Nonato Guedes
Com o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) contido na estratégia da militância política, devido ao trabalho de consultoria desenvolve junto á Unesco na área da Educação, o senador Efraim Filho, presidente do União Brasil, está sendo, naturalmente, catapultado à liderança da oposição na Paraíba e já tem dialogado com líderes políticos de diferentes partidos, situados nesse campo, sobre os embates futuros. A prioridade imediata, é claro, está focada nas alianças ou lançamento de candidaturas próprias a prefeito, em sintonia com as atenções que cercam as eleições municipais – tanto nos maiores colégios eleitorais como nos menores e nos médios. Mas a tática adotada não perde de vista a disputa de 2026, quando estarão em jogo a sucessão do governador João Azevêdo e a renovação de duas cadeiras no Senado Federal. Nesse sentido, a agenda de Efraim é dinâmica e intensa, em relação aos contatos e visitas a municípios para aferir o termômetro das ruas.
Numa entrevista que concedeu à rádio Arapuan, o senador do União Brasil tangenciou sobre a possibilidade de vir a concorrer ao governo do Estado em 2026, repetindo o discurso de que está focado no exercício do mandato senatorial e na entrega de resultados decorrentes da atividade parlamentar. Ele considera que o primeiro ano do seu desempenho como senador foi proveitoso, pelas teses que empalmou e que tiveram repercussão na mídia nacional, a exemplo da proposta de desoneração da folha de pagamento de empresas de 17 setores produtivos. Esse tema acabou sendo uma dor de cabeça para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tentou vetar a desoneração, sendo derrotado na Câmara Federal e no Senado e, depois, por Medida Provisória, empenhou-se para fazer valer a reoneração, recuando, enfim, nas últimas horas, em face da mobilização do Parlamento, como admitiu o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Para Efraim, restou a convicção de ter travado o bom combate, bem como a sensação de ter conquistado uma vitória, valendo lembrar que a desoneração é pauta sua desde o mandato de deputado federal.
O parlamentar destacou-se também no debate sobre a reforma tributária, que acabou sendo aprovada conjuntamente pelas duas Casas do Congresso, sugerindo propostas que, a seu ver, reduzissem a carga tributária escorchante em vigor no país. Em inúmeras manifestações, quer através de discursos, quer em participações nos debates e audiências, o representante paraibano ficou do lado dos contribuintes que já pagam impostos e que são sacrificados, volta e meia, pelo poder público, deixando patente a concepção de que não cabe ao Estado o papel de atrapalhar, mas, sim, de fomentar o empreendedorismo, de ser indutor do processo de desenvolvimento que, em última análise, ocasione empregos e renda na conjuntura nacional. Efraim não apenas foi firme na apresentação de argumentos para basear sua mensagem focada no símbolo “Mais Brasil e menos Brasília” – ele foi convincente e mostrou-se preparado para o confronto acerca de pontos controversos agitados por interlocutores distintos em torno das bandeiras polêmicas. A notoriedade conquistada foi reforçada pela sua posição como líder da bancada do União Brasil, conduzindo-a a uma postura independente nas votações em plenário sem perder de vista o compromisso popular.
No capítulo das eleições municipais de 2024, Efraim Filho fez um movimento importante em Campina Grande, segundo colégio eleitoral do Estado, ao atrair o prefeito Bruno Cunha Lima, candidato à reeleição, para as fileiras do União Brasil. Ultimamente, está empenhado em pacificar o ex-prefeito Romero Rodrigues (Podemos) com Bruno Cunha Lima, acomodando demandas que estão pendentes e que servem como matéria-prima para exploração por parte dos adversários de Bruno, ligados ao esquema do governador João Azevêdo. Em João Pessoa, o União Brasil avalia o terreno para decidir sobre viabilidade de candidatura própria ou, então, de aliança com partidos e pré-candidatos que já estão se anunciando na mídia. O parlamentar chegou a listar pelo menos quatro prováveis pré-candidatos como interlocutores em potencial do União Brasil, aí incluídos o deputado federal Ruy Carneiro e o comunicador Nilvan Ferreira, e não descartou conversar com o atual prefeito Cícero Lucena (PP), candidato à reeleição, somente objetando em relação a este a sua ligação estreita com o governador João Azevêdo, de quem Efraim se distanciou em plena campanha eleitoral de 2022, protagonizando fato de dimensão ao se aliar à candidatura de Pedro Cunha Lima a governador.
O senador do União Brasil movimenta-se na cena política paraibana com habilidade centrada no fortalecimento dos grupos de oposição atento à perspectiva eleitoral de 2026, quando será tentada a revanche nas urnas contra o grupo liderado pelo governador socialista. Ele avalia, no íntimo, que o cenário político paraibano passará por mudanças de impacto, decorrentes da própria posição que vier a ser adotada pelo chefe do Executivo atual, dividido entre apelos para renunciar ao cargo e candidatar-se a uma vaga de senador e as ponderações para refletir de forma a amadurecer um posicionamento, sem ter que, mais tarde, arrepender-se da opção fixada. Pelo que Efraim dá a entender, o cenário que se desenha para 2026 favorece as chances da oposição, diante da dificuldade do esquema oficial de forjar quadros efetivamente competitivos para o Palácio da Redenção lá na frente. Mas, como ele mesmo enfatiza, cada disputa será vivida no seu tempo, adaptada a fatores externos que possam eclodir no meio das tratativas políticas que serão encaminhadas.