoio do senador Veneziano Vital do Rêgo, que havia concorrido pelo MDB ao Executivo. Para 2026, Veneziano cogita postular a reeleição ao Senado, com o apoio do “clã” Cunha Lima. Caberá ao senador Efraim Filho administrar pretensões, se realmente assumir o desafio de ser candidato ao Palácio da Redenção.
Efraim Filho ganhou passaporte para ingressar no clube dos líderes políticos de destaque da Paraíba pela ousadia demonstrada na campanha de 2022. Ele protagonizou um salto espetacular ao romper com o esquema do governador João Azevêdo e sustentar sua candidatura ao Senado pelo bloco de oposição, capitaneado por Pedro Cunha Lima. A campanha majoritária ganhou novo impulso, com ares de renovação no cenário político local e, além da ascensão de Efraim ao Senado, Pedro superou outros concorrentes e tornou-se protagonista da batalha contra João Azevêdo, polarizando atenções na conjuntura paraibana. Com o retraimento de Pedro do “front” político, após a derrota ao governo, e a orfandade em relação a mandato, o senador Efraim Filho foi alçado, naturalmente, a uma posição de liderança no agrupamento oposicionista. Em Brasília, ele mantém posição independente em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e procura focar em pautas de segmentos da sociedade com quem dialogou no exercício do mandato de deputado federal. É um figurino que, segundo avalia, tem repercussão porque, na prática, ele também entrega resultados à população paraibana.