Nonato Guedes
Além de apoios incondicionais recebidos por parte de aliados políticos da Paraíba para concorrer ao Senado nas eleições de 2026, o governador João Azevêdo (PSB), frequentemente, é estimulado por figuras do alto escalão federal em Brasília a tentar uma vaga na Casa Alta, com o argumento de que ele tem preparo para o debate dos grandes temas nacionais e representaria à altura não apenas o seu Estado mas a região Nordeste e o país como um todo. A última declaração favorável partiu do ministro Márcio França, do Empreendedorismo, que veio a João Pessoa prestigiar o Salão do Artesanato Paraibano e identificou em João Azevêdo “cacife” para pleitear uma cadeira no Congresso, “diante do seu legado administrativo de repercussão”.
O governador cumpre o seu segundo mandato, já que foi reeleito em 2022 em segundo turno, derrotando o deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB, mas ainda está em estágio probatório na política, uma vez que somente em 2018 concorreu a um mandato eletivo – justamente o de chefe do Executivo estadual. Naquela época tinha o apoio do ex-governador Ricardo Coutinho e venceu no primeiro turno. A disputa de 2022 foi mais renhida, houve desvantagem nos grandes colégios eleitorais como a Grande João Pessoa e o entorno de Campina Grande, mas João Azevêdo sagrou-se, ao final, com os votos preciosos de redutos eleitorais do interior do Estado, onde mobilizaram-se forças-tarefas de correligionários para assegurar o projeto de reeleição. Ele também fez mudanças na chapa majoritária, absorvendo Lucas Ribeiro (PP), ex-vice-prefeito de Campina Grande, como candidato a vice-governador, e cortejou o apoio do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que se materializou no segundo turno, depois que o candidato Veneziano Vital do Rêgo (MDB) empacou no primeiro turno.
Ministros do governo do presidente Lula que visitam a Paraíba ou recebem João Azevêdo em audiência em Brasília procuram motivá-lo a disputar uma vaga no Senado, tal como aconteceu com Flávio Dino, seu ex-colega no governo do Maranhão, que passou pelo Ministério da Justiça, elegeu-se senador e vai assumir em fevereiro uma vaga no Supremo Tribunal Federal. O ministro da Educação, Camilo Santana, ex-governador do Ceará, também exaltou as credenciais políticas de Azevêdo para voos maiores, o mesmo se dando recentemente com Gilberto de Carvalho, interlocutor de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que numa agenda na Paraíba esteve com o governador socialista e fez-lhe elogios. No campo da esquerda, João Azevêdo tem bom trânsito, embora enfrente restrições pontuais, sobretudo de adversários da Paraíba, e ganhou notoriedade com sua ascensão à presidência do Consórcio Nordeste e à condição de membro do Conselho da República que é presidido por Lula.
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, um dos expoentes do PSB, deixou claro que Azevêdo tem todos os méritos para se candidatar e vencer a parada, acrescentando que o partido o apoiará decisivamente na campanha de 2026. O ministro Márcio França foi enfático esta semana: “Dificilmente a Paraíba vai encontrar alguém com tanta competência para governar um Estado. João é um nome de muito sucesso na administração e pode alçar voos ainda maiores, como para a vice-presidência da República, por que não?”. A declaração foi registrada no blog da jornalista Sony Lacerda, lembrando que o propósito de João Azevêdo é mesmo o de disputar uma vaga no Senado Federal.
O governador da Paraíba oscila nas declarações sobre seu futuro político, muitas vezes esquivando-se, em outras assumindo pretensão de candidatar-se e continuar na política. A este colunista, no ano passado, admitiu que a candidatura ao Senado não constituiria, propriamente, “sangria desatada” para seu projeto político. Foi quando insinuou que poderia, também, ser candidato a deputado federal ao invés de concorrer ao Senado. Nos bastidores da política paraibana, a grande polêmica é sobre se o governador se desincompatibiliza do cargo para ser candidato em 2026. Nesse sentido, já fervilha com antecedência a bolsa de apostas, havendo quem aposte alto em uma ou em outra hipótese – quer na permanência no governo até o último dia, quer na renúncia ao governo para concorrer a um mandato eletivo.