Discutir as demandas relativas ao Centro de João Pessoa e um processo que possa revitalizá-lo foi o objetivo de uma audiência pública realizada pela Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) na tarde desta segunda-feira (08). A solenidade reuniu representantes de diversas entidades, auxiliares do prefeito Cícero Lucena (PP), além de comerciantes que atuam na região.
O autor da propositura e presidente da Frente Parlamentar de Empreendedorismo da CMJP, vereador Thiago Lucena, citou alguns pontos que permeiam o debate sobre os problemas do Centro da capital paraibana. “São demandas provocadas pelas entidades e como presidente da Frente Parlamentar de Empreendedorismo temos uma parceria muito forte com CDL e a Associação Comercial. Essas parcerias fazem com que o debate seja criado, para que eles exponham as demandas, sobretudo as mais urgentes e outras de planejamento, a exemplo da necessidade de um sistema de estacionamento como a Zona Azul para que haja uma rotatividade maior de veículos, além do aumento de segurança, pois estamos vivenciando hoje no Centro Histórico uma ocupação das drogas. Também é preciso estimular a habitabilidade do Centro, pois onde tem pessoas, tem mais segurança”, afirmou.
Thiago Lucena afirmou que debater o fortalecimento do comércio é primordial também, pois o comerciante quer vender para assegurar a geração de emprego e renda. “Parte da nossa catraca gira pelo Centro Histórico, pois se o comerciante não estiver vendendo, se as pessoas não estiverem nas ruas comprando, ele não vai conseguir honrar a folha de pagamento. A Frente Parlamentar quer atuar como uma conciliadora, para que após esse momento, possamos nos reunir novamente e apontar soluções para os pontos mais urgentes”, acrescentou.
Em sua exposição, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Nivaldo Vilar, explicou que vários lojistas do Centro de João Pessoa pediram ajuda para tentar soluções por parte do poder público. “Nossa primeira atitude foi solicitar essa audiência pública para apresentar as principais demandas, como estacionamento, segurança, transporte coletivo, mobilidade, isenção de impostos para o Centro de João Pessoa e retomada de algumas repartições públicas como antigamente, para gerar um fluxo de pessoas”, pontuou.
Por sua vez, Diego Tavares, secretário municipal de Gestão Governamental citou que algumas ações urgentes por parte da gestão municipal já estão sendo tomadas. “Estamos com o projeto para que haja uma ocupação com habitação no Centro, através da desapropriação da antiga Proserv, para que ela seja transformada em conjunto habitacional. Também será lançado o edital para a nova Zona Azul de João Pessoa. A secretaria municipal de Segurança Pública está entrando com câmeras de monitoramento e a antiga Prefeitura que funcionava na Cardoso Vieira será transformada na sede da Guarda Municipal e a sede da Secretaria Municipal de Segurança, gerando mais segurança para o Centro, entre outras ações”, apresentou.
Já Melca Farias, presidente da Associação Comercial da Paraíba, defendeu que apenas cobrar do poder público não irá fazer a revitalização do Centro e conclamou um trabalho conjunto com a iniciativa privada. “Só conseguiremos revitalizar o Centro Histórico e fazer a diferença na nossa cidade quando nos unirmos, empresa privada e setor público. Precisamos entender e pegar as boas referências do Brasil e não adianta dar o remédio sem encontrar o problema e ir à ferida, na dor. Nós só vamos conseguir pegando os exemplos de quem está fazendo bem feito, nos unindo em associativismo. A cultura do associativismo precisa ser uma bandeira de todos os empresários”, falou.
Marcus Alves, diretor executivo da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), destacou que o Centro Histórico de João Pessoa é o lugar da origem da cidade. “Restaurar ou potencializar o Centro Histórico é potencializar a matriz onde tudo começou. Como representante da Funjope, buscamos manter os pés e mãos firmes no Centro Histórico de João Pessoa. Desde o início da atual gestão, está sendo realizado um programa de atividades intensas, desde os equipamentos culturais, como o Hotel Globo, Casa da Pólvora, Casarão 34, Pavilhão do Chá, em um conjunto de atividades que nomeamos como roteiro turístico cultural da cidade de João Pessoa, para a conquista das pessoas para que elas mantenham-se em determinados territórios”, colocou.
O comerciante “Túlio Bicicletas” disse que o desejo dos comerciantes é permanecer no Centro da cidade. “Ninguém quer sair do Centro, seja comerciante ou vendedor ambulante. Precisamos apenas de clareza do que vai efetivamente ser feito e quando será feito”, questionou.
Outro que compareceu à audiência foi Ricardo Pinheiro, proprietário da Livraria do Luiz e morador do Centro. Ele apontou a habitabilidade como o maior problema da área. “Se conseguirmos trazer vida ao Centro Histórico, iremos resolver vários problemas. Trazendo pessoas para morar no Centro, iremos resolver a questão da segurança, da mobilidade. É uma luta de resistência”, completou.
O superintendente da Semob, Expedito Leite, falou que houve o destravamento do processo licitatório do sistema de estacionamento rotativo Zona Azul. “Já concluímos o estudo através de um comitê formado por técnicos da secretaria de Administração e da Semob, obedecendo toda a legalidade possível e que vai contemplar o estacionamento não somente do Centro da cidade, como também todas as áreas monitoradas. Entendemos que essa união de todas as entidades e os órgãos é indispensável para que possamos construir uma política pública de retomada do Centro. ”
Participaram ainda da audiência pública os vereadores Damásio Franca (PP), Eliza Virgínia (PP), Bosquinho (PV), Coronel Sobreira (MDB), Carlão (PL), Emano Santos (PV), Odon Bezerra (PSB), além de representantes da Guarda Municipal e Seplan, bem como diversos comerciantes da área.