Nonato Guedes
O vice-governador da Paraíba, Lucas Ribeiro (PP), que concluiu uma “viagem estratégica à China”, descartou, ontem, qualquer pressão junto ao governador João Azevêdo (PSB) para ser ungido por ele como candidato à sua sucessão em 2026. “Não há ruídos na relação nem pressão de nenhuma espécie. O que há é colaboração, é entendimento”, frisou Lucas, em entrevista ao Sistema Arapuan, lembrando que partiu do próprio chefe do Executivo a iniciativa de antecipar nomes para compor a chapa majoritária daqui a três anos, como os de Ribeiro ao governo, do próprio João e do deputado federal Hugo Motta (Republicanos) ao Senado. Disse acreditar que o gestor tenha agido assim devido a outras articulações de grupos políticos precipitando nomes, o que não quer dizer que falte interesse do esquema governista em relação às eleições municipais do próximo ano. Atribuiu as precipitações a uma peculiaridade da situação paraibana.
Filho da senadora Daniella Ribeiro, do PSD, o vice-governador considera que a parlamentar estará integrada ao projeto da chapa majoritária do esquema de João Azevêdo mesmo tendo que sacrificar uma candidatura legítima à reeleição. Entende que, dentro do agrupamento político chefiado pelo governador, o clima é de harmonia e de busca de preservação do entrosamento. Ele mesmo se coloca no papel de querer contribuir para pacificar conflitos, caso venham a surgir até as distantes eleições de 2026, repetindo postura de diálogo que, conforme ressalta, tem procurado levar à frente como vice do segundo mandato de João. Para ele, as definições sobre a participação do esquema nas eleições à prefeitura de Campina Grande ainda estão em aberto, demandando consultas e análises, mas Lucas não tem dúvidas em cravar que sua mãe, Daniella, será voz ativa, influente, no processo, até pelo respeito à trajetória que ela construiu e que a tornou a primeira senadora eleita na história do Estado, além de presidir, atualmente, a Comissão Mista de Orçamento do Congresso, tendo ainda recentemente cumprido agenda proativa na Paraíba.
Lucas dá a entender que sua jornada na vida pública não está sendo pautada por qualquer imposição, mas por oportunidades em que se encaixa e de onde pode oferecer sua contribuição própria à oxigenação do processo político-administrativo paraibano. Exemplificou que a sua designação pelo governador para liderar a delegação paraibana que esteve na China foi uma demonstração de confiança no seu potencial para dialogar sobre temas relevantes para o Estado. Durante nove dias, a comitiva paraibana, de que participou também o secretário de Saúde, Jhony Bezerra, visitou diversas cidades chinesas, o que permitiu negociações e parcerias, bem como um entendimento mais profundo sobre a infraestrutura farmacêutica da China e a troca de experiências e práticas bem-sucedidas entre os dois territórios. Um dos destaques mencionados pelo vice-governador, no retorno, foi o avanço nas tratativas com uma das empresas para a transferência de tecnologia e a implantação de uma fábrica de produção de insulina na Paraíba. Pelo seu relato, parcerias também foram estabelecidas com outras duas grandes farmacêuticas, produtoras de medicamentos de alta demanda que são de grande relevância tanto para a Paraíba quanto para o Brasil, uma das quais com atuação baseada na área de medicamentos oncológicos.
O vice-governador comemorou o fato de retornar com acordos que têm o potencial de elevar a qualidade da saúde para os paraibanos e que, ao mesmo tempo, possam dinamizar o desenvolvimento estadual. “Nossa meta é que a Paraíba se torne uma referência na oferta de medicamentos de qualidade a preços acessíveis, cuidando, assim, da saúde dos paraibanos e contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do Estado”, salientou. Além disso, Lucas Ribeiro enfatizou que a missão proporcionou a apresentação das competências e do potencial da Paraíba, destacando a posição privilegiada de equilíbrio fiscal do Estado, bem como o compromisso administrativo em oferecer um cenário atrativo para investidores. Ele referendou as palavras do secretário de Saúde, Jhony Bezerra, destacando que a missão constituiu um marco no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) na Paraíba. Jhony Bezerra, a esse respeito, foi enfático: “Ao estabelecer essas parcerias, estamos garantindo uma saúde de qualidade, moderna e acessível para todos os paraibanos. A importância disso não pode ser subestimada, pois estamos falando do bem-estar e da qualidade de vida da nossa população”.
Apesar da juventude, Lucas Ribeiro tem protagonizado saltos espetaculares na conjuntura política paraibana, de que foi exemplo a sua atitude, rompendo com o esquema do prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, de quem era vice, e aceitando o desafio de compor a vice de João Azevêdo na grande batalha que ele travou pela recondução ao cargo nas eleições de 2022, dando combate a um líder político de expressão a partir do Compartimento da Borborema, Pedro Cunha Lima (PSDB). Lucas deixa claro que a decisão de ser candidato ao Senado ou de permanecer no governo até o final é pessoal e intransferível, da parte do socialista João Azevêdo, e que, de sua parte, respeitará o posicionamento, alinhando-se com presteza nos projetos políticos-eleitorais que o agrupamento a que pertence construir para as eleições de 2026. Por outro lado, uma vez chamado ao desafio, não titubeará em atendê-lo. É nessa perspectiva colaboracionista que Lucas envolve a sua passagem pela atual quadra de poder na cena política paraibana.