Nonato Guedes
Presidente do diretório municipal do PSB em João Pessoa e um dos interlocutores influentes junto ao governador João Azevêdo, o secretário de Administração do Estado, Tibério Limeira, voltou a pautar nos meios políticos a discussão sobre a necessidade de protagonismo da legenda nas eleições de 2026, com lançamento de candidatura própria ao governo, mesmo que o atual chefe do Executivo seja, também, candidato ao Senado naquele pleito. Em declarações à imprensa, nas últimas horas, Tibério ponderou que respeita pretensões que já estão no radar de outros partidos da base oficial, como o PP e o Republicanos, mas ressalta que é igualmente legítimo o direito do PSB de buscar seus espaços, dentro da lógica de que legenda que não tem candidato não tem torcida. A tese pode parecer polêmica do ponto de vista da estratégia de unidade do esquema. Mas errada não está.
Na verdade, Tibério vocaliza o que tem sido preconizado pelo presidente estadual do PSB, o deputado federal Gervásio Maia, e por outros expoentes, como o deputado estadual Hervázio Bezerra. Nos meios políticos, afirma-se que o Republicanos é sensível ao diálogo na direção que está sendo proposta e que o impasse estaria cravado no PP do vice-governador Lucas Ribeiro, que é filho da senadora Daniella Ribeiro (PSD) e, logo, seu aliado político. Lucas está em posição privilegiada no jogo para 2026 pois assumirá o governo em caso de desincompatibilização de João para concorrer ao Senado e, deste posto confortável pode candidatar-se à reeleição. O Republicanos tem esperança de se compor com João ocupando uma vaga e suplências ao Senado, além de discutir espaço na vice-governança. Enquanto a briga parece cristalizada entre PP e PR, o PSB se movimenta para tirar proveito e garantir lugar de fala e posição de prestígio na corrida majoritária.
De sua parte, naturalmente, o governador João Azevêdo procura agir como “algodão entre cristais”, conciliando interesses e lutando para equilibrar ambições na correlação de forças anunciada. Recorre a essa tática com habilidade providencial, por conhecer de perto os meandros de conflitos que estão agitados com antecedência, atropelando, inclusive, o calendário que passa inexoravelmente pelas eleições municipais de 2024, para prefeitos e vereadores. Azevêdo tem consciência de que precisará fazer concessões, sobretudo quando estiver fora do poder, sem dispor ao seu alcance da caneta que nomeia, demite e que produz obras para o Estado como parte da mágica que os governos de plantão se atribuem. Mas o gestor não pode perder de vista o seu dever de contribuir para fortalecer o PSB que, afinal, é o seu partido, tendo lutado bravamente para retomar o controle da agremiação em conhecidos episódios de queda-de-braço que o confrontaram com o ex-governador Ricardo Coutinho, hoje alojado nas fileiras do Partido dos Trabalhadores.
Sobre o secretário Tibério Limeira, diga-se de passagem que ao focar nas eleições de 2026 ele dá um passo concreto com vistas a facilitar composições na eleição municipal de 2024, sobretudo em João Pessoa, onde o PSB se encaminha novamente para o papel de coadjuvante, mantendo, em princípio, a candidatura do vice-prefeito Léo Bezerra à mesma vaga na chapa encabeçada por Cícero Lucena, que bateu o pé e resiste dentro do Progressistas, contrariando apelos e insinuações para que mude de partido. Fontes do próprio “staff” governista advertem que a Capital paraibana é uma espécie de “joia da Coroa” para o PP de Lucas e do deputado federal Aguinaldo Ribeiro, esquema que também tenta virar o jogo em Campina Grande, segundo colégio eleitoral do Estado, possivelmente sacramentando, ali, o nome da senadora Daniella Ribeiro para dar combate a Bruno Cunha Lima, que buscará a reeleição. Nos dois casos, o PSB terá papel secundário nos dois maiores colégios do Estado, por mais que em João Pessoa, por exemplo, o entrosamento entre Cícero Lucena e Léo Bezerra seja 100%, na estimativa geral.
Tibério só é questionado quando a pergunta que se faz é sobre nomes que o PSB pode indicar para a sucessão em 2026 – e, de fato, no momento, não há postulantes com capilaridade para ascender ao Palácio da Redenção, sendo citado com mais frequência o nome do secretário Deusdete Queiroga, da Infraestrutura, que pode ser trabalhado até lá em articulação estreita com lideranças municipalistas que, como se sabe, neste segundo governo de João Azevêdo, estão em alta na Granja Santana. Mas há outros nomes, como o da secretária e ex-deputada Pollyanna Dutra, que teve performance surpreendente como candidata ao Senado na campanha de 2022, na qual ingressou em ambiente de “rabo de foguete” contra condestáveis da política paraibana a exemplo do ex-governador Ricardo Coutinho e do vitorioso senador Efraim Filho. O deputado Gervásio Maia também aspira, naturalmente, à sucessão. Mas pode ocorrer de o PSB atrair nomes como os dos deputados Hugo Motta e Adriano Galdino, atualmente no Republicanos e afinados com o governador. Aliás, esta tem sido uma tese admitida por Adriano, que também insiste com Azevêdo para assumir, de fato, a presidência estadual do seu partido. Há todo um cenário que indica que Tibério não está falando bobagem ao insistir no protagonismo – muito pelo contrário…