O prefeito Beto Pagnussatt, da cidade de Toledo, no Paraná, filiado ao Patriota, cancelou um evento musical na cidade por causa de uma letra do cantor e compositor paraibano Chico César, um dos convidados para participar da Virada Cultural do município. A prefeitura alegou motivos técnicos, mas Chico César usou seu perfil no Instagram para denunciar censura.
“Defensora da liberdade (risos), a extrema-direita brasileira aprontou mais uma. Pressionada por ultraconservadores, a prefeitura de Toledo (PR) resolveu cancelar os shows de Chico César, Tulipa Ruiz e Nação Zumbi que seriam realizados na Virada Cultural da cidade, nos dias 8 a 10 de dezembro. Anticultura e limitado intelectualmente, o vereador extremista Marcelo Marques (Patriota) foi responsável por promover ataques contra os artistas simplesmente por eles serem apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, escreveu Chico César. O vereador a que se refere o perfil do artista paraibano foi à tribuna da Câmara Municipal para cumprimentar o prefeito pela decisão.
Ele fez um discurso lendo trechos da letra da música: “Bolsominions são demônios/Que saíram do inferninho/Direto pro culto/Pra brincar de amigo oculto/Como satã num condomínio”. Em 22 de novembro deste ano, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva homenageou Chico César com a Ordem do Rio Branco, o que é apontado como um dos motivos para a decisão do prefeito.
O vereador Marcelo Marques, em seu discurso, também se referiu à música Pedrinho, de Tulipa Ruiz, para sustentar que o show dela deveria ser cancelado, por desafiar o conservadorismo dos habitantes de Toledo: “Pedrinho parece comigo/Mas bem resolvido com sua nudez/Tirou da cartola uma flor/E me presenteou num domingo de Sol/É meu amigo querido/e até dormiu comigo no mesmo lençol”. No segundo turno das eleições de 2022, Jair Bolsonaro teve quase 69% dos votos em Toledo. O Movimento Artístico e Cultural da cidade marcou uma manifestação de protesto para amanhã, às 14h, diante da Câmara Municipal, quando será lido um manifesto contra a decisão da prefeitura. “Não estamos numa ditadura e não aceitaremos censura”, afirmam representantes do Movimento.