Nonato Guedes
O governador João Azevêdo (PSB) reuniu aliados políticos, ontem, em João Pessoa, para alinhar as coordenadas do projeto rumo a 2026, com o compromisso prévio de apoio à pré-candidatura do vice-governador Lucas Ribeiro (PP) ao governo, bem como às pré-candidaturas do governador João e do deputado federal Hugo Motta (Republicanos) ao Senado. A questão do nome para a vice-governança ficou em aberto, embora tenha sido lembrado, novamente, o deputado Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa e líder de expressão no cenário local, para preencher o lugar. A ideia que dominou a reunião, de cerca de três horas de duração, foi a de manter a aliança construída em 2022 para 2026, incorporando outras forças políticas aliadas, que poderão ser contempladas à medida que avançarem os entendimentos que serão desencadeados até lá.
Conforme versões de participantes, o encontro foi agendado para discutir estratégias para o futuro, focadas, principalmente, na disputa das duas vagas ao Senado. A tática envolve massificar com antecedência os nomes de João Azevêdo e Hugo Motta a senador, fazendo-se movimento idêntico ao que foi encetado no ano passado pelo então deputado federal Efraim Filho, do União Brasil, que logrou conquistar a única vaga em jogo ao Senado, destronando o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) e a candidata do esquema governista, Pollyanna Dutra (PSB). Essa antecipação leva em conta o fato de que o senador emedebista Veneziano Vital do Rêgo já está em pré-campanha ostensiva à reeleição a uma das vagas, percorrendo municípios de diferentes regiões do Estado e buscando atrair apoios variados para formar um arco de sustentação irresistível do seu projeto. De concreto, a reunião selou o pacto que vai possibilitar a desincompatibilização do atual governador para postular outro mandato. Havia dúvidas sobre isto – e Azevêdo, mesmo admitindo ultimamente pleitear o Senado, vinha pontuando que se tratava de uma aspiração, não de uma decisão compulsória. Os aliados da base avaliam que João será o grande puxador de votos para a chapa majoritária em 2026.
No paralelo, o encontro sacramentou a entronização do Republicanos na chapa majoritária estadual, em sintonia fina com a liderança de João Azevêdo. Em 2022, o partido presidido por Hugo Motta não indicou candidato a vice-governador nem tampouco nome ao Senado, tendo se fixado no apoio à reeleição de Azevêdo e fechado questão pela permanência do deputado Adriano Galdino no comando do Poder Legislativo Estadual, além de assegurar participação em secretarias da segunda gestão do socialista. Essa postura deu ao Republicanos liberdade para compor-se com Efraim Filho, dissidente governista, ao Senado, sem prejuízo do apoio à recondução de João Azevêdo, que acabou aceitando o nome de Lucas Ribeiro, do PP, para companheiro de chapa. No caso de Efraim, tratava-se, para o Republicanos, de garantir a palavra empenhada e essa atitude foi absorvida pelo esquema oficial mesmo sacrificando a posição da candidata Pollyanna Dutra, que foi lançada na undécima hora depois que o deputado federal Aguinaldo Ribeiro optou por disputar a reeleição à Câmara e refugou a cadeira senatorial.
Ressalte-se que, encerrada a eleição e em meio à reconfiguração do cenário político da Paraíba, com a ascensão de outras forças a cargos de destaque, o Republicanos integrou-se mais efetivamente ao esquema comandado por João e ganhou espaços de influência, na perspectiva de ampliar composições, também, com o PSB, que tem o governador como presidente de honra. Compelido a assumir uma pré-candidatura ao Senado, Hugo Motta definiu-se por fazer parceria com João Azevêdo – numa tática para, também, levar o chefe do Executivo a se decidir. Como corolário de toda essa articulação de bastidores, já hoje o governador João Azevêdo e o deputado federal Hugo Motta cumprem agenda pelo interior do Estado, com participação de ministro do governo Lula, iniciando pela cidade de Patos e culminando em Campina Grande. De agora em diante, segundo uma fonte que acompanhou a reunião de ontem na Granja Santana, os movimentos para 2026 irão se intensificar sem prejuízo do engajamento na campanha eleitoral de 2024, que envolve a disputa de prefeituras e vagas em câmaras municipais.
O esquema governista terá participação ativa nas eleições municipais do próximo ano, a partir dos grandes centros como João Pessoa, onde está mantido o apoio à pré-candidatura do prefeito Cícero Lucena (PP) à reeleição, e Campina Grande, onde o PSB presidido pelo secretário de Saúde, Jhony Bezerra, o PP do deputado federal Aguinaldo Ribeiro e o PSD da senadora Daniella, além do Republicanos, presidido pelo deputado federal Murilo Galdino, estão incumbidos de construir uma solução de consenso que seja favorável, dentro da estratégia para derrotar o reinado do prefeito Bruno Cunha Lima, que parte em busca de um novo mandato, reforçado pelo apoio do senador Veneziano Vital do Rêgo. No resumo da ópera, é possível afirmar que o bloco ligado a João Azevêdo promove uma reformulação estratégica com vistas a não se acomodar no protagonismo do processo político estadual, muito menos ser surpreendido por articulações consistentes que começam a ser experimentadas no agrupamento de oposição e cujo objetivo, naturalmente, é desalojar do poder os que nele estão instalados. A reunião de ontem foi um marco histórico para assinalar que 2026 já começou na realidade política da Paraíba.