Nonato Guedes
Presidente estadual do União Brasil e líder do partido no Senado, além de integrar comissões importantes no Congresso, o senador Efraim Filho é um dos principais expoentes da oposição na Paraíba, pela sua capacidade de articulação, pelo trabalho permanente em defesa dos interesses do Estado e pela interlocução com figuras de outros partidos que partilham, com ele, das expectativas quanto à ampliação de um projeto de poder a nível local. Com essas credenciais é que ele se manifestou à imprensa, esta semana, contra o que chamou de “loteamento” antecipado de vagas na chapa que o esquema adversário, liderado pelo governador João Azevêdo (PSB), está cogitando para 2026. Entende Efraim que além de condenável do ponto de vista republicano, esse “loteamento” busca precipitar o processo político-eleitoral no Estado, atropelando as eleições municipais do próximo ano, que a seu ver devem ser prioritárias, para acomodar ambições recônditas que seus opositores não conseguem omitir, apesar de se esforçar para tanto.
Ele se referiu, especificamente, a declarações do governador João Azevêdo (PSB), que está no seu segundo mandato, colocando sua pré-candidatura a uma vaga ao Senado no radar das conversações políticas, ao mesmo tempo em que faz acenos de apoio a uma virtual candidatura do vice-governador Lucas Ribeiro (PP) à sua sucessão, excluindo a possibilidade do seu próprio partido ter candidatura natural, a pretexto de que é preciso acomodar prováveis aliados da atual administração. Embora saliente que não tem ingerência em estratégias de outras legendas, sobretudo comandadas por opositores seus, Efraim considera que precisa haver um debate mais sensato ou racional para que não se confunda o próprio eleitor nem atrapalhe as pretensões de agentes políticos que têm interesse em participar do processo de decisões. No que lhe diz respeito, Efraim foca na preparação do União Brasil para ampliar o número de prefeitos e lideranças municipais em diferentes regiões em 2024, lembrando que o partido tem crescido exponencialmente e que as adesões estão ocorrendo por gravidade, por estarem em sintonia com propostas de mudança no modelo administrativo que tem vigorado nos últimos anos na Paraíba. “Não custa lembrar que o município é a base-motriz da Federação”, alerta o senador, que se elegeu em 2022 derrotando condestáveis como o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) e figuras como a ex-deputada Pollyanna Dutra (PSB), que foi candidata oficial do governador João Azevêdo depois que o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP) refugou a hipótese de pleitear vaga majoritária.
– Nós temos um cronograma próprio para as futuras eleições, que independe de táticas de grupos adversários que estão em outra sintonia. O União Brasil vai participar ativamente do pleito eleitoral de 2024 em todos os municípios da Paraíba. Aonde não pudermos ser protagonistas, seremos coadjuvantes, com certeza”, asseverou o parlamentar numa das suas entrevistas. No caso de João Pessoa, Efraim Filho opinou que o União Brasil vai participar de chapa majoritária no bloco de oposição, podendo, inclusive, indicar candidatura a vice, já que dispõe de nomes qualificados que já participaram de disputas anteriores. Ele diz que tem acompanhado “com paciência e nervo, sem qualquer açodamento” os movimentos que estão sendo deflagrados para o pleito vindouro e advertiu que há divergências em diferentes partidos, aludindo, inclusive, á guerra surda entre socialistas da Capital que desejam lançar candidatura própria a prefeito, contrariando a diretriz do próprio governador João Azevêdo para que seja mantida a aliança em torno de Cícero Lucena, do PP. Em Campina Grande, o União Brasil aguarda o posicionamento de filiação do prefeito Bruno Cunha Lima, candidato à reeleição, mas aposta fichas numa solução favorável.
Efraim Filho observou que o seu partido está numa posição confortável para se definir em João Pessoa quanto à sucessão à prefeitura, explicando que é de “total independência” a sua postura e que ela se justifica por razões plausíveis. “Refrescando a memória de alguns desavisados, cabe dizer que na campanha de 2022 nenhum dos principais “players” do jogo político na Capital declarou apoio à minha candidatura ao Senado e, mesmo assim, desafiando a máquina do governo e a orquestração em várias frentes para me derrotar, eu saí vitorioso por reconhecimento do povo”, contou ele, citando nomes como os de Nilvan Ferreira, Pastor Sérgio Queiroz, deputado federal Ruy Carneiro, ex-prefeito Luciano Cartaxo e Cícero Lucena, que não formaram com a sua pretensão de avançar para uma cadeira no Senado Federal. Repetiu que política se faz com “lealdade” e mencionou como exemplo que o seu apoio decidido à candidatura do prefeito Bruno Cunha Lima à reeleição em Campina Grande é decorrente da postura firme que ele adotou em apoio ao seu projeto de ascender a um posto mais elevado em Brasília. Em contrapartida, já como senador, tem atuado no sentido de carrear investimentos e obras que possam beneficiar a administração de Bruno Cunha Lima e as necessidades mais urgentes da população de Campina Grande, suprindo omissões que identifica da parte do governo João Azevêdo em relação àquela cidade.
O senador do União Brasil revelou que tem participado, com interesse, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, dos debates envolvendo o projeto de reforma tributária que foi aprovado na Câmara dos Deputados e que está pendente de uma deliberação final na Casa onde ele atua. “Insisto no meu ponto de vista que o modelo proposto, de simplificação do regime tributário, está correto, mas há pendências que precisam ser solucionadas quanto a alguns “jabutis” que asseguram a perpetuação de uma carga tributária elevada no país, depois de 40 anos de discussão do assunto. Compete ao Senado Federal corrigir as distorções e dotar o País de um modelo justo, compatível com o interesse dos que produzem e que, no entanto, são sacrificados pelo Poder Público”. Embora sem querer atropelar o calendário eleitoral, Efraim não se furta a comentar o cenário para as eleições de 2026, inclusive, ao governo do Estado, que, na sua opinião, deverá comportar grandes surpresas. De sua parte, asseverou que está pronto para novos desafios que surgirem, na esteira de consensos com o grupo político com o qual é identificado na Paraíba.