Nonato Guedes
Consciente de que a campanha eleitoral de 2026 será um “moedor de carne”, principalmente no plano majoritário, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB reforça sua atuação em diversas “frentes” para dispor de capilaridade que o coloque em vantagem perante presumíveis adversários de peso que começam a ser cogitados. Duas vagas estarão em jogo ao Senado – a de Veneziano e a da senadora Daniella Ribeiro (PSD), ambas conquistadas em 2018 em cenário diferente. Na época, Veneziano compôs a coligação que tinha como candidato a governador João Azevêdo (eleito em primeiro turno pelo PSB, mesmo partido em que ele militava). Daniella, que era filiada ao PP, concorreu, em tese, em dobradinha com o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) mas se descolou dele no curso da campanha de tal forma que avançou para a segunda vaga enquanto Cássio amargou um quarto lugar, surpreendendo analistas políticos. Foi o mais duro revés de Cunha Lima, que, inclusive, se afastou da militância política até agora.
Rompido com João Azevêdo, contra quem concorreu ao governo em 2022 já pelo MDB, Veneziano aproximou-se, no segundo turno, do então deputado federal Pedro Cunha Lima, que polarizou o páreo decisivo ao Palácio da Redenção, sem, no entanto, vitoriar. De lá para cá, Veneziano tem estreitado laços com a administração do prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD), indicando nomes do seu grupo para cargos na estrutura de poder e mostrando-se diligente no empenho para captação de recursos federais para o município. Esta ação tem sido vital para possibilitar o deslanche de Bruno em obras e serviços de impacto, capazes de credenciá-lo como favorito para a luta pelo segundo mandato. Os recursos federais são obtidos junto ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem Veneziano é aliado declarado. O senador, que é primeiro vice-presidente do Senado, tem sido regiamente contemplado na ocupação de cargos federais na Paraíba, atropelando, até, petistas históricos que não escondiam ambições, como o presidente estadual da legenda, Jackson Macêdo.
Por fim, Veneziano investe no fortalecimento gradativo dos quadros do MDB, atraindo, sobretudo, prefeitos e outras lideranças municipais que possam, nas eleições de 2026, constituir rede de suporte a pretensões de candidaturas majoritárias. Essa rede será fundamental para agitar a mobilização de rua, massificando o nome de Veneziano como um parlamentar operoso e comprometido com as grandes causas de interesse da Paraíba. No campo das alianças, Veneziano retoma, ainda, uma aproximação com o agora senador Efraim Filho, do União Brasil, que foi interrompida em 2022 quando ambos discreparam de posições na conjuntura específica atinente ao Estado. Naquele pleito, como se recorda, Veneziano “fechou” com a candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho (PT) ao Senado, em estratégia para se valorizar junto ao líder Luiz Inácio Lula da Silva e, ao mesmo tempo, marcar posição ostensiva contra o governo de Jair Bolsonaro e seus aliados mais sectários na política paraibana. De algumas fontes soube-se que Veneziano está empenhado “até o pescoço” na meta da sobrevivência política, que passa pela sua recondução ao Congresso Nacional.
Da parte da senadora Daniella Ribeiro, há dúvidas sobre se ela concorrerá à reeleição ao Senado, diante de pretensões paralelas que pipocam no âmbito do “clã” dos Ribeiro – com o vice-governador Lucas sonhando com a hipótese de disputar o governo do Estado e Daniella sendo lembrada, constantemente, para disputar a prefeitura de Campina Grande nas eleições de 2024 com o suposto apoio do esquema liderado pelo governador João Azevêdo. Essas questões dividem diretamente a família de Daniella, que, na política, conta com mais um expoente de peso – o deputado federal reeleito Aguinaldo Ribeiro, que foi o relator do projeto da reforma tributária na Câmara Federal este ano. Vale lembrar que em 2022, com a debandada de Efraim das hostes governistas, Aguinaldo chegou a se insinuar e foi convidado para disputar a única vaga ao Senado que estava em disputa. Mas acabou refugando a hipótese, para decepção de aliados políticos mais próximos e de interlocutores que compõem a “entourage” do governador João Azevêdo. O futuro de Daniella, ou do seu filho, Lucas, está, portanto, em aberto, diante de mutações que ocorrerem no cenário político paraibano daqui para a frente.
Em relação ao Senado, especula-se, nos bastidores políticos, uma “inflação” de pretendentes para a corrida em 2022, potencializando-se, desde agora, com bastante antecedência, clima de provável acirramento ou radicalização. Além de Veneziano (e, vá lá, da própria Daniella) despontam no radar nomes como o do governador João Azevêdo, do deputado federal Hugo Motta, do Republicanos e, mais remotamente, da ex-deputada estadual Pollyanna Dutra (PSB), que foi candidata em 2022, teve uma votação expressiva, ficando abaixo de Efraim Filho, mas não logrou vitoriar em conjunto com o governador João Azevêdo. Há outras opções que tendem a amadurecer, à esquerda, ao centro e à direita, tumultuando, de certa forma, o processo ou o embate para o Senado na Paraíba. E é por levar em consideração todos esses fatores elencados que Veneziano cuida obsessivamente de assegurar a própria cadeira, evitando ficar sem espaços na movimentada cena política paraibana.