Nonato Guedes
As recentes declarações do deputado estadual Adriano Galdino (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa, defendendo a pré-candidatura do governador João Azevêdo (PSB) ao Senado em 2026 exprimem a posição de líderes políticos de outros partidos, que seguem a orientação do chefe do Executivo, e que avaliam que ele constitui reforço qualificado para compor a chapa majoritária nos embates futuros. Azevêdo tem evitado precipitar manifestações a respeito para não atropelar o calendário eleitoral que passa por eleições municipais no próximo ano, as quais poderão ser decisivas para o esquema governista, principalmente nos centros maiores, como João Pessoa e Campina Grande. Mas, numa entrevista que concedeu à nossa reportagem há poucos dias, o governador sinalizou que está pronto para novos desafios na trajetória política, em sintonia com o agrupamento de que faz parte.
Na verdade, ele tem consciência de que há outras postulações ao Senado latejando no interior de partidos que compartilham com o PSB a governabilidade do Estado. O próprio Republicanos tem quadros de valor a apresentar, tanto ao Senado quanto ao governo, a exemplo do deputado federal Hugo Motta, líder da bancada na Câmara e que, agora, foi escolhido para vice-presidente nacional da agremiação, dentro do projeto de fortalecimento que a sigla persegue na conjuntura nacional e que ele foi enfático em acentuar no discurso durante a convenção nacional. O Republicanos está em franca ascensão na Paraíba, com três deputados federais oito deputados estaduais, além de presidir a Assembleia Legislativa pelos biênios vindouros e de participar da administração de João Azevêdo ocupando secretarias estratégicas, como a da Educação. Em 2024, a meta será ampliar seus espaços de poder nos municípios, elegendo número expressivo de prefeitos e vereadores. Além dele, o Progressistas, que detém a vice-governança, e PSB do governador João Azevêdo, que foi vitaminado ultimamente por adesões importantes, estão no topo do quadro partidário estadual.
É natural, assim, que o Republicanos acalente pretensões expansionistas, inclusive, porque em 2022 abriu mão de participação na chapa majoritária encabeçada por João Azevêdo, deixando de lutar de forma acirrada por vagas à vice-governança ou ao Senado. O partido focou, em termos de pretensões próprias, no controle do Poder Legislativo, promovendo uma bem-sucedida articulação que reconduziu o deputado Adriano Galdino à presidência da Casa Epitácio Pessoa e levou-o a bater recorde de longevidade no comando daquela instituição. Adriano tem sido um notável colaborador da gestão empalmada por João Azevêdo. Mais do que isso, um partícipe da governabilidade, atuando com habilidade na Assembleia Legislativa para tramitação e aprovação de matérias de interesse da população paraibana e, em paralelo, reforçando iniciativas do governo de João junto a escalões do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para dar partida a demandas que capacitem o Estado para a marcha de crescimento em que vem se empenhando com resultados promissores.
Nas declarações que proferiu levando em conta prognósticos para futuros embates políticos na Paraíba, o presidente da Assembleia Legislativa enfatizou que está mais do que claro que uma candidatura ao Senado é o caminho que o gestor socialista deverá seguir, como corolário da biografia que construiu na vida pública a partir da eleição consagradora ao Palácio da Redenção em primeiro turno nas eleições de 2018. Na sequência, a reeleição alcançada em 2022, no segundo turno, disputando contra o então deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) selou o passaporte do prestígio e da liderança política de João na nova correlação de forças da Paraíba. “O governador tem todas as condições para nos representar no Senado Federal. Eu tenho uma noção muito clara sobre isso, e se o governador sair para ser candidato a senador, ele vai encontrar com toda a certeza o nosso apoio, o apoio do Republicanos”, cravou o deputado Adriano Galdino, com a experiência de quem já atravessou outras batalhas memoráveis na história local.
Além de constituir referência indiscutível para ter assento no Congresso Nacional e participar das discussões envolvendo os grandes assuntos da conjuntura brasileira, o governador João Azevêdo tem a possibilidade de atuar como líder motivador nas eleições agendadas para 2026, infundindo confiança e perspectiva de vitória à chapa que será esboçada, até lá, dentro da perspectiva de dar continuidade ao projeto de poder que ele passou a enfeixar na Paraíba e que o tem projetado nacionalmente, mercê do equilíbrio fiscal e financeiro do Estado, da implantação de programas modelares que são adotados por outros Estados e da característica transparente, democrática, que imprime ao seu estilo de administrar. O presidente do Consórcio Nordeste tornou-se um líder político com RG e com identidade testada e aprovada no voto popular, que é o batismo sagrado dos que têm chances de permanecer na ribalta política. Poderia estar compondo, com méritos, o ministério do presidente Lula, como o que fazem ex-colegas governadores de Estados da região. Mas cumpre outro desideratum – e foi premiado com a presidência do Consórcio Nordeste, de onde articula, de forma conjunta, políticas públicas que favorecem o Nordeste como um todo e a Paraíba em particular. É esse portfólio que os seus liderados não querem ver jogado fora nas eleições que ainda moldarão melhor a nova configuração política da geografia paraibana.