Nonato Guedes
Em conversa com jornalistas, ontem, em João Pessoa, a pretexto de prestar contas do primeiro semestre da sua atuação parlamentar, a senadora Daniella Ribeiro (PSD) foi questionada sobre uma provável candidatura a prefeita de Campina Grande em 2024 mas não cravou essa definição, enfatizando que de sua parte a oposição ao atual prefeito Bruno Cunha Lima terá seu apoio para viabilizar um nome competitivo em condições de vencer a parada. Daniella justificou que, no momento, está muito focada e atarefada com atividades no Senado, onde acumula papéis e cargos relevantes como o de presidente da Comissão de Orçamento, o que a leva a manter interlocução constante com ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com os presidentes das Casas Legislativas, diante de matérias urgentes que estão em fase de tramitação.
Isto não a impede de se manter antenada com a realidade política da Paraíba, sobretudo com a conjuntura em Campina Grande, onde o “clã” Ribeiro tem forte influência. Elogiou a sintonia entre o governador João Azevêdo (PSB) e seu filho, Lucas, vice-governador e filiado ao PP, salientando que é uma relação pautada na confiança, diferentemente do que teria ocorrido entre Lucas, quando vice-prefeito de Campina, e o prefeito Bruno Cunha Lima, que pleiteia a reeleição. Aliás, a senadora foi impiedosa com a atual gestão de Bruno, considerando-a apática e, em certa medida, imobilista quanto a investimentos de impacto na vida da população campinense. Admitiu ter ficado desapontada com atitudes tomadas pelo atual prefeito, relacionadas, inclusive, à desimportância quanto à sua colaboração pessoal para o progresso da cidade. No contraponto, cumulou de elogios a administração do governador João Azevêdo, ressaltando que ele tem priorizado agendas importantes para Campina Grande, E distribuiu “alfinetadas”, também, contra o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), hoje aliado de Cunha Lima.
Assegurando que não restaram conflitos da sua parte com o deputado federal e ex-prefeito Romero Rodrigues, tendo como pano de fundo a luta pelo controle do PSD no Estado, que Daniella acabou vencendo, a senadora revelou que mantém conversas informais com o parlamentar em Brasília sobre a conjuntura de Campina Grande e da Paraíba, sem o aprofundamento, porém, de eventuais composições. Pessoalmente, entende que Romero tem seus méritos para postular novamente uma disputa à prefeitura de Campina Grande, mas entende que o agrupamento oposicionista não pode esperar indefinidamente por uma atitude mais firme da parte dele com relação às atuais alianças. Há, na Rainha da Borborema, um Fórum de oposição que se compõe, majoritariamente, de representantes de esquerda. Daniella não tem muitas afinidades com essa vertente, mas não opõe restrições a quem quer que possa ser incorporado no projeto para Campina Grande. Lembrou que o critério da pesquisa, tanto qualitativa como quantitativa, pode ser um bom termômetro para facilitar definições ligadas ao processo político-eleitoral de 2024.
Na verdade, pelo que deu a entender, a senadora Daniella Ribeiro, que já foi candidata a prefeita de Campina Grande sem êxito, ainda avalia a possibilidade concreta de se candidatar à reeleição ao Senado, supostamente numa dobradinha com o governador João Azevêdo, que tem sido pressionado a deixar o governo para ir buscar um mandato no Congresso Nacional. Ela deixa trair uma ponta de saudosismo ao recapitular que foi a primeira senadora eleita na história da Paraíba e ao se referir, igualmente, aos espaços que conquistou durante o período até agora empreendido, com participação, inclusive, no Parlartino, que é o Parlamento da América Latina e do Caribe. Dentro do Senado, Daniella tem forte liderança e ascendência sobre a bancada feminina e confirma que há movimentos antecipados para uma possível candidatura da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) ao comando da Casa. Faz apenas a ressalva de que uma costura desse tipo precisa ser amadurecida, no diálogo com os próprios homens que são maioria na Casa. “Mas a questão da representatividade feminina é relevante, valendo citar que na atual legislatura não há uma mulher participando da Mesa Diretora do Senado”, salientou a senadora paraibana que é conhecida pela sua capacidade de articulação e pelo trânsito que possui junto ao presidente Rodrigo Pacheco, do seu partido.