Em entrevista à “Revista Fórum”, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou a articulação política do governo por conta do arcabouço fiscal. O parlamentar, nascido em João Pessoa mas atuante no Estado do Rio, está em um setor mais à esquerda do governo e era um dos cotados para integrar a CPMI dos Atos Golpistas. Contudo, ele foi barrado de participar da comissão por discordâncias com a política fiscal proposta pelo governo Lula para os próximos anos.
– Ninguém pode questionar minha dedicação, a nossa luta à nossa causa, a defesa do Lula, a defesa da Dilma, nos momentos mais difíceis. Ninguém aqui pode questionar isso – declarou o parlamentar em entrevista à “Fórum”. Para Lindbergh, retirá-lo da CPMI foi revoltante. “Eu, de fato, fiquei muito revoltado”, completou o parlamentar, descartando, porém, a possibilidade de abandonar as hostes petistas. As informações divulgadas na imprensa e confirmadas por Farias mostram que ele foi retirado dentro do ato por conta do arcabouço fiscal, embora tenha sido liderança firme na defesa de Dilma e de Lula durante o período de impeachment da Lava-Jato.
Diversas outras alas à esquerda do governo, como o PSOL, têm tido dificuldades em engolir a proposta, avaliada como conservadora pelos quadros mais progressistas do Congresso. “Eu tenho uma discordância e uma preocupação muito grande com o arcabouço fiscal porque eu quero que o nosso governo dê certo”, afirmou Lindbergh. “Eu não posso discordar? Eu não posso ter divergência?”, questionou.
Para o deputado, o governo é rígido com os seus críticos à esquerda e não tensiona com os setores mais ao centro do Congresso Nacional. “A nossa articulação política é muito frágil, é quase um gatinho quando se fala na articulação política com o Arthur Lira (presidente da Câmara) e com o Centrão”, disse. E continuou: “Eu não vejo essa valentia toda na hora de articulação com o Centrão. Os nossos negociadores são muito amadores. Eles não se impõem. Tem uma ala do PT aqui em Brasília que sempre teve uma aproximação com o Lira e trata ele como aliado”. Ao explicar porque não cogita sair do partido e da base do partido, Lindbergh frisou: “O PT é minha vida. Eu quero lutar dentro do PT. Não vou sair não. Eu só acho injusto”.