Fernando Patriota
Radicado em João Pessoa e filho dos paraibanos Raimundo Joaquim Patriota e Severina Guedes Patriota, o poeta Otacílio Batista nasceu no dia 26 de setembro de 1923, na então Vila Uburanas, hoje município de Itapetim, localizado na Região do Pajeú da Flores, Estado de Pernambuco. Se vivo estivesse, ‘A Voz do Uirapuru’, como também era conhecido, completaria 100 de existência, em setembro deste ano (2023). Seus versos únicos, sua postura, seus improvisos e canções permanecem na memória de quem ama a poesia popular, em sua mais sublime versão. Para homenagear o centenário de nascimento de Otacílio Batista, será realizado o 17º Tributo a Otacílio Batista – A Poesia Vive! O Evento, promovido acontece no palco do Bessa Grill, a partir das 19h, desta quinta-feira (28).
Um dos pontos altos do Tributo deste ano, é o lançamento da biografia ‘Otacílio Batista: uma história do repente brasileiro’(Editora Hedras – SP), de Sandino Patriota, um dos netos de Otacílio. A obra traz o prefácio do poeta Edmilson Ferreira; o posfácio do jornalista, produtor cultural e filho do homenageado, Fernando Patriota; o e a orelha do livro é assinada pelo poeta cearense e genro de Otacílio, Cleudon Chaves Jr. A programação cultural do evento tem nomes como Oliveira de Panelas, Sílvia Patriota, José Patriota, Naldinho Freire, Ludmila e Lucille Patriota, Bianca Rufino, Antônio Costa, Grupo Voz Ativa e uma banda maravilhosa formada pelos músicos: Rodolfo Lopes (viola), Cornélio Santana (flauta), Elma (contrabaixo), Luiz Carlos Otávio (violão) e Marcílio Otávio (percussão).
Depois de morar quase 27 anos na Paraíba, Otacílio Batista morreu no dia 5 de agosto de 2003, aniversário de João Pessoa. Foi nessa cidade onde um dos mais conhecidos e talentosos cantadores de viola fixou residência, ao lado de sua esposa, a professora Rosina de Freitas Patriota e seus filhos. Otacílio chegou em João Pessoa no dia 7 de julho de 1977 e até sua morte, foi esse um dos períodos mais produtivos de sua extensa carreira profissional, com seis décadas dedicadas à cultura popular brasileira. Devido ao seu importante papel nessa área, Otacílio foi agraciado com os títulos de Cidadão Pessoense e Cidadão Paraibano e detentor de inúmeros prêmios de primeiro lugar em congressos e encontros de cantadores.
O Tributo a Otacílio Batista começou em 2004, um ano depois da morte do poeta. A homenagem é realizada anualmente e tem o propósito de fazer o resgate dos mais de 60 anos que Otacílio dedicou de sua vida à poesia popular. Foi ele um dos maiores responsáveis por difundir as diferentes modalidades do repente pelos quatro cantos do País, levando, ainda, a cantoria de viola para a Europa e países da América do Sul e Central.
Livro – A biografia ‘Otacílio Batista: uma história do repente brasileiro’ vem coroar o Tributo deste ano. Todos os filhos e filhas de Otacílio Batista, que são nove vivos, foram fontes de pesquisa. O livro com mais de 200 páginas e, segundo o próprio autor, Sandino Patriota, “Otacílio, é o poeta de um interregno, de uma transição, de uma viagem cheia de desencontros, idas e voltas e também de conflitos. Do campo para a cidade; da cantoria de pé-de-parede pela bandeja à profissão do cantador que sustenta a família com o cachê; da tradição oral do repente ao registro da poesia escrita, Otacílio viveu e participou dessas rupturas, muitas vezes contra a própria vontade, mas sempre em uma posição de destaque”.
História – Poeta repentista, Otacílio era o mais novo dos três famosos irmãos Batista (Lourival e Dimas Batista) e vem de uma família com mais de 100 repentistas natos. Sua mãe era sobrinha do primeiro cantador do Nordeste, Ugolino do Sabugi. Este era irmão dos poetas Nicandro Nunes da Costa e Agostinho Nunes da Costa Filho. Por sua vez, ambos eram primos, em primeiro grau, dos famosos poetas Francisco das Chagas Batista, Antônio Batista Guedes e Pedro Batista. Depois de dedicar 63 anos de sua vida à cantoria, gravar 11 discos, publicar uma dezena livros, vencer diversos congressos de cantadores e divulgar a cantoria de viola no Brasil e no exterior, “A Voz do Uirapuru silencia para sempre no dia 5 de agosto de 2003. Otacílio morre em própria casa, no Bairro Brisamar, em João Pessoa, faleceu. Ele 79 anos e foi vítima de uma parada cardiorrespiratória.
Otacílio participou pela primeira vez de uma cantoria em 1940, durante uma Festa de Reis, em São José do Egito/PE. Daquele dia em diante, nunca mais abandonou a vida de poeta popular e dedicou mais de 60 anos à arte de improvisar. Seus livros, discos, entrevistas e principalmente suas cantorias servem de inspiração para compositores de todos os estilos. Em homenagem ao inesquecível poeta, todo o mês de agosto, seus filhos organizam o ‘Tributo a Otacílio Batista’. O evento já está no calendário anual de cultura de João Pessoa e foi premiado pelo Ministério da Cultura.
Otacílio participou de cantorias com celebridades como o Cego Aderaldo e conquistou vários festivais de cantadores realizados nos estado de Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo. Umas de suas músicas de sucesso é ‘Mulher Nova, Bonita e Carinhosa Faz o Homem Gemer sem Sentir Dor’, foi gravada pela cantora Amelinha e posteriormente por Zé Ramalho.[ A canção foi incluída como tema do seriado Lampião e Maria Bonita. Otacílio Batista publicou vários livros, das quais destacam-se: ‘Poemas que o Povo Pede’; ‘Rir Até Cair de Costas’; ‘Poema e Canções’; e ‘Antologia Ilustrada dos Cantadores’.[ Otacílio Batista também fez dupla com nomes lendários, a exemplo de Pinto do Monteiro, Dimas Batista, Lourival Batista, Diniz Vitorino, Oliveira de Panelas, Daudethe Bandeira e Pedro Bandeira.
Evento: Tributo a Otacílio Batista
Data: 28 de setembro (quinta-feira)
Hora: 19h
Local: Bessa Grill – João Pessoa/PB
Couvert: R$ 15,00
Programação: música, cantoria e declamação