Nonato Guedes
Uma resolução divulgada esta semana pelo Partido dos Trabalhadores (PT) “fechou” com antecedência o apoio da legenda à candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição em 2026, deixando claro que as eleições municipais do próximo ano serão nacionalizadas em função dessa perspectiva. Isto quer dizer que temas relativos ao governo federal estarão presentes nas candidaturas de prefeitos e vereadores do PT, dentro da estratégia preliminar de massificação do projeto Lula-2026. Conforme enfatiza o documento, “as eleições municipais de 2024 demarcam um momento estratégico para a construção de uma sólida aliança popular e democrática que promova a recondução do governo Lula em 2026 e o projeto nacional baseado na ampliação das liberdades democráticas, dos direitos sociais, do combate à desigualdade, da inclusão social, do desenvolvimento, da industrialização, da defesa do meio ambiente, da soberania nacional e da integração regional”.
– Somos um partido nacional, temos um projeto para o país, com desafios que envolvem o conjunto do Estado brasileiro e elegemos Lula para a Presidência da República nas eleições mais adversas da nossa história. As eleições municipais de 2024 acontecerão nesse contexto histórico, em que precisamos fortalecer o PT e a esquerda brasileira, consolidar uma forte Frente Democrática Popular no país para implementar nosso programa de reconstrução e transformação do Brasil, com políticas estruturantes e transformadoras nos municípios brasileiros – ressalta o documento. E mais: “Neste sentido, tendo como estratégia política central a continuidade do projeto democrático popular representado pelo presidente Lula e pelo PT, escolhido nas eleições de 2022, é fundamental, neste processo eleitoral de 2024, estimular candidaturas próprias do PT, bem como a construção de alianças partidárias com o campo democrático e popular, cujo centro tático é a defesa do projeto democrático popular e do governo Lula. O PT, como o maior partido de sustentação desse projeto estratégico para o povo brasileiro, deve liderar esse processo de construção”.
Os membros do diretório nacional petista afirmam que, para alcançar os resultados satisfatórios e o crescimento do partido, “devemos priorizar a reeleição de nosso projeto nas cidades que atualmente governamos, bem como a reeleição de nossas atuais bancadas de vereadores e vereadoras, assim como investir prioritariamente nas cidades com maior densidade político-eleitoral, destacando-se aquelas com maiores chances de vitória através de pesquisas e análises do processo pré-eleitoral, bem como a competitividade de cada candidato, considerando a capacidade de construção de alianças”. Além disso, “devemos empenhar esforços para garantirmos candidaturas do PT nas eleições das capitais onde tenhamos lideranças despontando em pesquisas e/ou tenhamos obtido vitórias ou votações significativas nos últimos dois pleitos, nos municípios com mais de 100 mil eleitores, nos municípios caracterizados como polos regionais e nos municípios que possuem emissora de TV de caráter regional”.
O PT, de acordo com a resolução, deve ter ainda um cuidado especial com os pequenos municípios, com o objetivo de garantir-se a retomada e/ou constituição de bancadas nesses territórios, disputando as eleições majoritárias, sempre que possível. “Para tanto, é importante que o governo do presidente Lula, além de conversar com governadores e prefeitos sobre projetos e programas, principalmente os constantes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), também dialogue com as bancadas do campo progressista no sentido de colher sugestões e encaminhar investimentos importantes que devem ser ampliados ou que ainda não foram contemplados institucionalmente”, manifesta o PT. Fica claro que é obrigação da legenda, como partido no governo, sustentar as políticas convergentes com os compromissos de campanha e, ao mesmo tempo, apontar deficiências e apresentar propostas num debate crítico, transparente e construtivo.
Para analistas políticos, a manifestação agora publicizada pelo Partido dos Trabalhadores é uma das mais afirmativas da trajetória político-eleitoral da legenda desde o seu nascedouro no ABC paulista na década de 80. Também está sendo encarada como um alerta a outros partidos de esquerda para que reconheçam a legitimidade da liderança do PT no processo de conquista do poder no país, diante da reabilitação alcançada de forma extraordinária com a ascensão de Lula para um terceiro governo. A resolução lembra que em mais de quatro décadas de destacada atuação, o PT se tornou o maior partido político de esquerda da América Latina e um dos maiores do mundo, sendo a principal força política do país em defesa da democracia, da soberania nacional e dos interesses populares. “O resultado da trajetória faz o PT o partido mais lembrado em pesquisas de popularidade, muito distante das demais agremiações, posição atualmente reforçada pelo retorno do presidente Lula ao comando do país e, com isso, a retomada da democracia, do desenvolvimento econômico e da inclusão do povo no crescimento do país. Mas resta o desafio de transformar esse apoio popular do PT em mobilização e organização em torno de mudanças democráticas e populares, além do voto em nossas candidaturas”, finaliza o PT, pontuando que as eleições municipais de 2024 serão um campo de batalha especial e decisivo para fortalecer o projeto do partido para a sociedade.