Nonato Guedes
O deputado estadual Fábio Ramalho, presidente do diretório regional do PSDB, disse, ontem, ter a esperança de conseguir viabilizar o retorno do deputado federal e ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, à legenda, acenando com espaços para uma candidatura sua em 2026 na chapa majoritária, inclusive, ao governo do Estado, se este for o consenso vigente na época. Romero está atualmente filiado ao Podemos, exerce a presidência da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados e, conforme Fábio, está motivado para desenvolver um bom mandato em Brasília, embora tenha seu nome cogitado para voltar a concorrer à prefeitura campinense no próximo ano.
Empenhado, segundo declarou à rádio Arapuan, num processo de fortalecimento do PSDB, com ampliação do número de prefeitos municipais no próximo ano (atualmente o partido conta apenas com 10), Fábio Ramalho também faz gestões para superar divergências entre o deputado Romero Rodrigues e o atual prefeito de Campina, Bruno Cunha Lima, que disputará a reeleição concorrendo pelo União Brasil, ao qual se filiará no dia 17 de dezembro. “Estamos rearticulando o grupo de oposição ao governo estadual na Rainha da Borborema e contamos com quadros expressivos e com a disposição de diálogo por parte de lideranças políticas”, anunciou Fábio Ramalho, que comandou esta semana uma nova rodada de filiação de lideranças do Compartimento da Borborema.
Ele frisou que, no esforço, conta com a solidariedade integral do ex-deputado federal e ex-candidato a governador Pedro Cunha Lima, que lhe passou a presidência do diretório regional do PSDB e atua, presentemente, como conselheiro da Unesco na área da Educação em Estados da região. Mas Fábio não descarta, sequer, um engajamento maior por parte do ex-governador e ex-senador Cássio Cunha Lima, especulando, inclusive, que ele poderá voltar ao cenário político lá na frente. “O meu interesse é o de fomentar um clima de unidade entre forças que se identificam nos objetivos e nas metas para conquista de espaços de poder na realidade paraibana”, comentou.
Ramalho citou como emblemática a votação expressiva alcançada pelo então deputado federal Pedro Cunha Lima no segundo turno das eleições para governador em 2022, dando combate ao governador João Azevêdo (PSB), que, segundo ele, foi fortemente apoiado pela máquina estadual e por máquinas municipais em várias regiões do Estado. Avalia que o resultado obtido nas urnas por Pedro Cunha Lima, além de reconhecimento à sua liderança e às suas qualidades, foi um recado no sentido de que as oposições precisam levar à frente a ocupação de espaços, diante da possibilidade concreta de promover uma alternância no poder no Estado da Paraíba. Para ele, segmentos do eleitorado não escondem seu cansaço com o continuísmo de grupos políticos por mais de uma década no poder estadual e tem interesse em conhecer propostas novas que contribuam para modificar a conjuntura socioeconômica paraibana.
O ex-prefeito Romero Rodrigues chegou a ser cogitado, por duas vezes, para disputar o governo do Estado – a primeira em 2018, quando decidiu permanecer na prefeitura de Campina Grande, lançando a sua mulher, doutora Micheline, como candidata a vice de Lucélio Cartaxo (PV), derrotado por João Azevêdo em primeiro turno. Em 2022, Romero Rodrigues era o candidato natural do “clã” Cunha Lima e aliados para concorrer ao Palácio da Redenção, mas titubeou em meio a rumores de que estaria sendo assediado pelo esquema do governador João Azevêdo para integrar sua chapa à reeleição como vice. Rodrigues acabou optando por desistir da pré-candidatura ao governo, que foi assumida por Pedro Cunha Lima, e candidatou-se a um mandato de deputado federal, em que obteve expressiva votação em todo o Estado. Fábio Ramalho admite que atualmente há sinais de distanciamento entre Romero e Bruno no diálogo pessoal, mas garante que o deputado tem beneficiado Campina Grande com emendas parlamentares. “Acredito que, no tempo oportuno, as divergências serão superadas”, comenta ele.