Nonato Guedes
Pessoalmente, o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB) saiu satisfeito do evento ocorrido, ontem, no Rio de Janeiro, em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu partida ao Novo PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, espécie de vitrine da gestão petista desde o segundo mandato de Lula. Em relação ao nosso Estado, os investimentos são superiores a R$ 2,45 bilhões, e, das doze obras estruturantes pleiteadas ao governo federal pelo menos onze foram atendidas pelo Planalto, incluindo o Hospital de Clínicas e Traumatologia do Sertão e a construção doArco Metropolitano de João Pessoa. Nas declarações à imprensa, João Azevêdo ressaltou como extremamente proveitosa a parceria com a atual gestão, sinalizando o novo tempo das relações republicanas no país. Por outro lado, aduziu que o Novo PAC deverá “turbinar” projetos que contribuirão para impulsionar o crescimento econômico e social de Estados como a Paraíba, compensando-os da discriminação imposta no governo de Jair Bolsonaro. Esta é a expectativa de outros líderes políticos, inclusive, da oposição.
Azevêdo, que é presidente do Consórcio Nordeste, lembrou que as demandas liberadas pelo Palácio do Planalto foram, basicamente, as que foram discutidas, condensadas e apresentadas em reuniões e seminários que tiveram por objetivo avaliar questões emergentes que reclamam encaminhamento e solução e de que participaram, inclusive, representantes da Presidência da República. A definição das prioridades, na época das discussões, levou em conta a nova realidade experimentada não só pela Paraíba mas pela própria região Nordeste, identificada não mais como região-problema no contexto federativo nacional mas como um polo promissor de desenvolvimento, diante das perspectivas geradas com a exploração de nichos importantes como o das energias renováveis, em franca expansão no interior da Paraíba.
Na visão do governador paraibano, traduzindo opiniões de outros gestores do Nordeste, os investimentos tão ansiosamente aguardados e agora veiculados pelo presidente Lula deveriam contemplar Saúde Pública, Segurança Hídrica, Infraestrutura rodoviária, como pilares essenciais para que fossem fomentadas novas oportunidades de desenvolvimento, sem prejuízo de outros projetos pontuais que estão na cartilha de obras ou na planilha concebida pelo governo federal. Desse ponto de vista, João Azevêdo analisa que houve conquistas, ou seja, obtenção de resultados, e que o governo federal demonstrou sensibilidade com o resgate da atenção a pleitos estruturantes. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento inaugura uma nova fase de desenvolvimento no país e uma nova forma de empreender, com desenvolvimento econômico e social aliados à preservação ambiental. Para tanto, o PAC vem acompanhado da criação do Plano de Transformação Ecológica, que prevê medidas como a criação de um mercado regulado de carbono, a emissão de títulos soberanos sustentáveis e a criação de taxonomia sustentável nacional.
O anúncio das obras estruturantes destinadas à Paraíba, em paralelo com a divulgação do montante dos recursos disponibilizados pelo governo federal para viabilizá-las, impõe que haja um ambiente de união entre o governo João Azevêdo e os parlamentares que compõem a bancada federal, com representação na Câmara e no Senado, envolvendo-se, ainda, os integrantes da Assembleia Legislativa do Estado e segmentos classistas influentes da sociedade. A propalada unidade não pode ser apenas um exercício retórico – mas uma realidade palpável, focada no acompanhamento rigoroso do fluxo de entrega dos recursos prometidos e da transparência na execução das obras. O mandatário brasileiro acompanhou a cerimônia junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e com a ex-presidente Dilma Rousseff, criadora da versão anterior, a quem Lula chamou de “mãe do primogênito”. O primeiro PAC alavancou a imagem de Dilma e contribuiu decisivamente para que ela fosse eleita à sucessão de Lula, sendo posteriormente reeleita e, infelizmente, alvo de um processo de impeachment que o PT ainda hoje trata como “golpe” articulado pelas forças adversárias do petismo.
O modelo original do PAC, lançado quando Dilma estava na Casa Civil, destinou R$ 500 bilhões ao longo de quatro anos em diversas obras de infraestrutura no país. O Novo PAC, de acordo com Lula, marca o início do seu atual governo. E explicou: “Até agora, o que nós fizemos foi recuperar o que tinha desandado. Já recuperamos 43 políticas de inclusão social. O PAC é o começo do nosso terceiro mandato, porque, a partir dele, o ministro vai ter que parar de ter ideia. Ministro vai ter que cumprir o que foi aprovado aqui e trabalhar muito para que a gente possa executar esse PAC”, declarou. A cobrança para que sua equipe ministerial cumpra os termos do programa foi acrescida de um voto de otimismo quanto aos resultados: “Os meus ministros atuais têm uma penca de ex-governadores, que vieram muito mais afiados do que no primeiro mandato. Eles estão muito preparados, todos eles têm muita experiência”, ressaltou. O governo federal, em tese, cumpre sua promessa de avançar, concretamente, por obras estruturantes. A largada está dada e grande é a expectativa da opinião pública quanto à concretização do que foi tornado público ontem.