A bancada feminina da Assembleia Legislativa da Paraíba aproveitou as sessões itinerantes realizadas esta semana em Cajazeiras e Sousa, no Sertão, para chamar a atenção sobre os casos de feminicídio no Estado, vestindo camisetas pretas com a frase “Feminicídio, Basta!”. A ação foi um prolongamento de discursos feitos na tribuna da Casa por algumas parlamentares denunciando a onda de crimes contra as mulheres e cobrando providências enérgicas por parte das autoridades policiais e autoridades da Justiça. As seis deputadas da Casa – Camila Toscano, Cida Ramos, Danielle do Vale, Francisca Motta, Jane Panta e Silvia Benjamin, reforçaram o compromisso na luta pela proteção da mulher paraibana.
“Nós temos que parar isso. Temos que frear essa violência que já levou mais de 25 mulheres paraibanas este ano. E elas são mortas pelos seus companheiros, por quem está do seu lado e que, teoricamente, deveria lhe proteger. Acho que a Assembleia tem um papel fundamental. Nós, mulheres, somos poucas nesta Casa, ainda, mas temos um papel fundamental de chamar a atenção da sociedade e mostrar às mulheres vítimas que elas não estão sozinhas. Chegamos no Sertão, de luto, para abraçar as mulheres as mulheres e mostrar que estamos solidárias. Vamos lutar pela vida das mulheres paraibanas. Não podemos mais aceitar essas mortes”, alertou a deputada Camila Toscano.
O presidente da Assembleia, deputado Adriano Galdino, destacou que a ALPB tem inúmeras ações que objetivam reduzir o número de feminicídios na Paraíba, promover o fortalecimento e a articulação da rede de enfrentamento e atendimento às mulheres em situação de violência, além de garantir e proteger os direitos femininos. “É indispensável que se promovam ações para prevenir o feminicídio. Essa luta que deve ser encampada por todos os deputados, não apenas pelas integrantes da bancada feminina”, ratificou. Para a deputada Jane Panta, a luta contra o feminicídio independe de gênero e classe social, devendo ser assumida por toda a sociedade. “Nós precisamos da ajuda de todos. Em briga de marido e mulher, mete-se a colher, sim. Denuncia, ajuda, estende a mão. Nós precisamos acabar com essa onda. É muito importante que todos entendam que ainda existem comentários mesquinhos como “ele a matou mas porque ela era danada, porque ela saía de casa e não dizia a ele”. Ninguém precisa pagar com a vida por não seguir regras impostas pela sociedade machista. Não é matando que se vai resolver”, reforçou Jane Panta.
A deputada Silvia Benjamin destacou o impacto dessa violência sobre as famílias. “Temos que fazer um trabalho de conscientização com a população, com as mulheres e com os homens, para que esses casos sejam denunciados, tanto de feminicídio quanto de violência doméstica. As deputadas estão unidas nessa luta e contam com a sociedade e também com todas as esferas de poder (Judiciário, Legislativo e Executivo). Todos precisam abraçar essa causa porque a situação está cada vez mais séria e tem impactado a vida de toda a família”, salientou. A deputada Cida Ramos lembrou que presidiu a CPI do Feminicídio, entre 2019 e 2021, ressaltando que, mais do que leis, é imprescindível que elas sejam aplicadas com rigor. “Quando presidi a CPI, entregamos um relatório com 1.200 páginas ao presidente Adriano Galdino com várias informações sobre o assunto e sugestões de ações. Na semana passada, entreguei um plano emergencial de enfrentamento ao feminicídio, para que as leis sejam cumpridas com rigor e prioridade”, destacou.
Presidente da Comissão dos Direitos da Mulher da ALPB, Danielle do Vale frisou a importância de se combater, inclusive, a violência psicológica que, em suas palavras, achata a mulher. “Não adianta dizer que defendo a família, seja homem ou seja mulher, se eu fecho os olhos para a violência doméstica”, emendou. Em fevereiro deste ano, foi sancionada a Lei 12.562, de autoria do presidente Adriano Galdino, instituindo ações de enfrentamento ao feminicídio na Paraíba.