Nonato Guedes
Líderes políticos que fazem oposição ao governo de João Azevêdo (PSB) na Paraíba enfrentam dificuldades para sustentar o combate à segunda gestão por ele empalmada, de forma a produzir desgaste junto a segmentos da opinião pública local. Essas dificuldades são comuns, por exemplo, aos senadores Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e Efraim Filho (União Brasil), ao ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) e a parlamentares, federais e estaduais, que durante a campanha de 2022 identificaram-se como discípulos do ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado em segundo turno pelo líder Luiz Inácio Lula da Silva. A situação é tanto mais desconfortável pelo fato de que o governo tem se mantido na ofensiva, promovendo eventos de repercussão social, como ainda ontem, quando trouxe o ministro da Educação, Camilo Santana, para lançar programas de impacto nessa esfera.
O ministro fez questão de ressaltar a ótima colocação que a Paraíba alcança no ranking nacional no setor educacional, graças à adoção de um modelo que tem reflexos promissores no processo de alfabetização e no sistema de aprendizagem como um todo. Modelo que, aliás, conta com a assinatura de um docente do Ceará, recrutado para assumir a secretaria de Educação no segundo mandato de João e que atuou de forma articulada com o governo do Estado vizinho quando este foi comandado por Camilo Santana. O governo paraibano iniciou a semana lançando uma vasta programação de concursos públicos, com oferta de mais de duas mil vagas, em diferentes áreas da máquina e, com isto, gerando expectativas otimistas sobre oferta de emprego e renda. Na semana anterior havia ocorrido a plenária do Plano Plurianual Participativo, com presença de representantes do governo federal.
Se não chegou propriamente a apostar num fracasso do segundo governo de João Azevêdo, o segmento oposicionista jogou suas fichas no atraso burocrático para encaminhamento de demandas por parte da administração socialista junto ao Palácio do Planalto. Os adversários, por assim dizer, subestimaram ou minimizaram a capacidade do governador e da sua equipe de imprimirem uma dinâmica de resultados nos programas agitados em palanques na praça pública. Desse ponto de vista, ficaram extremamente surpresos com o ritmo com que as coisas estão acontecendo, em tão pouco tempo do governo do presidente Lula, que João apoiou decididamente desde o primeiro turno. O ex-deputado Pedro Cunha Lima cansou de confrontar o governador João Azevêdo, em debates públicos, sobre a lentidão na execução de obras e serviços, insinuando que em várias regiões a presença do governo não chegava, ensejando frustração por parte de habitantes das camadas mais carentes.
O fato novo representado pela ascensão do governador da Paraíba à presidência do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Nordeste dotou João Azevêdo de autoridade e legitimidade para ser porta-voz dos interesses de toda a Região, principalmente na interlocução com representantes categorizados do Planalto, entre ministros e ocupantes de outros cargos de projeção na hierarquia de poder. Com portas abertas em diferentes ministérios, diferentemente do que acontecia no governo de Jair Bolsonaro, em que não conseguiu ser recebido uma vez sequer em audiência pelo presidente da República, João Azevêdo preparou-se para uma atuação articulada, de caráter proativo, conduzindo, ao mesmo tempo, projetos que estão condicionados a recursos próprios do Governo do Estado, fortalecido pelas medidas de austeridade e de equilíbrio fiscal e financeiro que têm sido adotadas. Tornou-se comum a fala de ministros apontando que a Paraíba é exemplo ou referência nisso ou naquilo, o que devolveu ao povo paraibano a sensação de autoestima elevada para superar desafios e problemas conjunturais.
A Oposição está sem discurso, como admitem, “em off”, alguns dos seus expoentes, reconhecendo que o governador João Azevêdo inverteu a lógica da realidade na Paraíba neste segundo governo que está pilotando e, em paralelo, reverteu a seu favor a capacidade de investimento do poder público, rompendo a barreira da estagnação que pairava em meio a achismos, posturas negacionistas e terraplanismos de toda ordem, cevados na Era das Trevas ou da Ignorância a que tentaram submeter o Brasil mediante retrocessos absurdos. A ação de João Azevêdo guarda sintonia com o slogan cunhado para o terceiro governo de Lula, e que expressa a ideia de que “o Brasil voltou” a se destacar no conceito das Nações desenvolvidas de todo o mundo. A preocupação é tanto maior nas fileiras da oposição paraibana porque estão se aproximando no calendário eleições municipais, inclusive para a conquista de prefeituras de cidades e colégios eleitorais importantes. O governo João Azevêdo, que tem massificado a sua faceta municipalista, entrega resultados concretos, o que favorece, colateralmente, aliados políticos seus. A Oposição, desarvorada, quebra cabeça tentando furar o bloqueio ofensivo governamental, mas por enquanto sem perspectivas concretas de grandes êxitos.