Nonato Guedes
Pelas contas do senador Efraim Filho, presidente estadual do União Brasil, é praticamente certa a filiação do prefeito Bruno Cunha Lima, de Campina Grande, aos quadros da legenda, tanto assim que está sendo organizado um grande evento naquela cidade para recepcionar o novo expoente. O convite a Bruno foi formulado lá atrás, pelo próprio Efraim, durante evento na Assembleia Legislativa, quando entregou ao gestor campinense, abonada, a ficha de filiação para que ele a preenchesse no momento oportuno, simbolizando, assim, uma demonstração de prestígio e respeito ao alcaide, cuja administração é elogiada pelo senador. Ao mesmo tempo, Efraim tenciona retribuir o apoio recebido do prefeito durante as eleições de 2022, quando o então candidato ao Senado fez dobradinha com o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), candidato ao governo que passou para o segundo turno contra João Azevêdo.
“A vinda de Bruno para o União Brasil significa uma grande conquista, sobretudo porque ele tem se destacado à frente da prefeitura pela sua operosidade e capacidade de inovação”, realçou Efraim, ontem, em declarações à imprensa pessoense. Se não houver algum acidente de percurso, a filiação do prefeito e candidato à reeleição nas eleições de 2024 ocorre ainda neste segundo semestre, em um evento à altura do seu potencial político na Rainha da Borborema. Bruno, que já exerceu mandato parlamentar e é tido como um dos líderes emergentes no processo de renovação no Estado, de que faz parte o próprio Efraim Filho, passou a enfrentar dificuldades dentro do PSD, seu atual partido, depois que o então vice-prefeito Lucas Ribeiro (PP) migrou para o esquema do governador João Azevêdo (PSB) e tornou-se seu vice na campanha à reeleição em 2022, e, sobretudo, depois que a senadora Daniella, mãe de Lucas, assumiu o comando do PSD na Paraíba com carta-branca do dirigente nacional Gilberto Kassab para definir candidaturas e outras questões no âmbito territorial.
Ultimamente, a senadora Daniella Ribeiro tem fustigado duramente a administração de Bruno Cunha Lima, enquanto o esquema do governador João Azevêdo aposta fichas ora numa eventual candidatura de Daniella a prefeita, ora na atração do ex-prefeito Romero Rodrigues (Podemos), atual deputado federal, para dar combate a Bruno, a quem antecedeu, ora no nome do secretário de Saúde do Estado, Jhony Bezerra, do PSB, para o enfrentamento. Outros setores de oposição, mais à esquerda, também se articulam para derrotar Bruno e estão agrupados num Fórum que, a pretexto de debater a realidade de Campina Grande, foca, mesmo, nas discussões pré-eleitorais sobre candidaturas a prefeito. Há claras indefinições a respeito da disputa no segundo colégio eleitoral da Paraíba, mas, a dados de hoje, comenta-se nos meios políticos e entre analistas da mídia que Bruno Cunha Lima é favorito para conquistar nas urnas mais um mandato, como crédito de confiança ao trabalho que desenvolve em Campina Grande. No geral, sua gestão tem sido bem avaliada, e o prefeito tem conseguido “deslanchar” em obras e ações proativas, contando com o apoio decidido do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), ex-candidato ao governo, que já se posicionou como engajado na campanha do prefeito.
A estratégia de Veneziano é baseada, também, em interesses pessoais, diante do reforço que espera ter da parte de Bruno, uma vez reeleito, na sua campanha à reeleição ao Senado em 2026. O senador emedebista, que é vice-presidente do Senado Federal e interlocutor privilegiado junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem obteve apoio no primeiro turno da eleição ao governo do Estado no ano passado, tem carreado investimentos federais para Campina Grande na conjuntura presente e facilitado o diálogo do prefeito Bruno Cunha Lima com ministros de Lula e outras figuras influentes do governo federal. Foi um avanço espetacular, verdadeira guinada na sua trajetória administrativa, dado o fato de que Bruno Cunha Lima alinhou-se em 2022 com a candidatura do então presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição. Esse fato, inclusive, não passou desapercebido à primeira-dama do país, Janja Silva, que lembrou a Bruno sua condição de bolsonarista em evento em Campina no qual o próprio presidente Lula estava presente. Tais incidentes, no entanto, não afetaram a marcha do prefeito rumo à reeleição em 2024.
No dizer do senador Efraim Filho, o convite feito a Bruno Cunha Lima para que ele ingresse no União Brasil equivale a uma espécie de “porto seguro” para o prefeito, no sentido de que ele vai dispor de tranquilidade, livre de problemas como os que está enfrentando dentro do PSD. Para além dessas mesuras de Efraim Filho, existe o fato concreto de que Bruno é, politicamente, um ativo importante para os planos do União Brasil de se fortalecer na conjuntura local, contribuindo para oferecer capilaridade eleitoral à legenda num colégio que é fiel da balança em disputas majoritárias da Paraíba. No resumo da ópera, estão combinados interesses de bastidores que focam a grande batalha de 2026, quando o próprio Efraim Filho poderá concorrer ao governo do Estado, precisando contar com o suporte, tanto de Bruno quanto de Pedro Cunha Lima, composição que pretende abrigar, ainda, o senador Veneziano Vital do Rêgo, por estar, agora, incorporado umbilicalmente ao agrupamento que combateu por anos em disputas renhidas travadas em Campina Grande.