Nonato Guedes
O governador João Azevêdo (PSB) quer definir em conjunto com seus aliados políticos de diferentes partidos a estratégia para vencer as eleições municipais de prefeito em 2024 na maioria das regiões da Paraíba. Siglas como o PP, liderado pelo deputado federal Aguinaldo Ribeiro, o PSD da senadora Daniella Ribeiro e o Republicanos, presidido pelo deputado Hugo Motta, terão candidaturas competitivas em grandes e pequenos colégios eleitorais do Estado e esperam contar com o reforço do partido chefiado pelo titular do Executivo para evitar dispersão de forças ou confrontos desgastantes. No reverso da medalha, o PSB tem a expectativa de ser apoiado em cidades onde seus quadros possuem densidade, podendo participar de chapas em outras localidades, indicando nomes a vice. O mapeamento começa a ser feito a partir de janeiro, com o respeito a critérios democráticos ou transparentes.
Segundo interlocutores do governador, ele se empenhará decisivamente nas eleições municipais não apenas como tática para pavimentar projetos pessoais futuros, focados mais precisamente em 2026, quando deverá se desincompatibilizar para concorrer a uma vaga de senador, mas como reflexo do recado das urnas em 2022 cravando a sua própria vitória à reeleição mediante votos de médios e pequenos municípios do território paraibano. O pleito do ano passado, conforme já decifrado por analistas experientes, inverteu a lógica de definição de pleitos apenas nos grandes centros como João Pessoa e Campina Grande, havendo uma distribuição espacial de votos, o que levou João Azevêdo a caracterizar o segundo mandato como municipalista. A coerência com esse parâmetro tem sido assegurada por ações, obras e investimentos, muitos deles executados com recursos próprios do Tesouro Estadual, sem prejuízo das intervenções de caráter estruturante emanadas do governo federal em ambiente de entrosamento com a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Numa declaração feita em Campina Grande, o gestor alertou que não bastam “vaidades” ou “vontades pessoais” de aliados para a definição de candidatura a prefeito, com isto deixando implícito que os postulantes a serem lançados pelo seu esquema precisarão ter legitimidade popular, ou seja, credenciais de conquista de votos num processo de interação ou de empatia com parcelas do eleitorado em diversas cidades. O argumento serve para validar a adoção da “viabilidade eleitoral” como requisito importante na escolha de nomes, acima de outros critérios aleatórios ou subjetivos que possam ser invocados para pressionar a definição de candidaturas. Nem sempre a solução final espelhará consensos e haverá, mesmo, casos em que outros aliados serão preteridos no apoio oficial por nomes da preferência palaciana. A situação de Cajazeiras é apontada como emblemática. Ali, o governador bateu o martelo sobre a candidatura do deputado Chico Mendes (PSB), seu líder na Assembleia, à sucessão municipal, em detrimento de uma postulação que o esquema do prefeito José Aldemir (PP) ainda busca viabilizar.
Em João Pessoa, a opção tomada há bastante tempo, como o próprio governante tem publicizado, é pelo apoio ao projeto de reeleição do prefeito Cícero Lucena, do Progressistas, que empalma uma gestão afinada com o governo do Estado. Nessa hipótese, o PSB de João Azevêdo será novamente sacrificado em prol de uma aliança que é considerada confiável pelo governador, podendo vir a manter a vaga de candidatura a vice-prefeito com o nome do atual ocupante, Léo Bezerra, ou com outro nome que porventura venha a figurar no radar eleitoral para 2024. Já em Campina Grande, o esquema de Azevêdo trabalha com mais de uma alternativa – ora com uma provável postulação da senadora Daniella Ribeiro, do PP, ora com uma pré-candidatura do secretário de Saúde Estadual, Jhony Bezerra, do PSB, ora com o lançamento do ex-prefeito Romero Rodrigues, deputado federal pelo Podemos, que conta com o incentivo ostensivo do Republicanos para dar combate a Bruno Cunha Lima (União Brasil), rompendo laços com um esquema que há muito tempo integra. O governador estimula o prosseguimento de conversas que estão em fase adiantada, confiando em que se chegará a um denominador comum entre os seus apoiadores e líderes que fazem oposição ao atual esquema de poder instalado na prefeitura campinense.
O governador João Azevêdo considera que os casos de lançamento de candidaturas dentro do seu esquema de sustentação devem ser avaliados e equacionados de acordo com as peculiaridades conjunturais de cada município ou região onde desponta a perspectiva de embate. De sua parte, ele promete “entregas” valiosas às populações dos 223 municípios do Estado, independente de coloração partidária. Tem deixado claro que mesmo sem diálogo maior com políticos adversários, respeita os esforços que estes desenvolvem para carrear benefícios para as populações e, sempre que possível, dá o crédito devido a essa ação proativa em benefício das comunidades. O que João Azevêdo não vai aceitar, passivamente, é a exploração desenfreada que supostos “pais de obras” venham a fazer em cima de iniciativas que também contam com o carimbo do governo do Estado, cioso das suas obrigações no atendimento das demandas mais urgentes requeridas pelas populações. Fora daí, os candidatos governistas tentarão dar o tom da campanha, debatendo propostas e soluções, na lógica de que é isto o que interessa, de verdade, ao eleitorado.