Nonato Guedes
O deputado estadual Adriano Galdino (Republicanos), que bate recorde de permanência no comando da Assembleia Legislativa da Paraíba, por manifestação legítima de apoio dos seus pares, tem seu nome cogitado nas especulações para disputar o governo do Estado em 2026 e admite, em conversas ou entrevistas, que tem vontade de figurar na eleição majoritária e que não lhe falta coragem para o desafio. “O que me falta são os votos”, repete ele, em tom de blague, quando abordado a respeito. Na prática, o dirigente da Casa de Epitácio Pessoa cada vez mais consolida espaços de influência no cenário estadual, deixando a impressão de que será um interlocutor de peso nas decisões futuras envolvendo a sucessão do governador João Azevêdo (PSB). No paralelo, Adriano mantém-se como “sócio da governabilidade”, viabilizando a aprovação de matérias do Executivo no plenário da ALPB sem sacrificar a autonomia do Poder nem fugir à defesa das suas mais caras prerrogativas.
Adriano deixa claro que projetos futuros envolvendo o seu nome estão condicionados ao êxito de um processo de construção a ser implementado com os aliados e com partidos que possuem afinidades até por estarem sob a liderança do governador João Azevêdo na atual conjuntura. Ele respeita supostas pretensões de candidatura ao Executivo suscitadas no PSB, como a do secretário Deusdete Queiroga, titular de Pasta estratégica na administração em curso, ou em partidos como o PP, a exemplo do vice-governador Lucas Ribeiro, que está em posição privilegiada na hierarquia do poder em hipótese de desincompatibilização de Azevêdo para postular o Senado ou a deputação federal. Mas salienta que o Republicanos também é peça importante nessa construção, tendo sido decisivo, mesmo, nas eleições majoritárias de 2022, quando fechou com a reeleição de João sem perder o compromisso assumido com Efraim Filho (União Brasil) ao Senado. Para Adriano, a realidade que vai tomando corpo no Estado não deve ser excludente em relação às forças que se mantiveram agregadas à liderança de Azevêdo desde 2018, quando ele foi lançado por Ricardo Coutinho à sucessão.
Aliás, Galdino tem se especializado em fazer “exegeses” acertadas e corajosas do panorama político-partidário paraibano, bastando lembrar os alertas insistentes que tem disparado na direção do governador João Azevêdo para se cercar de garantias sólidas de apoio ou lealdade caso resolva considerar, seriamente, a possibilidade de se afastar do governo para ir buscar outro mandato eletivo. Adriano lembra, nas suas falas, a diferença que há entre um governador com a caneta nas mãos e um governador sem a caneta e, portanto, sem credenciais para nomear ou demitir, bem como para tomar decisões relevantes que tratam dos interesses e do destino da Paraíba. Pessoalmente, avalia que o governador João Azevêdo merece e deve disputar uma vaga ao Senado em 2026, pelo destaque alcançado na vida pública, a cuja trajetória incorporou o título de presidente do Consórcio Interestadual do Nordeste. Mas pontua que a cautela é indispensável na hora dos arranjos políticos prevendo o seu afastamento do cargo executivo e que, nesse sentido, tudo precisa ficar bem “amarrado” entre os políticos que se dispõem a continuar acompanhando a chefia de João Azevêdo. É uma avaliação que toma por base episódios recentes da história política paraibana, em que acordos foram desfeitos e palavras empenhadas foram descumpridas ao sabor das ambições de ocasião.
O presidente da Assembleia Legislativa tem um estilo de atuação caracterizado pela franqueza e, também, pela firmeza de atitudes, pouco lhe importando se isto desagrada a quem quer que seja, “por dá cá aquela palha”. Em mais de duas décadas de militância política, forjou sua têmpera em adversidades e na paciência para obter vitórias, ocupando o comando do Poder Legislativo desde 2015, quando enfrentou uma disputa dura contra o então deputado Ricardo Marcelo e emergiu com o troféu nas mãos. Durante o próprio governo Ricardo Coutinho, que tinha áreas de atrito com parlamentares, Galdino assegurou a tranquilidade da maioria de votos em projetos de difícil consenso e até de votos para arquivar temas incômodos para o governo como a CPI do Empreender. A postura desassombrada de alinhamento com governos não o privou do diálogo e do bom relacionamento com deputados de partidos oposicionistas. Adriano Galdino nunca recorreu à tática de “tratorar” adversários, o que facilitou a desenvoltura com que se move no manejo dos cordéis da Assembleia Legislativa da Paraíba.
Dentro do Republicanos, sem querer ofuscar o presidente Hugo Motta, a quem ouve sobre problemas complexos que dizem respeito à conjuntura local, Adriano Galdino é voz acatada, pelo senso de ponderação com que aborda pontos delicados e, no contraponto, pela firmeza com que se manifesta quando julga necessário. Não é um parlamentar que se distancia das bases políticas uma vez concluída a eleição. Pelo contrário, ainda neste segundo governo de João, tem marcado presença nas plenárias do Orçamento Democrático nas mais longínquas regiões, aproveitando para fazer seu próprio “vestibular” sobre as demandas municipais. E, sob seu comando, a Assembleia segue em alta na produtividade, na inovação e na sintonia com o povo, o que credencia Galdino a voos maiores no futuro que se descortina.