Uma matéria da Agência Senado sobre os ataques ás sedes dos Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023, aponta os reflexos provocados pelos acontecimentos na agenda legislativa durante o ano. A recuperação e as consequências dos ataques antidemocráticos fizeram parte da pauta do Legislativo e motivaram a apresentação de projetos, a criação de uma comissão permanente e também de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI).
Um ano depós os ataques, para marcar sua posição em defesa do Estado democrático, representantes dos Três Poderes vão participar, amanhã, de um ato em defesa da democracia. Marcado para as 15h no Salão Negro do Senado, o ato tem a intenção de relembrar o ocorrido para evitar novos episódios semelhantes e mostrar a resposta da democracia. No 8 de Janeiro de 2023, manifestantes invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal para defender um golpe de Estado e protestar contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia tomado posse uma semana antes. Os danos resultantes à invasão incluíram vidros quebrados, obras de arte estragadas, imóveis danificados e até incêndios.
No mesmo dia, senadores que estavam no recesso parlamentar se manifestaram para repudiar os atos de violência e de vandalismo, entendidos como ataques à democracia do Brasil, Líderes partidários pediram a volta dos trabalhos legislativos como um gesto para a população no sentido de que as instituições permaneciam funcionando e que os Três Poderes estavam unidos para defender o regime democrático. “Foi um susto para o mundo inteiro. Foi pior do que o Capitólio (sede do Legislativo nos Estados Unidos), pois o ataque aqui foi contra os Três Poderes”, relembrou o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, PT-BA.
Nos dias seguintes aos atos, os servidores de diferentes setores do Senado começaram o trabalho de levantar os danos e recuperar o que foi danificado. Relatórios da Secretaria de Infraestrutura da Casa aponta que o custo de recuperação das instalações foi de R$ 829.412,28. Esse valor inclui material e mão de obra em serviços como retirada de entulhos e reposição de vidros e outras estruturas danificadas. Entre os principais estragos deixados pelos manifestantes está o carpete azul, que é a marca do Senado e que teve que ser totalmente substituído.
No âmbito do Congresso, uma comissão parlamentar mista de inquérito, instalada em maio, trabalhou durante cinco meses para investigar os fatos que culminaram na invasão das sedes dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Durante esse tempo, a CPMI do 8 de Janeiro fez 22 reuniões, 19 delas dedicadas a ouvir testemunhas. No período, foram apresentados 2.098 requerimentos. A comissão ouviu 21 depoentes, recebeu e analisou milhares de arquivos de texto, vídeo e áudio. O relatório final, da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) foi aprovado em 18 de outubro. No texto, de 1.333 páginas, a senadora diz que os ataques antidemocráticos foram iniciados muito antes da data de concretização. Ela também explicou o funcionamento do “gabinete do ódio” e a instrumentalização das forças de segurança e dedicou vários capítulos aos ataques contra o sistema eleitoral. Na visão da relatora, o 8 de Janeiro ainda não acabou. “As milícias digitais continuam ativas e operantes”, explicou.