Nonato Guedes
Atropelado, em 2022, pela movimentação do “clã” Ribeiro (PP-PSD) que acabou emplacando Lucas, filho da senadora Daniella, como vice do governador João Azevêdo no projeto deste de conseguir a reeleição pelo PSB, o deputado Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa do Estado, mantém-se no páreo para compor uma chapa majoritária, agora nas eleições de 2026. O foco continua sendo a vice-governança, uma vez que o esquema oficial já precipitou o lançamento dos dois nomes para o Senado – o do governador João Azevêdo e o do deputado federal Hugo Motta (Republicanos), além de acenar com apoio à pré-candidatura do vice-governador Lucas Ribeiro ao Executivo, reforçada, inclusive, pelo fato de que ele já estará no exercício efetivo da titularidade, diante da desincompatibilização que Azevêdo terá que promover para tornar viável uma disputa ao Senado dentro de três anos.
O deputado Adriano Galdino, filiado ao Republicanos, já provou que é um exímio articulador político em sucessivas reconduções ao comando do Poder Legislativo, onde opera como “sócio da governabilidade” no Estado, criando condições objetivas para que a gestão de Azevêdo não seja prejudicada nas metas que persegue. A relação de entrosamento vem desde o primeiro mandato de João, que muito deve a Adriano Galdino na logística para aprovação de matérias de interesse crucial do governo, por meio da garantia de uma maioria estável no plenário da Casa de Epitácio Pessoa. Não fosse a habilidade de Adriano, algumas matérias polêmicas originárias do Palácio da Redenção não teriam tido tramitação fácil na Assembleia. Essa maioria parlamentar chegou a enfrentar oscilações em certos períodos, mas Galdino agiu com eficácia para que ela não se dispersasse. É evidente que contou com o empenho de líderes oficiais do governo, incumbidos de oferecer a este a tranquilidade indispensável para levar adiante o projeto traçado. Mas o domínio no conhecimento dos bastidores da mecânica legislativa deu a Adriano papel de protagonista na interlocução entre poderes. Ele é reconhecido, igualmente, pela valorização que confere ao colegiado de deputados, independente de siglas partidárias.
No que diz respeito à participação em chapa majoritária estadual, o presidente da ALPB deixa claro que não se trata de obsessão, mas, sim, de pretensão legítima como desdobramento da sua atuação no cenário político da Paraíba. Tendo se projetado na vida pública por méritos próprios e construído uma trajetória pela qual é respeitado, tanto por seus aliados como pelos eventuais adversários, Adriano deu nova dinâmica ao Parlamento Estadual, aproximando-o da sociedade e mergulhando-o no debate de grandes questões nacionais que interessam à região Nordeste e, por óbvio, ao Estado da Paraíba. Ele soube ser inovador e demonstrou preparo e firmeza no comando dos desafios legislativos em momentos conjunturais difíceis, levando a Casa a mostrar produtividade em plena pandemia de covid-19. É um político antenado com as demandas dos segmentos da população, que procura auscultar nas suas viagens por municípios do interior, tornando-se porta-voz assumido desses interesses junto às esferas de poder. Impôs sua autoridade, de forma natural, no desempenho das missões que lhe são atribuídas e tem assegurado a integridade do Poder mesmo em períodos eleitorais, quando os embates ficam à flor da pele e a porfia é mais intensa entre grupos políticos rivais.
Adriano, dizem os mais próximos, tem uma capacidade singular de observação e análise dos fatos que modelam a conjuntura política do Estado e, em virtude dessas qualidades, tem se mantido na crista da onda, participando ativamente das decisões que são tomadas e que em última análise dimensionam o peso da conjuntura local. É disciplinado no respeito à tomada de posições em grupo, mas isto não o impede de manifestar livremente suas opiniões próprias acerca de situações e episódios em jogo, mesmo quando elas divergem de outras teses expostas no condomínio político que integra. A sua altivez como presidente da Assembleia tem sido avaliada como um esteio para a defesa das prerrogativas do Poder que comanda, em relação às quais não faz concessões. Como agente político influente, opina sobre cenários que envolvam disputas na Capital, em Campina Grande ou em quaisquer localidades do mapa estadual, ainda que, por vezes, seus pontos de vista não sejam predominantes no desfecho de questões agitadas. Na campanha de 2022, além de reeleger-se à Assembleia com votação expressiva, costurou com êxito a eleição do irmão, Murilo Galdino, para a Câmara Federal.
O dirigente da Casa de Epitácio Pessoa sabe que o projeto político de longo curso que está em andamento na Paraíba passa pelas eleições municipais de 2024 – e nelas deverá ter participação ativa, pelo seu próprio papel de líder relevante e acatado dentro do Republicanos e pela importância que tem em outros círculos fora da órbita partidária. Partiu dele o grande incentivo para o governador João Azevêdo assumir uma candidatura ao Senado, como têm partido de Adriano alertas sobre riscos de traições ou desalinhamentos nas conjunturas vindouras se não forem pactuados compromissos com antecedência, diante das investidas que adversários do esquema a que pertence começam a ensaiar, tentando tirar proveito de divisões que esses mesmos adversários buscam fomentar ou incentivar. O governador o tem na conta de um aliado autêntico e tem lhe prestigiado na dimensão do seu papel no quadro de poder local. Quanto à sua participação na chapa majoritária de 2026, é, por enquanto, uma expectativa que ele procura tornar realidade, agindo pragmaticamente, como é do seu estilo já assimilado por outros expoentes da cena política paraibana.