Nonato Guedes
Numa entrevista exclusiva a este colunista o ex-ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro, Marcelo Queiroga (PL), demonstrou plena confiança nas suas chances de avançar para o segundo turno das eleições para prefeito de João Pessoa em 2024, revelou que está se organizando para a disputa e que contará com a participação decisiva do ex-mandatário. Ele salientou que se considera preparado para administrar a Capital paraibana, frisando que possui “capacidade de gestão indiscutível” e sensibilidade para com os problemas da população. Lembrou que foi “testado” na administração pública brasileira num dos piores momentos da história, quando da pandemia da covid-19, e que demonstrou proatividade e reação diante da calamidade que se abateu sobre a sociedade, tomando providências rápidas e eficazes para uma ampla campanha de vacinação contra o coronavírus, investindo, ao mesmo tempo, no equipamento da rede pública de Saúde. Para isto, contou, na sua opinião, com o apoio do então presidente Jair Bolsonaro, que lhe deu plena autonomia de ação para coordenar as ações que se faziam necessárias a fim de fazer face à covid.
Marcelo Queiroga não demonstrou preocupação com reações de filiados do PL que reivindicam a vaga de candidato a prefeito de João Pessoa, a exemplo de Nilvan Ferreira e do deputado federal Cabo Gilberto Silva. Segundo ele, a decisão a respeito da sua candidatura já está tomada pelas direções nacional e estadual do PL, representadas por Valdemar da Costa Neto e pelo deputado federal Wellington Roberto, levando em conta a projeção que ele conquistou como ministro em plena situação de emergência no território nacional e, ao mesmo tempo, o resultado do trabalho que empreendeu. Não obstante dar importância à participação do ex-presidente Jair Bolsonaro na campanha eleitoral, considera que a disputa eleitoral terá como foco a discussão dos problemas locais que mais afligem a sociedade. Desse ponto de vista, garantiu que terá propostas inovadoras para alavancar o desenvolvimento de João Pessoa, partindo do argumento de que a cidade vive uma fase de marasmo e de imobilismo. Entre suas bandeiras principais, a serem agitadas na campanha, destacam-se a qualificação da Saúde Pública e a questão da mobilidade urbana. Em relação a esse último ponto, lamentou que haja “gargalos” insolúveis que estariam criando transtornos para o cidadão comum e para os turistas que visitam João Pessoa atraídos pelo seu potencial e pela fama de tranquilidade.
Marcelo Queiroga confirmou já ter arregimentado profissionais de marketing e de comunicação, oriundos da Mix, para trabalhar na construção da imagem com que vai se apresentar ao eleitorado pessoense no Guia Eleitoral e nos variados debates de que pretende participar. A deflagração da pré-campanha, de acordo com ele, foi decidida após as cúpulas do PL e o ex-presidente Jair Bolsonaro manifestarem simpatia pela sua postulação, dentro da estratégia de contribuir para o crescimento da legenda, sobretudo em grandes centros urbanos do país. O ex-ministro prefere não definir alvos específicos que combaterá na disputa eleitoral nem comentar supostas candidaturas adversárias, frisando que não lhe compete escolher concorrentes. Pessoalmente se dá bem, por exemplo, com o prefeito Cícero Lucena, mas entende que o que estará no radar é a discussão mais ampla sobre o futuro de João Pessoa e sobre soluções que, a seu ver, não foram tomadas com prioridade, a despeito dos canais de interlocução do atual gestor com o governo do Estado e com o próprio governo federal, graças à relação entre o governador João Azevêdo (PSB) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decorrente da campanha eleitoral de 2022.
O pré-candidato a prefeito de João Pessoa contestou as acusações de que Bolsonaro tenha sido “negacionista” ou insensível à gravidade da pandemia de covid-19, reiterando que as medidas indispensáveis e então recomendadas para a emergência foram tomadas com agilidade. Ele falou sobre a sua convocação para assumir a Pasta em substituição ao general Eduardo Pazuello num momento de desgaste do governo federal, que atribuiu a uma “orquestração” para tentar desqualificar a ação administrativa de Bolsonaro, e, pessoalmente, avalia que grande parte da sociedade apoiou a postura do governo federal, que deu partida, inclusive, à maciça campanha de imunização para evitar consequências piores. No seu entendimento, o problema é que não apenas o Brasil, mas o mundo inteiro, foi surpreendido com as peculiaridades e a complexidade da doença, tendo que buscar seus próprios caminhos para salvar vidas e para conter a dramaticidade da covid-. Decorreram desse cenário, na sua opinião, muitas “fake News” adrede orquestradas para tentar desmoralizar o governo e descredibilizar o trabalho de atendimento que estava sendo executado para conter o alastramento da epidemia. “Houve injustiça proposital contra o presidente Bolsonaro, por parte dos seus opositores”, cravou Queiroga.
Ele lembra que um dos pontos controversos em plena pandemia disse respeito a medidas de isolamento social que foram tomadas para evitar alastramento da contaminação e que, em certa medida, foram contestadas pelo governo do então presidente Jair Bolsonaro, sob a alegação de que a conjuntura econômica e social poderia ser afetada colateralmente com graves consequências para todos. Mas considera que Bolsonaro assim agiu preocupado com o bem-estar geral da população, que estava em risco. O ex-ministro considera que seu depoimento na CPI da Covid no Congresso Nacional foi “difícil” no contexto histórico, tanto para ele quanto para o governo, mas frisou ter comparecido de cabeça erguida e municiado de informações absolutamente segura quanto às providências que estavam sendo tomadas para deter a onda da pandemia. Tudo isto lhe rendeu um aprendizado que não esperava vivenciar, mas acha que a experiência também lhe credenciou para mostrar que está á altura de grandes desafios como o de administrar João Pessoa, “uma Capital em avançado processo de expansão mas que, infelizmente, não foi preparada pelos gestores que aqui têm passado para dar respostas às demandas crescentes da população”. Este é o foco que ele vai agitar no confronto com adversários na campanha eleitoral de 2024.