Nonato Guedes
Enquanto toca pautas administrativas e se prepara para dar dimensão às celebrações de 40 anos do “Maior São João do Mundo”, o prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD), vem consolidando apoios políticos valiosos, de lideranças de destaque, ao seu projeto de candidatura à reeleição no pleito de 2024. Além de contar com o reforço do “clã” Cunha Lima, representado pelo ex-deputado federal Pedro, que disputou o segundo turno ao governo do Estado nas eleições de 2022, Bruno está se aproximando do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e seu grupo e confia no pleno engajamento do deputado federal e ex-prefeito Romero Rodrigues, inclusive, exorcizando insinuações de que ele estaria sendo motivado a concorrer novamente à edilidade no segundo colégio eleitoral da Paraíba.
A dados de hoje, o esquema ligado ao governador João Azevêdo (PSB), de que fazem parte a senadora Daniella Ribeiro, o vice-governador Lucas e o deputado federal Aguinaldo, é quem se apresenta em melhores condições para competir com Bruno, mas não tem havido progresso ainda no rumo da definição de nome para encabeçar chapa majoritária no âmbito municipal. O próprio nome da senadora Daniella é agitado como alternativa, mas também já se cogitou uma suposta migração do deputado Romero Rodrigues para esse bloco, hipótese que não é considerada por analistas políticos locais. O que se afirma, nas rodas em que o tema fervilha, é que a sucessão eleitoral na Rainha da Borborema encaminha-se para um contexto previsível, sem sinalização de reviravolta, surpresa ou fato espetacular. Nessas condições de temperatura e pressão, o favoritismo de Bruno é admitido até por adversários, que notoriamente quebram cabeça para destroná-lo do páreo.
Em termos administrativos, Bruno tem conseguido furar o bloqueio de acesso a escalões de poder em Brasília, junto ao próprio governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assegurando recursos, também, através de emendas de parlamentares como o senador Veneziano Vital do Rêgo e o deputado federal Romero Rodrigues, este último presidente da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados. Outros parlamentares têm se oferecido para contribuir com a gestão de Cunha Lima, a exemplo do senador Efraim Filho, do União Brasil, de modo que projetos estão sendo normalmente encaminhados em Brasília e a liberação de recursos está sendo viabilizada dentro de rubricas específicas de diferentes órgãos ou pastas. Ainda agora, há emissários do prefeito batalhando patrocínios para o São João em instituições com a Petrobras e o Banco do Brasil, e no plano estadual há pleitos encaminhados ao próprio governo João Azevêdo, que já se comprometeu com a estrutura de suporte do “Maior São João do Mundo”, no evento emblemático esperado para 2023.
No que diz respeito à sua situação partidária, o prefeito Bruno Cunha Lima aparentemente enfrenta desconforto nos quadros do PSD, diante da falta de maior diálogo com a direção estadual, capitaneada pela senadora Daniella Ribeiro, mas assegura ter canais receptivos de interlocução com a direção nacional, mais precisamente com o presidente Gilberto Kassab. Bruno, é claro, não descarta uma desfiliação do PSD caso não haja solução conciliadora que lhe dê segurança e lastro para o projeto de recandidatura a prefeito de Campina Grande. Mas quer tratar desse assunto no momento oportuno, analisadas as conveniências em jogo e examinados os convites que tem recebido para ingressar em outras legendas. Pelo menos cinco partidos acenaram a Cunha Lima com propostas de filiação. O União Brasil, através do senador Efraim Filho, ofereceu-lhe, inclusive, uma ficha partidária, que está em branco, à espera do jamegão ou de outra definição que ele venha a tomar. São gestos que desvanecem o gestor campinense porque lhe abrem janelas de sobrevivência partidária.
Nas declarações públicas, o prefeito Bruno Cunha Lima tem enfatizado sua fidelidade ao grupo político que sempre integrou em Campina Grande, a propósito da aproximação com o senador Veneziano Vital do Rêgo, com quem, até então, não mantinha maior ligação. Na verdade, esse alinhamento com Veneziano está se dando como consequência da aliança firmada pelo senador com o ex-deputado Pedro Cunha Lima no segundo turno das eleições ao governo do Estado em 2022. De lá para cá, o diálogo tem se estreitado, mas sem cobranças, conforme Bruno. Isto deixa o prefeito à vontade para definir com tranquilidade quem postulará a vice na sua chapa à reeleição, estando no radar o nome da doutora Micheline Rodrigues, mulher do deputado federal Romero Rodrigues, mas não apenas ele. Na verdade, o projeto de recandidatura é uma construção que Bruno procura compartilhar com lideranças de prestígio em Campina Grande e no Estado, que estão se comprometendo com sua pretensão. O que lhe interessa, com prioridade, é demonstrar resultados de ações administrativas de impacto que favoreçam os habitantes da Rainha da Borborema. Para tanto, tem sido incansável na busca de fontes de estímulo ao processo de desenvolvimento da cidade, da mesma forma como busca ampliar o leque de aliados, de cujo concurso não prescindirá na batalha para assegurar um novo mandato à frente da prefeitura campinense.