Nonato Guedes
O deputado federal Gervásio Maia, presidente do diretório estadual do PSB na Paraíba, avalia que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão apavorados com as conclusões que podem emanar da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que foi instalada no Congresso Nacional para apurar os atos antidemocráticos do dia oito de janeiro em Brasília, com invasões às sedes dos Três Poderes. Para o parlamentar, a CPMI vai “apontar” integrantes da base de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo envolvimento nos episódios, ao contrário das tentativas que são feitas por bolsonaristas para incriminar supostos “lulistas infiltrados”. Gervásio chegou a desafiar: “Duvido muito que alguém tenha visto algum lulista naquele dia envolvido nas manifestações”. E emendou: “Já dá para perceber que os bolsonaristas estão com aquele ar de preocupação com o que virá pela frente”.
Gervásio Maia foi designado para integrar a CPMI proposta no Parlamento, na condição de suplente, e revelou que tem interesse em acompanhar plenamente o desenrolar dos trabalhos, pela constatação da gravidade dos atos que, a seu ver, constituíram um prolongamento das manifestações golpistas que vinham sendo desencadeadas com o estímulo direto do ex-presidente Jair Bolsonaro, por inconformação com a perda do poder. “Os responsáveis pelas invasões e depredações do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal foram os mesmos que ameaçaram impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de terem colocado sob suspeição o sistema eleitoral brasileiro, embora dele participassem”, externou Gervásio Maia. Referiu-se, ainda, o parlamentar, a apoiadores do ex-presidente Bolsonaro que estavam acampados nas portas de quartéis contestando a limpa manifestação das urnas e, ao mesmo tempo, apostando que o presidente Lula não subiria a rampa do Planalto.
Segundo Gervásio, a oposição está “perdida” diante dos indícios que já foram levantados até agora, em investigações paralelas conduzidas por órgãos e por instituições idôneas, culminando com a responsabilização de centenas de agitadores políticos empenhados em ameaçar a solidez do regime democrático. “Estamos do lado certo da história, e já que a oposição insistiu, que arque com o que vem pela frente, pois toda a apuração vai terminar alguns ou muitos dos integrantes da base de oposição”, advertiu o parlamentar, em declarações a emissoras de rádio de João Pessoa. O líder socialista faz uma avaliação positiva sobre os primeiros meses do governo do presidente Lula, justificando que ele se deparou com extremas dificuldades legadas pela gestão anterior e com o desmonte de segmentos importantes de atividade da sociedade brasileira. “O terceiro governo do presidente Lula praticamente está sendo de reconstrução do que foi demolido pelos aventureiros que exerceram o poder no período recente da História brasileira”, sentenciou Gervásio Maia.
Ele destacou como positivo, também, o fato de que o governo Lula recriou o chamado “pacto federativo”, governando sem discriminação de Estados, de partidos ou de gestores, mas com a preocupação focada no interesse público, no resgate de demandas históricas que estavam travadas e de conquistas que vinham avançando “mas que foram bruscamente interrompidas devido a um acidente de percurso nas urnas, com a ascensão da Era Bolsonaro”. Gervásio observa que, por qualquer que seja o ângulo, o país está retomando a normalidade, com a volta dos investimentos, com a valorização de uma agenda proativa e com a implementação de políticas públicas que eram reivindicadas mas que, infelizmente, não tiveram atenção mínima ou encaminhamento satisfatório por parte do ex-ocupante do Palácio do Planalto e por ministros que integraram a sua equipe. Citou, também, a respeitabilidade que o Brasil voltou a ter no cenário internacional como relevante para devolver o país ao papel de protagonista que lhe cabe no concerto internacional.
Ainda nas declarações à imprensa, o deputado federal Gervásio Maia reportou-se ao cenário político da Paraíba, tendo em vista as eleições municipais de 2024, detendo-se, principalmente, no panorama relativo a João Pessoa, onde o esquema do governador João Azevêdo (PSB) apoiará a reeleição do atual prefeito Cícero Lucena (Progressistas), indicando o vice, que deverá ser o atual ocupante, Leo Bezerra. Gervásio cobrou uma maior aproximação entre o prefeito Cícero Lucena e a base socialista, defendendo uma conversa entre o gestor e os pré-candidatos do PSB à Câmara Municipal que já estão sendo anunciados. Enfatizou que o PSB é um partido importante, com um peso no Estado todo e um peso muito forte em João Pessoa. “Não há contestação ao direito do prefeito Cícero Lucena postular mais um mandato com o apoio dos socialistas, contudo, ele precisa estreitar relações e aprofundar diálogo”, salientou.