Nonato Guedes
O secretário de Saúde do Estado, Jhony Bezerra, que preside o diretório municipal do PSB em Campina Grande, revela-se motivado para entrar no páreo pela prefeitura da Rainha da Borborema nas eleições deste ano, dando combate, sobretudo, ao atual gestor Bruno Cunha Lima, do União Brasil, que tentará a reeleição. Jhony é um dos principais expoentes cogitados no esquema do governador João Azevêdo e tem o discurso de “mudança” na ponta da língua, defendendo a tese de que a maior cidade do interior do Nordeste sofreu processo de estagnação do seu desenvolvimento por parte de gestões que ali têm se sucedido e que a população espera um “choque” inovador que impulsione as demandas de crescimento e recoloque Campina Grande em posição de destaque no cenário regional, beneficiando-se dos acenos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em direção ao Nordeste.
Ele também ressalta como expressivos os investimentos que o governo de João Azevêdo tem carreado para aquela cidade, desde a primeira administração, e que têm se intensificado neste segundo mandato em sintonia com as carências mais urgentes em setores que vão da Saúde Pública à economia e ao incremento de outras atividades. Salientou que possui o domínio da radiografia da problemática local, mercê do conhecimento em torno dos gargalos que atravancam o progresso da cidade e das propostas que idealiza para soluções que, a seu ver, requerem urgência, diante do tempo que foi perdido na promoção das causas que realmente interessam à sociedade. Jhony Bezerra considera que o esquema político liderado pelo governador tem condições de reverter expectativas ligadas à disputa eleitoral este ano e oferecer alternativas para os desafios que aguardam por atenção compatível com o cenário de evolução que possa favorecer um centro de excelência como Campina Grande.
A sucessão do prefeito Bruno Cunha Lima mobiliza o interesse da opinião pública em todo o Estado desde o segundo semestre do ano passado, quando segmentos de oposição começaram a ensaiar uma articulação para impor reviravolta na realidade política-administrativa de Campina Grande. Algumas indefinições também têm contribuído para apimentar as bolsas de apostas, a exemplo da posição enigmática do ex-prefeito Romero Rodrigues, atual deputado federal pelo Podemos, que está distanciado do prefeito Bruno Cunha Lima e é cortejado por grupos oposicionistas para se se somar a eles no enfrentamento à atual gestão. O denominado Fórum de Campina reúne algumas das lideranças oposicionistas, como o deputado estadual Inácio Falcão, do PCdoB, que se coloca também como pré-candidato. Em outra faixa, o bloco da senadora Daniella Ribeiro (PSD), aliada do governador João Azevêdo, propõe o nome da parlamentar como ideal para empalmar a jornada oposicionista rumo ao poder municipal, embora Daniella se mantenha reticente e aparente interesse em candidatar-se à reeleição ao Congresso em 2026.
De um lado, o governador João Azevêdo procura coordenar partidos e agentes políticos que estão identificados com seu comando, firmando a premissa de que precisam manter a unidade como requisito indispensável para o embate com o prefeito Bruno Cunha Lima, que, além de estar à frente da máquina administrativa local, contará com o reforço do ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), que disputou o segundo turno da parada ao governo do Estado em 2022, e com a adesão do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), também ex-candidato a governador e aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já está integrado à atual gestão municipal, facilitando liberação de recursos e encaminhamento de pleitos do interesse de Bruno. A aliança Veneziano-Cunha Lima, saudada como um fato histórico das relações políticas na crônica paraibana nos últimos anos foi um ingrediente a mais que distanciou Romero Rodrigues do grupo de Bruno. O esquema de João Azevêdo já acenou a Romero com participação na chapa encabeçada por Jhony Bezerra, mediante indicação de candidatura a vice, que pode ser a da doutora Micheline, esposa do parlamentar. O esquema de Bruno, por sua vez, tenta abrir canais de reaproximação com Romero, acenando com apoio a uma provável candidatura dele ao governo do Estado em 2026.
As movimentações políticas de bastidores sugerem que no jogo eleitoral de 2024 na Rainha da Borborema estará sendo jogada uma eleição mais decisiva – a que envolve disputa pelo governo do Estado dentro de dois anos. É uma hipótese que ganha vulto com declarações de líderes políticos, sempre condicionando 2026 a 2024 e vice-versa, como se houvesse um prolongamento de disputas, apesar das peculiaridades distintas de cada eleição. São protagonistas nesse processo, em escala maior, além do governador João Azevêdo, do senador Veneziano e do ex-deputado Pedro Cunha Lima, o senador Efraim Filho, do União Brasil, que atraiu Bruno para as fileiras do partido, o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, expoente do Republicanos, que tem “provocado” Romero a romper com Bruno, e o ex-governador Cássio Cunha Lima, mensageiro de apelos para o entendimento e sobre a importância dessa coesão. Todo esse esforço confere ao pleito de Campina Grande este ano uma dimensão igual à da eleição de João Pessoa, onde o prefeito Cícero Lucena (PP), com apoio do governador João Azevêdo, tentará assegurar mais quatro anos de mandato. Os resultados nos dois colégios poderão balizar as disputas futuras, embora o peso de cidades pequenas e médias do interior do Estado tenha se tornado decisivo na conjuntura paraibana desde 2022, quando João Azevêdo se reelegeu por estreita margem de diferença sobre Pedro Cunha Lima.