O ex-governador e ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB) tem evitado se envolver na briga entre aliados políticos do “clã” em Campina Grande, sobretudo entre o prefeito Bruno Cunha Lima (PSDB) e o ex-prefeito Romero Rodrigues (Podemos), deputado federal, que não conseguem acertar os ponteiros desde a investidura de Bruno no cargo. O desentendimento se estende a outras figuras do bloco, com manifestação de “decepção” por parte do ex-deputado federal Pedro Cunha Lima quanto a um cumprimento efusivo do deputado estadual Tovar Correia Lima com o governador João Azevêdo (PSB) em recente evento. Pedro chegou a apagar uma postagem em rede social falando nas decepções da política, mas a sua mensagem foi captada.
Em um comentário feito ao blog “Conversa Política”, do “Jornal da Paraíba”, quando abordado sobre divergências e troca de farpas, Cássio Cunha Lima limitou-se a dizer: “São crescidinhos, saberão se entender”. Sabe-se que há pouco tempo o ex-governador tentou operar no circuito, principalmente para conter rusgas entre Romero Rodrigues e Bruno Cunha Lima, mas optou por não avançar nas gestões conciliadoras. Cássio está afastado de maior engajamento político desde a derrota na reeleição ao Senado em 2018, mas não se recusa a participar de eventos importantes, principalmente do seu partido, o PSDB. O papel de liderança está sendo exercido, no grupo, pelo ex-deputado federal Pedro Cunha Lima, que em 2022 projetou-se a nível estadual quando disputou o segundo turno ao governo contra João Azevêdo, saindo vitorioso em redutos importantes da região metropolitana de João Pessoa. O compromisso, em tese, é focado no apoio à reeleição de Bruno Cunha Lima, mas uma força-tarefa luta para evitar que isto provoque ruptura por parte de Romero, com sua integração ao esquema chefiado pelo governador João Azevêdo.
A relação mais tensa, conforme analistas políticos, é mesmo entre Romero e Bruno. O ex-prefeito considera-se desprestigiado pela atual administração e, além do mais, irritou-se com a aproximação estreita entre o sucessor Bruno Cunha Lima e o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), que, inclusive, indicou nomes para a equipe de Bruno. A relação entre o prefeito e o senador tem sido reforçada por emendas destinadas por Veneziano ao município de Campina Grande e por soluções que tem encaminhado junto a gabinetes federais em Brasília para destravar pleitos de interesse da gestão da Rainha da Borborema. Antes disso, no segundo turno da campanha de 2022, Veneziano hipotecou pleno apoio à candidatura de Pedro Cunha Lima contra João Azevêdo, embora mantivesse o apoio, na eleição presidencial, ao petista Luiz Inácio Lula da Silva. Em contrapartida, Veneziano ganhou promessas de apoio à sua candidatura à reeleição em 2026 tanto por parte de Pedro Cunha Lima como de Bruno Cunha Lima.
De sua parte, o esquema do governador João Azevêdo tem deixado claro que está aberto para entendimentos com Romero Rodrigues, mas não dependerá dele para ocupar espaços na sucessão em Campina Grande no próximo ano. Ainda esta semana, o próprio governador lembrou que o PSB tem um nome que está no radar para a disputa – o do secretário de Saúde, Jhony Bezerra, e que há outras opções no esquema, a exemplo da senadora Daniella Ribeiro, presidente estadual do PSD e mãe do vice-governador Lucas Ribeiro (PP). “Quem tem que se decidir é Romero, quanto ao seu futuro”, preveniu João Azevêdo. No esquema do governador, o Republicanos, através dos deputados Adriano Galdino (estadual) e Murilo Galdino (federal) tem insistido com Romero Rodrigues para que se filie à legenda com a condição de ser candidato a prefeito de Campina novamente. Rodrigues exerceu dois mandatos consecutivos, até recentemente, na edilidade municipal, e, segundo versões dadas por Adriano, estaria se sentindo “deslocado” na volta à Câmara Federal. Há outros rumores, indicando que Romero pode acabar se recompondo com seu grupo se lhe for garantido espaço para concorrer ao governo do Estado em 2026. Por enquanto, persiste o clima de “guerra fria” entre expoentes de um mesmo agrupamento na Rainha da Borborema,