A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) apresentou, hoje, o relatório da CPMI do 8 de Janeiro com 1.333 páginas após quase cinco meses de trabalho. O presidente do colegiado, Arthur Maia, do União-BA, deu prazo até 9h de amanhã, 18, para o pedido de vista coletiva e marcou a votação do parecer para o mesmo dia. O documento, segundo Eliziane, é baseado nas oitivas e nas centenas de documentos que chegaram à comissão de inquérito. A relatora pediu o indiciamento de 61 pessoas, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado democrático de direito e golpe de Estado.
Para a relatora, os “golpes modernos à esquerda e à direita não usam tanques, cabos ou soldados. O golpe deve fazer uso controlado da violência. É preciso, sobretudo, que o golpe não pareça golpe”.
– Começam por uma guerra psicológica, à base de mentiras, de campanhas difamatórias, da disseminação do medo, da fabricação do ódio. É tanta repetição, repetição, repetição, potencializada pelas redes sociais, pelo ecossistema digital, que muitos perdem o parâmetro da realidade. O golpe avança pela apropriação dos símbolos nacionais. O golpe continua pela tentativa de captura ideológica das forças de segurança. Por isso, é importante atacar as instituições, descredibilizar o processo eleitoral – afirma a senadora.
Eliziane também pede o indiciamento de integrantes militares do governo Bolsonaro: general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete da Segurança Institucional, general Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
Também estão na lista de indiciamentos nomes próximos a Bolsonaro e que atuaram em órgãos de segurança do governo anterior, como o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, e o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques. Eliziane também sugere o indiciamento da deputada federal Carla Zambelli.
O relatório recomenda ainda a criação do Memorial em Homenagem à Democracia, a ser instalado na parte externa do Senado Federal, reforçando que o Brasil é um Estado democrático de direito e que no dia 8 de janeiro de 2023 a democracia foi atacada. Deputados e senadores da oposição ainda vão apresentar os votos em separado (relatórios paralelos) com foco em suposta omissão do governo federal no dia do ataque, nas prisões de manifestantes e na recusa da acusação do golpe pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.